Análise | Ohsama Sentai King-Ohger: O início de uma nova era

A 47ª série Super Sentai, Ohsama Sentai King-Ohger, chegou ao fim nesse domingo. Após 50 episódios será que a série conseguiu ter um saldo positivo com os fãs, bom vamos tentar responder essa dúvida. Fique com a nossa análise de Ohsama Sentai King-Ohger.

Ohsama Sentai King-Ohger se tornou a primeira série Super Sentai da nova era desta franquia, até então todas as séries eram produzidas com a intenção de se tornarem Power Rangers, no futuro. Porém, desde que a Hasbro assumiu a frente da franquia Power Rangers e anunciou que estaria fazendo séries originais, sem utilizar como base Super Sentai, surgiu a questão: “Será esse o fim dos Super Sentai?“.

Bom, King-Ohger tinha a missão de revitalizar e renovar os ares da franquia, algo que já havia se iniciado em Kikai Sentai Zenkaiger e em Avataro Sentai Donbrothers. Mas, com diferencial de ser algo totalmente novo e atraente para uma nova geração. E isso, notamos na equipe que produziu a série e os roteiros que seguiu ao longo dos 50 episódios, sendo o roteiro um dos pontos mais acertados de King-Ohger. Dada essa breve introdução, fique agora com a nossa análise de Ohsama Sentai King-Ohger. E se você ainda não viu ou terminou a série, cuidado haverá alguns spoilers.

1º Ato: A história

Talvez esse seja o ponto mais alto dessa série Super Sentai, tudo está tão bem conectado que dificilmente percebemos a existência de episódios fillers. Assim, vendo que a história de King-Ohger consegue ser sua grande cartada, fica fácil trabalhar com os pontos fracos que apareceriam ao decorrer dos episódios. Então, tendo isso em mente os roteiristas e produtores apostaram em algo totalmente novo para a franquia, o time skip, e assim dividindo ela em duas partes. Time skip, para aqueles não familiarizados, é quando uma série decide dar um intervalo nos acontecimentos atuais e avançar no tempo, mostrando assim o futuro daquele universo. E King-Ohger não faz isso apenas uma vez, mas consegue realizar tal evento duas vezes, mostrando que talvez isso sempre estivesse planejado.

A história inicial de Ohsama Sentai King-Ohger mostra a Terra dividida em 05 reinos, sendo eles: Shugoddam, N’Kosopa, Ishabana, Gokkan e Toufu. Todos eles vivem em uma tensão de guerra e rivalidade entre eles, não permitindo que seus moradores visitem os outros reinos. Tudo isso, passa a piorar quando os Bugnarak retornam e passam a atacar os reinos. Além disso, o rei de Sugoddam, Rcules Husty, parece não se importar muito com o ataque ao seu reino. Desejando apenas, ser o governante supremo de todos os reinos.

Aqui, surge Gira e vendo que seu rei abandonou o povo, decide que ele mesmo irá impedir o ataque dos Bugnarak. E para a surpresa de todos no local, Gira consegue se tornar o Kuwagata Ohger, visto que até aquele momento havia sido revelado que apenas os reis poderiam se tornar King-Ohger. Outro fato descoberto neste momento, é que Gira consegue se comunicar com os Shugod e a partir desta descoberta, os outros reis querem capturá-lo, para usar como vantagem contra Shugoddam. Outro ponto que essa parte inicial trabalha, é o mistério sobre quem é Gira e qual a sua ligação com os reis de Shugoddam. E assim, tudo isso, se resume aos primeiros 25 episódios da série.

Já na segunda parte da série, que fica entre os episódios 26 e 50, vemos o avanço de 02 anos no futuro. E agora, os reinos passaram a ser 06, já que o Spider Kumonos, o sexto membro dos King-Ohger, se tornou o rei dos Bugnarak, já que o mesmo é meio humano e meio Bugnarak. Sendo assim, com uma era de paz alcançada, após a derrota de Rcules, não demoraria muito para um novo inimigo surgir. E aqui, aparece talvez um dos maiores e mais interessantes vilões de Super Sentai, o Rei Cosmoinsento Dagded Dujardin.

A segunda parte de Ohsama Sentai King-Ohger, tende a trabalhar com os verdadeiros mistérios do universo da série. E ao mesmo tempo amarra a série com outro Super Sentai, que estava completando 10 anos em 2023, Zyuden Sentai Kyoryuger. Quando Kyoryuger acabou em 2014, o Kyoryu Red/Daigo Kiryu avisou que um mal maio estava vindo a Terra. E em King-Ohger, descobrimos que os ancestrais dos Kyoryuger conseguiram escapar da Terra e se alojaram em outro planeta, o batizando de Terra. Sendo assim, a história de King-Ohger consegue ser algo original e ao mesmo tempo homenagear, seguindo em paralelo com o material da franquia.

