Na última quinta-feira (25) chegou a Netflix a primeira parte da segunda temporada da animação Mestres do Universo, Mestres do Universo: A Revolução. A animação tem como missão dar continuidade a história mostrada em Mestres do Universo: Salvando Eternia, será que ela conseguiu se manter no mesmo nível. Bom, é o que a nossa análise vai tentar responder.

A segunda temporada de Mestres do Universo finalmente chegou a Netflix e agora conta com um novo subtítulo, Mestres do Universo: A Revolução. Nessa nova temporada acompanharemos as novas aventuras de He-Man e seus companheiros contra as ameaças da Horda e Hordak.

He-Man e Gorpo
Imagem: Netflix

Ao mesmo tempo em que tenta manter algo nostálgico e atrativo aos antigos fãs da franquia, Kevin Smith também expande e canoniza diversas teorias que corriam em volta deste universo. Aqui vemos, novamente, o quão nerd deste universo é Smith, ele lembra de cada ponto já trabalhado na franquia de He-Man e os coloca em prática nesta nova temporada. Umas das teorias mais famosa deste universo era sobre a mãe de Teela, que por vários anos teorizando sobre o relacionamento amoroso de Mentor e a Feiticeira, finalmente canonizaram nesta série.

Além disso, essa nova temporada foca mais no passado do grande vilão de He-Man, o Esqueleto, outra teoria canonizada após diversos anos de franquia. E claro, não podemos nos esquecer o grande dilema de Adam na temporada, sobre continuar sendo o campeão de Eternia ou ser um rei para o seu povo. Bom, agora que já demos uma breve explicação, vamos agora dando a nossa análise de Mestres do Universo: A Revolução.

A trama: O início da revolução

Esqueleto

Esqueletek
Imagem: Netflix

A trama de Mestres do Universo: A Revolução acontece alguns meses após os eventos da temporada anterior, Mestres do Universo: Salvando Eternia (Masters of the Universe: Revelation). Aqui vemos o retorno de He-Man, como um dos focos principais da série, junto com Teela em sua nova função como a Feiticeira de Etérnia. Assim, de início somos pegos com o primeiro impacto da série, O Rei Randor está doente e morrendo. E essa descoberta ocorre logo depois de uma missão, onde os Mestres do Universo salvam as almas de seus companheiros, Clamp Champ e Fisto, de Subternia, o domínio de Fulgor.

Neste momento percebemos que Duncan, antigo Mentor, ainda consegue manter segredos. Já que ele e a Rainha Marlena, mãe de Adam, eram os únicos que sabiam da doença do Rei e por pedido dele, não contaram a ninguém. Sendo assim, ele realiza seu último desejo, que é estar em uma aventura com seu filho. A partir deste momento a série se divide em dois plots, um focado em Adam e seus dilemas sobre assumir ou não a coroa do reino. E o outro, focado em Teela e sua missão de reconstruir Pretérnia, para que as almas dos guerreiros possam descansar. Já que, na temporada anterior, o local foi destruído por Maligna e resulta numa breve aliança entre os arqui-inimigos, Esqueleto e Adam.

Ao mesmo tempo, em que acompanhamos os dilemas de Adam sobre ser rei e abandonar o manto de He-Man, surge Keldor, o meio-irmão de Randor. Ele tinha simulado sua morte, para que seu irmão pudesse reinar em paz. Seu lar havia sido destruído pelas forças de Hordak e assim, viu a oportunidade de se autodescobrir. O mesmo retorna para se despedir do irmão, já que o amava muito. Ao mesmo tempo em que todos esses plots ocorrem, Hordak, a Placa-Mãe e o Esqueleto, ou como foi rebatizado Esqueletek, colocam os seus planos em prática, para dominar Etérnia.

Referências e canonizações

Teela, Duncan, Rainha Marlena, He-Man e Andra, a nova Mentora.
Imagem: Netflix

O tangenciamento narrativo não é um problema grave, uma vez que há uma convergência parcial ao final. No entanto, Kevin Smith utiliza as duas histórias como pretexto para inserir vislumbres de personagens antigos e novos nos episódios. Com o intuito de promover produtos e referenciar a animação original dos anos 80. Isso inclui a presença de Hordak, as menções à She-Ra e a inclusão de Gwildor. O personagem introduzido no longa-metragem live-action de 1987 e oficialmente incorporado ao cânone da série.

Embora esses elementos sejam válidos, a abundância de conteúdo em relação ao tempo disponível resulta em uma história fragmentada, alternando entre momentos de ação e irrelevância. Além disso, em certos momentos, a narrativa trai o tom estabelecido por Smith, apresentando um enredo menos maduro do que a série original. Isso é evidente na forma como He-Man e outros personagens de Eternos aceitam prontamente as artimanhas de Keldor para se tornar rei. Bem como nas transformações finais, que apresentam uma estética e referências à Sailor Moon.

Heróis de Eternos
Imagem: Netflix

Por outro lado, Mestres do Universo: A Revolução apresenta momentos genuinamente positivos. A morte repentina do Rei Randor é habilmente executada, proporcionando peso dramático à narrativa. O uso de Gwildor também se encaixa logicamente na temática central do conflito entre tecnologia e magia. Além disso, a dinâmica de confronto e subsequente aliança psicológica entre Keldor e Esqueletek é um recurso narrativo bem desenvolvido. Claro que poderia ter sido explorado com mais profundidade, especialmente para dar mais tempo ao Keldor, de Shatner manipulando seu alter-ego interpretado por Hamill. A batalha entre Esqueletek e Hordak é eficaz, embora seu desfecho apressado pareça muito fácil. Um reflexo do excesso de material presente na primeira parte, que poderia ter sido dividido em duas partes distintas ou a adição de mais episódios.

Por fim, a extensa batalha que encerra a Mestres do Universo: A RevoluçãoParte 1 merece destaque, oferecendo espaço para todos os personagens, inclusive os extras notáveis, embora silenciosos, que justificam a comercialização de figuras de ação, a essência da criação de Lou Scheimer, algo importante a ressaltar.

Vale a pena?: A batalha pela Revolução

He-Man
Imagem: Netflix

Respondendo a pergunta, se você acompanhou a temporada anterior ou é um grande fã da franquia, vale a pena assistir essa nova temporada. Mestres do Universo: A Revolução apresenta uma narrativa ambiciosa, porém apressada, que poderia se beneficiar de mais episódios ou de roteiros menos densos em referências. Apesar disso, a série mantém-se como uma atualização bem-vinda do material original oitentista, enquanto resolve as inconsistências narrativas deixadas por sua criação. A inclusão de Despara, o alter-ego maligno de She-Ra e irmã do Príncipe Adam promete ser um ponto interessante, sujeito ao desenvolvimento futuro. Aguardamos para ver como Kevin Smith irá conduzir essa trama.