Na última quinta-feira (28), chegou a Netflix a mais nova série da franquia Castlevania, Castlevania: Nocturne, e aqui está a nossa análise.

Este novo capítulo de Castlevania, a série consegue encontrar seu ritmo e voz própria com uma história brutal e personagens bastantes complexos, além claro, de manter o legado da sua antecessora. Depois do enorme sucesso da primeira série Castlevania, não demoraria muito para a Netflix iria arrumar uma maneira de esticar um pouco mais este universo. E assim, aconteceu o anúncio de Castlevania: Nocturne, a mais nova série de Castlevania, que tinha uma missão muito complicada. Que era manter o legado da antecessora e o mesmo nível que foi apresentado.

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Quase 300 anos depois, o que mudou?

Análise | Castlevania: Nocturne - Viva a revolução!

Richter Belmont
Reprodução: Netflix

Castlevania: Nocturne acontece durante o ano de 1792, ou seja, quase uns 300 depois das aventuras de Trevor Belmont, Sypha Belnades e Alucard, e tem como protagonista Richter Belmont. Além disso, a série se passa na França durante a época da Revolução Francesa. Onde os vampiros voltaram a se reunir ao comando de uma misteriosa Messias e salvadora de sua raça, a condessa Erzsebet Bathory. Onde o plano deles, junto com o auxílio da igreja, consiste em assassinar a população favorável a revolução e com isso dominar a Europa.

Aqui vamos ao contexto histórico, primeiro ponto é a Revolução Francesa que ocorre entre os anos de 1789 e 1799. Então em Castlevania: Nocturne, a Revolução está ainda no início, no seu terceiro ano, e consistia em uma intensa agitação política e social na França, que teve um impacto na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. O ciclo revolucionário foi o responsável pelo fim dos privilégios da aristocracia e pelo término do Antigo Regime. E a monarquia absolutista que havia governado a nação durante séculos colapsou em apenas três anos.

Nesse cenário, Richter é um dos últimos Belmont, uma família tem como especialidade caçar vampiros por várias gerações, e agora terá que se envolver com diversos personagens, conhecidos e inéditos, para derrotar Bathory. Entre eles estão Maria RenardTera RenardOlrox e Annette.

Contextos históricos em Castlevania: Nocturne

Análise | Castlevania: Nocturne - Viva a revolução!

Capas de "1789: O surgimento da Revolução Francesa" e "A Revolução Francesa", ambos de Georges Lefebvre
Imagem: Editora Paz & Terra/ Editora IBRASA

Claro que a explicação acima, sobre a Revolução Francesa, é apenas um breve resumo, que não arranha a superfície dos acontecimentos deste evento na França. E se quiser saber mais recomendo a leitura dos livros “1789: O surgimento da Revolução Francesa” e “A Revolução Francesa“, ambos de Georges Lefebvre.

Lefebvre foi um historiador francês que ficou conhecido por seus trabalhos históricos e bibliográficos sobre a Revolução Francesa, também é conhecido por inventar o termo “a história de baixo“. Então, se quiser saber mais sobre os fatos da Revolução Francesa, a literatura de Georges Lefebvre será a escolha certa para se aprofundar no tema.

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"A Condessa Sanguinária" de Valentine Penrose e Elizabeth Báthory em retrato
Imagem: Editora Paz & Terra/ Elizabeth Báthory em retrato de autor desconhecido.

E o segundo ponto é sobre a vilã, Erzsebet Bathory, que é a vilã do jogo Castlevania: Bloodlines, porém também tem como base uma figura histórica do nosso mundo. Conhecida como Elizabeth Báthory, a Condessa Sangrenta, viveu entre os séculos 16 e 17 e matou cerca de 650 camponesas, assustando milhares com seus atos. De acordo com as informações levantadas, foi apontado que a condessa atraia jovens entre 10 e 14 anos e virgens, onde as torturava e as matava. Além disso, era dito que ela se banhava no sangue de suas vítimas para manter a juventude.

O livro “A Condessa Sanguinária” de Valentine Penrose, tenta abordar todos os feitos de Bathory, mas devido à falta de documentações existem algumas lacunas. Porém, é uma ótima leitura para conhecer esta personagem.

A história

Análise | Castlevania: Nocturne - Viva a revolução!

Annette
Reprodução: Netflix

De uma maneira bastante livre e poética, a história de Castlevania: Nocturne se inspira nos clássicos jogos Castlevania: Rondo of Blood e Castlevania: Symphony of the Night, mas também tem leve referências de Castlevania: Bloodlines. Apesar disso, a série não segue fielmente os acontecimentos dos jogos, igual a sua antecessora, pois a animação segue seu próprio ritmo e até remodela as personalidades e motivações de alguns personagens.