2º Ato: Os personagens

Os personagens são outro ponto interessante, já mesmo sendo uma série em que cada se foca no seu próprio reino, com certeza haveria o problema de alguém ser escanteado. Porém, mesmo com isso ocorrendo em alguns momentos, a série mostrou isso como um recurso narrativo. E assim, mostrando que mesmo quando tal personagem não era foco, ou não participava da ação, ou episódio, ele estava fazendo algo a mais e que logo depois, seria acrescentado na trama. A série soube trabalhar com este problema que a franquia tem há quase 50 anos. Agora falaremos de cada personagem individualmente e como eles mudaram desde o primeiro até o último episódio:

Kuwagata Ohger/Gira Husty

O Ranger Vermelho do grupo e também o personagem mais diferente da série. Diferente do seu antecessor, Taro Momoi, Gira é jogado no meio do confronto entre humanos e Bugnarak, por conta do desprezo de Rcules com o seu povo. Assim, Gira não vê outra opção a não ser se tornar um Rei Demoníaco que irá conquistar tudo. E com essa fachada ele embarca em uma jornada para salvar seu reino e os outros reinos. Ao decorrer da história descobrimos a verdade sobre sobre Gira, no qual ele é o irmão mais novo de Rcules e que foi abandonado em um orfanato pelo irmão.

Mesmo com a série dando um foco maior a Gira, o próprio personagem se desviava deste foco e jogava atenção para quem precisava ser a peça central. Em diversos momentos vemos os outros King-Ohger assumindo a frente, quando Gira parecia ser o foco. Mas, o personagem realmente cresce a partir da segunda metade da série, onde vemos ele como um rei e preocupado com seu povo. Além disso, é nessa parte que temos a revelação sobre quem é Gira de verdade.

Em resumo, Gira Husty é um personagem interessante e carismático, com certeza será um dos Rangers Vermelhos eternizado na franquia.

Tombo Ohger/Yanma Gast

Um personagem um tanto complicado no começo, passando um ar de sabe tudo e que os outros são muito burros perto dele. Mas, que ao decorrer dos episódios vai se mostrando que Yanma é uma boa pessoa e que acima de tudo, não concorda com os meios que Rcules governa e quer governar a Terra. Assim, ele é o primeiro personagem a ver Gira como um verdadeiro rei e aliado.

O personagem tem um destaque maior que os outros King-Ohger, devido ele ser aquele quem despertou os Shugods de seu sono milenar. Então, de quase todos os personagens, ele é o que tem um maior conhecimento sobre o funcionamento dos robôs gigantes. Após o time skip, o personagem mantém a personalidade de sabichão, mas está mais adepto a aceitar e fornecer ajuda. Yanma Gast conseguiu ser um excelente Ranger Azul e um personagem, que dê certa forma, ganha espaço para materiais próprios no futuro.

Kamakiri Ohger/Hymeno Ran

A personagem causou uma certa estranheza de início, por conta sua personalidade egoísta e mimada. Porém, isso condiz com o passado da personagem, que perdeu os pais muito nova. E por conta disso, o reino querendo que ela se sentisse bem, faziam e realizavam todos os seus desejos. Assim, a personagem cresceu com essa personalidade e isso não é um problema, já que isso não a impede de ser uma ótima governante para o seu reino.

Hymeno Ran tem um crescimento com personagem incrível e isso podemos notar quando vemos os episódios iniciais com os finais. Quando a série vira na sua nova parte, a personagem passa por um excelente arco de personagem e finalmente consegue a vingança que tanto desejava para os seus pais. Ela com certeza é uma das queridinhas dos fãs e teve um arco de personagem memorável.

Papillon Ohger/Rita Kaniska

A personagem mais complexa desde o anúncio e surgiam dúvidas sobre o gênero da personagem. Inicialmente, era dito que era uma rainha, mas ao decorrer da série assumia o título de rei. Mas, ao fim da série o produtor revelou que Rita é gênero neutro e por conta disso, o primeiro personagem com este gênero na franquia. Apesar disso, a personagem não tem muito destaque individual e sempre tinha que estar junto a outro King-Ohger.

Porém, a partir da segunda parte da série, a personagem tem mais liberdade e confiança para agir sozinha sem o auxílio dos outros. A evolução de Rita não é grandiosa e tão jogada na cara, quanto dos outros personagens, mas, é uma das que mais mudou ao decorrer da série. Rita Kaniska se mantém a sua convicção de justiça inabalável e ao mesmo tempo consegue fortalecer seus laços de amizades com os outros King-Ohger.

