O início dos anos 2000 foi uma época muito singular. Premonição, Homens de preto, Harry Potter e Homem Aranha, eram os Best-sellers do cinema. Orkut, MSM e Youtube revolucionavam a forma de se interagir, e o iPod explodia junto com os clássicos do Summer Eletrohits. Com toda essa expansão cultural midiática, não demorou muito para que cada empresário quisesse uma pequena fatia daquele mercado. E um dos mais afetados foi o mercado de jogos, com diversos jogos licenciados sendo lançados logo após o seu produto original.
Pegando o Hype do sucesso do primeiro The Sims e da introdução do BBB as televisões. O studio Continuum Entertainment, responsável pelo clássico RTS, Outlive, Junto com a Brasoft Studios, responsável por diversas traduções de jogos para PT-BR, tiveram a difícil missão de fazer um jogo baseado no Reality Show em apenas 2 semanas, antes que o programa acabasse. Após trabalharem durante 14 horas por dia, eles conseguiram terminar o projeto dentro do prazo, mas será que toda essa correria valeu a pena?
Gameplay
Big Brother Brasil O jogo utiliza da mesma Engine de Outlive, o jogo funcionava basicamente como um verdadeiro The Sims brasileiro. Porém sem a parte de criação de personagens, onde somente se podia escolher 1 personagem, entre os 12 já criados, e que seguiam estereótipos típicos do Reality Show. Dentre os personagens tínhamos, Nakata (27 anos, gerente hotel), Henrique (25 anos, ator), Marcão (24 anos, personal trainer), Paulinho (23 anos, jogador de futebol), Vítor (24 anos, empresário), Guga (21 anos, estudante de jornalismo), Sheila (27 anos, dançarina), Ana Lúcia ( 28 anos, escritora), Joana (38 anos, advogada), Thainá (23 anos, estilista), Patrícia (19 anos, modelo) e Natália (25 anos, dentista).
Todos os personagens possuíam diferentes níveis em suas barras de status, que variavam entre carisma, humor, comunicação, caráter, preparo físico, libido, higiene e emocional. O jogo inicia o Jogando direto na casa ao escolher seu personagem, você não recebe nem mesmo uma introduçãozinha com a música do Paulo Ricardo. Como o foco do jogo era a interação social entre os personagens, não se podia fazer nada em relação a customização. Todos os participantes dividem atividades entre manter seus status em níveis saudáveis, e socializar com os outros durante toda a gameplay.
Falhas
No entanto, apesar de sua tentativa de replicar a experiência do programa de TV, o jogo enfrentou algumas críticas. Uma delas foi a falta de profundidade e variedade na jogabilidade. Algumas críticas apontando que as interações entre os personagens não eram tão ricas ou complexas quanto poderiam ser. Além disso, os gráficos e a jogabilidade em si eram considerados um pouco rudimentares, especialmente em comparação com outros jogos da época. Assim como em The Sims, havia uma progressão de intimidade entre os personagens, podendo chegar a relacionamentos amorosos, ou combinar votos para expulsar algum outro participante.
Também semelhante ao jogo da EA, o jogo possuía uma língua fictícia, mas diferente da sua inspiração original, as fala dos personagens aparentam ser apenas sons cartunescos aleatórios, e sem muita variação, oposto a The Sims que possui até alfabeto próprio. A estratégia principal do game é interagir bastante na casa para manter sua popularidade bem alta, para não ir ao paredão, já que as provas do líder no game são apenas baseadas em sorte. Durante a prova é dado um entre 12 itens, como conchas ou cartas para o jogador escolher, e apenas um estará premiado, selecionando o novo líder.
Oportunidade perdida
Apesar da qualidade duvidosa do produto final. Big Brother Brasil O Jogo era realmente impressionante por ser um jogo brasileiro feito em apenas 2 semanas, em uma época em que jogos ainda eram muito complicados de se programar. Existia quase nenhum incentivo no mercado nacional. Como o jogo provavelmente foi um fracasso comercial, sendo mais conhecido ao viralizar a alguns anos atrás. Provavelmente nunca teremos uma nova aposta, com um jogo com tempo e investimento necessário para se fazer algo digno. Alguns jogos já arriscaram ideias semelhantes, mas nada muito profundo, servindo apenas para streamers brincarem em suas lives. Caso criar um jogo fosse realmente uma dificuldade, eu realmente apoiaria que uma das milhares DLCs de The Sims 4, abordasse o tema.