Um grande exemplo é Orlox, um chefe passageiro de Symphony of the Night, aqui se torna um personagem interessante e peculiar. Ele é um personagem que intriga o espectador, não sabemos se ele realmente acredita na Messias ou se está contra ela, possuindo diversas camadas e se tornando um dos melhores personagens da série. Sendo assim, expandido o personagem e lhe dando uma descendência Asteca.

Agora uma grande mudança, que na minha opinião foi muito acertada, é a Annette. A personagem é praticamente outra em comparação com sua versão do jogo. Em Rondo of Blood, ela é apenas a noiva de Richter, que acabou sendo sequestrada pelo Drácula e sua função no jogo é apenas ser salva. Já na série, Annette ganha um background rico, ligado a escravidão e a religião de matriz africana. Sendo uma feiticeira poderosa que escapou da escravidão que estava sendo imposta por vampiros no Caribe.

Já os outros personagens são quase que a mesma coisa das suas contrapartes nos jogos, mas com algumas mudanças para se encaixar na série. E assim, a inspiração para os personagens é de apenas “pegar emprestado” os nomes e com isso, trabalhar neles durante os episódios. Igual ao que sua antecessora fez, em alguns momentos de suas 4 temporadas.

Pontos positivos

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Richter Belmont
Reprodução: Netflix

O elenco da série é muito diverso e consistente, é muito difícil encontrar um personagem que não chame a sua atenção. Além disso, o ponto forte de Castlevania: Nocturne fica na exploração de diversos arcos narrativos ao mesmo tempo, no qual as histórias se entrelaçam, mas que abordam temas totalmente diferentes.

O roteiro de Clive Bradley (Trapped) é bastante preciso e direto, com um ritmo até que acelerado para o tanto de informações e introduções para serem apresentadas, no pouco tempo disponibilizado, mas que ao mesmo tempo não fica confuso. A dinâmica apresentada dá certo e consegue apresentar os dois lados da história, o de Richter e seus amigos e o dos vampiros.

Além disso, todo o contexto histórico, no qual a história está localizada, ajuda a entender alguns pontos que não fariam muito sentido. Por exemplo, os aristocratas e a igreja aliarem aos vampiros, apenas porque o inimigo deles são os mesmos. E o povo que está cansado dos abusos dos mais poderosos e começaram a se revoltar contra eles. E por fim, ainda mostrar o começo da Revolução Francesa numa mídia popular.

Pontos negativos

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Erzsebet Bathory
Reprodução: Netflix

Apesar dos fortes pontos positivos que a série traz, na questão de pontos negativos, Castlevania: Nocturne traz alguns, mas apenas um é muito gritante. Estamos falando da vilã Erzsebet Bathory, que ao contrário de sua antecessora, não traz uma dualidade que o Drácula tem. No qual até podemos concordar com as suas motivações, em determinados momentos, porém com Bathory não temos isso.

Ao que tudo indica a série quer deixar bem claro essa linha entre o bem e o mal, mostrando que a vilã é odiosa e cruel em todos os sentidos, não deixando nenhum espaço para ambiguidades. Mesmo sendo introduzida de forma gradual e toda a referência mística que ela traz, Bathory só estreia de fato nos episódios finais da temporada. A sensação que fica é que poderia ter explorado mais a personagem e criado algumas camadas nela, porém decidiram a limitar apenas em uma faceta.

Vale a pena?

Análise | Castlevania: Nocturne - Viva a revolução!

Annette, Edouard, Maria e Richter
Reprodução: Netflix

A resposta é sim, vale a pena assistir Castlevania: Nocturne, mesmo que você não tenha assistido a série anterior, irá entender o que ocorre e acontece em Nocturne. Contendo 08 episódios, conseguiu apresentar um tom maduro e que ao mesmo tempo tem espaço para diálogos bem-humorados, graças a Richter e seu tom carismático e bastante sarcástico. E claro, o que não falta são cenas de ação com bastante gore, violência, sangue e vampiros desmembrados para todo o lado.

Porém, será bastante difícil assistir, falar e debater sobre Castlevania: Nocturne sem traçar paralelos e comparações com Castlevania. Existem diversas referências a série original, na trama, além claro de uma ótima surpresa, no final, para os fãs e claro, não daremos spoilers. De certa forma, este spin-off depende da sua antecessora e foi criada para quem já é fã, mas ao mesmo tempo consegue atrair um novo público. Além disso, não dá para sentir diferenças de estilos entre as produções, manter o Powerhouse Animation Studios nessa série ajudou nisso.

Em resumo, entre banhos de sangue, mordidas nos pescoços e muitas tripas, Castlevania: Nocturne conseguiu manter o legado da franquia, com uma história madura e sombria, com personagens complexos e bem diferentes, com uma história brutal. Mas, não deixa de encontrar a sua própria voz e assim, conseguindo, mesmo que aos poucos, se distanciar da série que a originou para poder trilhar seu caminho. E este caminho parece bastante promissor.

Análise | Castlevania: Nocturne - Viva a revolução!

Richter Belmont
Reprodução: Netflix

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