Muito se fala de jogos que quebram a roda ou reinventam a roda. Será mesmo que um jogo precisa reinventar a roda para ter o seu devido valor?
Essa roda metafórica se encontra várias vezes em discussões de vídeo games. Quantas vezes não ouvimos críticas pois um jogo mostrou “mais do mesmo”. Será que a inovação é um atributo inestimável para o entretenimento e aprendizado?
Às vezes uma roda de cor diferente já é o suficiente, às vezes um design diferente para a roda seja tudo que ela precisa e às vezes a história que a roda conta é o que importa (Eiii é minha metáfora, se eu quiser que a roda conte uma história, ela vai contar).
Jogos nos provém de várias coisas como reflexões estimulantes, divertimento, história, estéticas deslumbrantes, nostalgias gostosas, aprendizados, construções e etc. Porém nenhuma delas tem inovação como pré-requisito e é isso que o jogo de hoje vem provar.
Um jogo que continua com a roda
Coromon é um pocket monster ou capsule monster que parece com pokémon, e joga como pokémon, tem uma história com arquétipos parecidos de pokémon e finalmente, tem batalhas parecidas com pokemon.
Diferente que outros jogos de Pocket Monster como Persona que têm narrativas adultas e sociais, ou Temtem com seu elemento MMO, Coromon não tenta se distanciar de Pokémon, inclusive faz o verdadeiro oposto e se aproxima ainda mais.
E tá tudo bem.
O mundo tem espaço para mais um pokémon que põe uma roupa diferente. Claro; o jogo produziu suas particularidades próprias que irei descrevê-las em breve. Mas primeiro vamos as formalidades:
Coromon é um RPG pocket Monster de aventura 2D top down view de turno, estilo gráfico pixel art desenvolvido pela TRAGsoft e publicado pela Freedom Games a ser lançado em 2022.
E que comece pokee- digo Coromon
Antes de começar um pequeno aviso. Não, eu não tô falando de Pokémon.
Um dia nossa querida mãe nos acorda para nosso primeiro dia como pesquisador de batalha para a empresa Lux Solis, isso é um emprego aparentemente . Ao sairmos de casa somos guiados para um campus/laboratório estranhamente mais High Tech que toda a cidade, lá recebemos nossa manopla e temos que escolher entre 3 coromons iniciais.
Um cientista de nome desimportante para essa análise nos manda em uma missão para encontrar a essência de 6 Titãns. Ninguém sabe o que elas fazem e por isso é papel de uma força tarefa (nós) encontrá-las, capturá-las e levá-las de volta ao laboratório .
Somos liberados em um mundo cheio de coromons que sem nenhuma relação com nenhum outro jogo, só podem ser encontrados na grama alta.
Tirando alguns elementos específicos como emprego e Titãs é bem parecido com pokémon não é mesmo?
Bem, o combate também segue as mesmas regras. Os turnos acontecem por ordem de velocidade do coromon, eles são um contra um, salvo algumas exceções com coromons selvagens. Em seguida o treina… digo pesquisador escolhe entre quatro habilidades que podem ser ataque, buff, nerf dentre outros efeitos Os Coromons tem até 2 elementos e assim sabemos as forças e fraquezas, nossas e do nosso inimigo.
Bonito sem tentar…
Um estilo que nunca sai de moda é o pixel art. Ele ativa a nostalgia de outras eras, mas em coromon eles fazem uma poesia aos clássicos. Ao mesmo tempo que é detalhado, vibrante e cheio de cores, usa efeitos especiais mais sofisticados mantendo o charme do game boy color em uma perspectiva moderna que expõe como os hardwares excederam o limite da imaginação.
Os pixels bem polidos não são toda a extensão da beleza em Coromon, a música é encantadora e segue o humor do ambiente naquele momento, como efeitos sonoros animadores e bem colocados.
Igual, mas nem tanto
Existe muita coisa que diferencia nosso Coromon do outro jogo que está em sua mente. No jogo nós usamos os nossos bichinhos através de uma manopla. Embora pareça só um detalhe, ela tem a capacidade de equipar chips especiais que nos dão habilidades úteis, como peidar na grama para afastar coromons selvagens (sim fizeram uma manopla de peido automático), um propulsor que empurra objetos pesados e muitos outros que interagem como um quebra-cabeça na exploração.
Todo coromon tem três raridades diferentes, normal, potente e perfeito. Elas influenciam em mais que a aparência do coromon, também influenciam a sua capacidade de habilidade. Os coromons também têm uma habilidade única passiva e duas barras de experiência diferentes. Enquanto uma barra funciona da maneira que estamos acostumados a um RPG, a outra funciona como pontos extras nos atributos que podem ser escolhidos pelo jogador, algo que deixa o jogo completamente único.
O jogo tem side quests, que infelizmente parecem fillers desnecessários que vão deixar os complecionistas loucos e um sistema interno de achievements que dão recompensas a cada nível bem simples, porém podemos teleportar entre pontos principais.
Os coromons podem segurar itens que os dão bônus como upar mais rápidos, resistência a algum elemento, dentre outros. Essa mecânica é outra iniciativa que cria uma exclusividade para cada coromon.
Mas e aí? é Pokémon?
Quando joguei o jogo, nos primeiros minutos, tá, primeiras horas, o jogo se mostrou como uma cópia descarada de pokémon. Um usuário da Nintendo se sentiria traído e enganado. Porém, enquanto continuava jogando, uma coisa clicou.
Nenhuma roda foi quebrada, pois nenhuma roda precisava ser quebrada. Ele se diferencia dentro de sua igualdade, a história me deixou muito mais investido no jogo que normalmente uma história de pokémon. Em todo momento tinha interação significativa com NPCs que revelaram um mistério o qual eu ainda estou muito interessado em descobrir.
O universo é imersivo em seu ambiente e por isso a exploração é muito proveitosa, talvez fosse bom diminuir o random encounter, porém, existe um item que afasta todos os coromons selvagens por 3 minutos.
Independente da posição, é uma nova velha roda bonita que merece ser jogada, ou rodada, ou qualquer coisa que faça essa metáfora ficar linda e profunda em sua mente, cansei de tentar ser profundo e escrever metáforas, mas não cansei de Coromon.