Escrito ao longo de 2020, Borboletas no repolho é o quarto livro do poeta Vicente Humberto e reúne 131 poemas inéditos. A obra surgiu em meio à pandemia, período marcado pelo confinamento e pela incerteza. Alguns versos nasceram durante a produção do livro, enquanto outros, carregados de urgência, foram escritos até os momentos finais, quase invadindo a gráfica. Cada poema reflete a solidão, a perplexidade e a esperança que marcaram aqueles dias.

Ao longo das páginas, a poesia emerge do esgotamento, do vazio e da dureza da rotina. No entanto, transforma-se em cor, perfume e leveza. Com sensibilidade, Humberto captura pequenas histórias do cotidiano, aquelas que muitas vezes escapam pelas frestas das janelas e dos olhares. Durante o isolamento, a vida desacelerou, permitindo que as pessoas enxergassem, com mais atenção, o universo ao redor.

Fernando Pessoa afirmava que a literatura é uma confissão de que a vida não basta. No entanto, Borboletas no repolho prova o contrário. Cada palavra transborda vida, resistindo ao tempo e ao medo. Neste livro, a poesia não apenas sobrevive, mas voa, como borboletas em um jardim inesperado.

O autor de “Borboletas no repolho”

Créditos | Ambrosia

Natural de Uberaba (MG), Vicente Humberto Lôbo Cruz viveu em diversas cidades ao longo da vida. Morou em Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Ouro Preto. Atualmente, reside em Araxá (MG) e Catalão (GO). Formado em Engenharia de Minas pela UFMG e em Letras pela UFG, estreou na literatura em 1983 com “Folhas Levadas”. Desde então, publicou obras como “Perpendiculares” (1986), “Abacates no Caixote” (2020) e “Caixas de Vazios” (2024).

Além dos livros, Humberto lançou álbuns musicais que transformam seus poemas em canções. Suas músicas estão disponíveis em plataformas como Spotify e Deezer. Para ele, a poesia sempre foi um refúgio e uma forma de compreender o mundo. “A poesia é como um ‘big bang’ interno, algo que explode e precisa ser traduzido em palavras”, define o autor.

Cada livro seu reflete uma fase da vida. “Hoje, com mais de 70 anos, minha escrita traz a maturidade da experiência, mas também carrega as mesmas perguntas de sempre”, reflete. Essa continuidade aparece em sua escrita. Humberto costuma incluir nos poemas de um livro o embrião do próximo.

Com Borboletas no repolho, Vicente Humberto reafirma sua capacidade de transformar o cotidiano em poesia. Seus versos ressoam como ecos de experiências vividas, trazendo beleza ao que parecia banal. Ao longo da obra, ele nos lembra que, mesmo nos momentos mais difíceis, a arte segue sendo um refúgio e uma forma de reencontro com a essência da vida.