Hachi Ohger/Kaguragi Dybowski

Kaguragi é um personagem peculiar, ele é realmente tudo aquilo que as informações iniciais divulgaram dele. Canastrão e disposto a se sujar pelo bem de seu povo. Então, sempre possível a série o colocava entre o bem-estar com seus companheiros e o do seu povo. O personagem sempre que enxergava a oportunidade, apostava tudo no lado mais forte pelo bem do seu reino.

Na segunda parte da série, ele parece ter mantido a mesma personalidade e não evoluiu. Porém, perto dos episódios finais vemos que o personagem evoluiu demais. Ao descobrimos que ele sempre soube da verdade, contada por Rcules e se manteve fiel ao plano final do personagem, mostra o quanto ele mudou. Até mesmo, no diálogo com sua irmã sobre como ela pode ser feliz, mostra sua evolução.

Spider Kumonos/Jeramie Brasieri

Jeramie foi uma grata surpresa, fugindo do batido membro extra que é dourado ou prateado, isso quando não é os dois ao mesmo tempo. O personagem também o narrador da história e explica a verdadeira história entre a guerra de 2000 anos atrás. Além disso, por ser meio humano e meio Bugnarak, ele é o elo entre os dois mundos e quer a paz entre eles.

Após o time skip, o personagem passa por um incrível arco de personagem e ao mesmo tempo auxilia no arco de Hymeno, para derrotar aquele que matou seus pais. Jeramie, com certeza foi um dos melhores personagens de King-Ohger, sua presença marcava todos os episódios em que participava e certamente, agradou os fãs.

Ohkuwagata Ohger/Rcules Husty

E por fim, o melhor personagem de toda série e sim, é difícil acreditar nessa afirmação, porém é verdade. Rcules começou a série como um vilão e logo depois é derrotado pelos King-Ohger, retorna como um capacho de Dagded, para que assim possa realmente realizar seu verdadeiro plano. O personagem revelou a verdade sobre o que acontecia no planeta e a história dos reis, no qual se deixou virar vilão, para encontrar uma chance de derrotar Dagded.

Rcules conseguiu ser algo completamente diferente do que se esperava e sendo uma incrível surpresa para quem acompanhou. A história do personagem chega a ser uma das mais complexas e incríveis na franquia. O personagem conseguiu enganar os espectadores e as pessoas da série, a ponto de existir a possibilidade de ele ser o verdadeiro vilão.

Para resumir, Rcules definitivamente é um personagem que realmente mudou a franquia e assim, criando uma referência para o futuro. O personagem certamente ficou marcado e renderá bastantes participações futuras.

3º Ato: O início de uma nova era

Ohsama Sentai King-Ohger é o início da nova era da franquia Super Sentai e com isso, surgiu uma nova aposta para fazer as séries. Sem as amarras para uma futura adaptação para Power Rangers, os roteiristas viram a oportunidade de apostar em novidades que podiam acontecer antes. Os roteiristas resolveram apostar em uma história complexa com personagens tão complexos quanto. As apostas foram tão altas e assim, conseguiram fazer algo, até então inédito, um crossover com uma equipe antiga da franquia.

A série conseguiu entregar um excelente enredo e trama coesa, que de começo ao fim entrega tudo o que prometeu. Apesar de alguns problemas aqui e ali, o resultado final é algo totalmente agradável e incrível. Os personagens secundários enriquecem a trama e auxiliam os protagonistas de uma maneira que nunca foi vista na franquia. Acontece de maneira orgânica e racional, que duvidamos que os roteiros foram feitos em pouco tempo. King-Ohger é uma grata surpresa para a franquia e com certeza será uma equipe que ficará na memória daqueles que acompanharam e dos que não acompanharam.

Ato final: Vale a pena?

Respondendo à pergunta: sim, vale a pena assistir Ohsama Sentai King-Ohger. A série possui uma produção praticamente impecável e um roteiro quase perfeito, entregando uma das melhores séries Super Sentai dos últimos tempos. Os personagens são muito bons, carismáticos e acima de tudo, entregaram tudo o que os personagens precisavam.

Se você está procurando uma série com aventura, emoção e personagens cativantes, Ohsama Sentai King-Ohger é o que você está procurando. Tudo parecia contra a nova série, de certo modo, era uma aposta muito alta e qualquer erro poderia custar muito caro. A equipe de produção acreditou no projeto e se dedicou em tudo que podia para entregar um dos melhores projetos que a franquia Super Sentai já criou. Ohsama Sentai King-Ohger é sombra de dúvidas uma das melhores séries Super Sentai e com certeza merece ser assistido por todos em algum momento.