O GeekPop News agora passa a homenagear um escritor a cada mês. E para começar essa série, ninguém melhor do que um escritor incompreendido em sua época, mas considerado um dos principais nomes da literatura brasileira. Lima Barreto é o principal escritor do pré-modernismo brasileiro. Durante sua carreira como jornalista e escritor, publicou não apenas romances e crônicas, mas também diários e sátiras. 

Mas talvez o mais surpreendente em Lima Barreto, seja como ele continua atual. Não é apenas uma questão de prever o que aconteceria em um futuro, mas compreender os problemas sociais de uma maneira que torna toda a sua produção atual. Saiba mais sobre a vida de Lima Barreto e porque ele é atemporal.

Biografia

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881 no Rio de Janeiro. Descendente de escravos, era negro e de família pobre. Sua avó materna, Geraldina Leocádia da Conceição, foi uma escrava alforriada. Sua mãe era professora primária e morreu de tuberculose quando Lima Barreto tinha apenas 6 anos. Seu pai era tipógrafo, porém sofria de uma doença mental. 

Pela sua origem, Lima Barreto foi uma vítima de exclusão social, inclusive no meio acadêmico. Estudou no Colégio Pedro II e na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Essa educação, em duas instituições de renome, só foi possível graças ao Visconde de Ouro Preto, que era padrinho do escritor. O primeiro registro de trabalho literário do escritor vem de 1905, quando ele se tornou jornalista do Correio da Manhã.

Em 1909, o seu primeiro romance, “Recordações do escrivão Isaías Caminha” foi editado em Portugal. Em 1911, aconteceu a primeira publicação de “Triste fim de Policarpo Quaresma” no Jornal do Comércio. No ano de 1914, Lima Barreto recebeu o diagnóstico de neurastenia e alcoolismo. A neurastenia, que se manifestou como uma forma de depressão, foi agravada pelo seu vício em álcool.

Internado no Hospital Nacional dos Alienados, para onde voltaria mais uma vez entre os anos de 1919 e 1920. Essas passagens pelo Hospital foram inspirações para duas obras muito importantes do autor: “Diários do Hospício” e “Cemitério dos Vivos”, ambos com publicação póstuma, como, aliás,foi a maioria do trabalho do escritor. Com a saúde debilitada devido ao alcoolismo, Lima Barreto morreu em 1° de novembro de 1922, aos 41 anos, vítima de um ataque cardíaco.

Um olhar crítico e atemporal sobre o Brasil

Créditos: Editora Malé | Goodreads

Além de “Triste fim de Policarpo Quaresma”, “Clara dos Anjos” (1948) e “Vida Urbana” (1956), são apenas alguns dos exemplos das obras de Lima Barreto. O escritor fez críticas sociais e políticas, falando não apenas sobre racismo e desigualdade, mas também sobre nacionalismo exagerado, burocracia e corrupção.

Esses temas continuam presentes no Brasil contemporâneo, e mostram como Lima Barreto foi um autor à frente de seu tempo. Um autor marginalizado pela elite literária da época, e que hoje é reconhecido por sua genialidade, assim como a relevância de sua obra para as gerações futuras.

Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.

LIMA BARRETO