O Oscar é uma das premiações mais importantes para o cinema ocidental. Sua história iniciou na década de 1920, com a primeira entrega de prêmios datando maio de 1929. Quase cem anos após sua inauguração, o Brasil hoje repercute internacionalmente com o filme Ainda Estou Aqui (2024), de Walter Salles. Porém, o que muitos desconhecem é que a trajetória do país na premiação não é novidade.
A primeira vez do Brasil no Oscar
A primeira indicação do Brasil no Oscar ocorreu em 1945, com a composição “Rio de Janeiro“, de Ary Barroso, concorrendo na categoria de Melhor Canção Original. O filme, cujo título é Brazil, foi inteiramente gravado nos Estados Unidos. Trata-se de um musical no qual uma autora viaja para a cidade maravilhosa em busca de novas histórias, quando o seu caminho cruza com o de um músico famoso no país. No elenco estavam os atores Tito Guízar e Virginia Bruce nos papéis principais, além de Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda.

Melhor Filme Estrangeiro para quem?
Na década de 1960, o Brasil teve dois longas indicados nessa categoria. O primeiro foi Orfeu Negro (1960), co-produzido também por Itália e França. A obra adaptou para as telonas a peça Orfeu da Conceição (1954), de Vinicius de Moraes, que auxiliou na escrita do roteiro. Tendo como cenário o Carnaval do Rio de Janeiro, a história mostra a aventura amorosa vivida pelos jovens Orfeu e Eurídice, que acaba de maneira trágica. No papel principal, estão o brasileiro Breno Mello, jogador de futebol à época, e Marpessa Dawn, atriz francesa radicada nos Estados Unidos.
O longa foi gravado em português, com um elenco majoritariamente brasileiro e conta com faixas compostas por Tom Jobim e Luís Bonfá. Porém, ao ser contemplado na categoria, quem levou o prêmio para casa foi o francês Marcel Camus, diretor do filme. Isso gerou uma grande polêmica, dada a importância do Brasil e de seus atores para o sucesso da produção.
Já O Pagador de Promessas (1963), dirigido por Anselmo Duarte, foi a primeira produção inteiramente brasileira a ser indicada na categoria. A história, adaptada da peça homônima de Dias Gomes, acompanha a romaria de Zé do Burro (Leonardo Villar) para honrar uma promessa feita a Santa Bárbara. Acompanhado da mulher, Rosa (Glória Menezes), e de seu burrinho, ele enfrenta interesses de diversos grupos, que ora são contra, ora a favor de sua causa. Apesar de não ter ganhado o Oscar, o filme teve um ótimo desempenho em festivais internacionais de cinema, como o de Cannes e o San Francisco International Film Festival.


Décadas seguintes
Nos anos seguintes, a participação do Brasil foi modesta, com apenas três indicações ao Oscar: os documentários Raoni (1979) e El Salvador: Another Vietnam (1981), ambos co-produções brasileiras, e o filme O Beijo da Mulher-Aranha (1986). Neste, o diretor Hector Babenco explorou a vida de dois prisioneiros muito distintos: um preso político, Valentín, e um homossexual, Luís Molina, que acabam se aproximando e trocando experiências de vida.
Surpreendentemente, o longa-metragem rendeu indicações em quatro categorias: Melhor Ator – vencida por William Hurt ao interpretar Luís Molina -, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Diretor. Ainda, dentre os atores brasileiros que participaram do longa estão nomes consagrados como Sônia Braga, Miguel Falabella e Fernando Torres.
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Invasão brasileira no Oscar
Na década de 1990, o cinema nacional emplacou três filmes indicados em um período de quatro anos. São eles O Quatrilho (1996), O que é isso, companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999). Este último marcou a primeira nomeação de um filme de Walter Salles no Oscar, assim como a primeira vez em que uma atriz brasileira, Fernanda Montenegro, foi indicada na categoria de Melhor Atriz.

E o sucesso continua
O novo milênio também rendeu muitas novidades no Oscar, com o Brasil diversificando as categorias nas quais concorreu. Uma História de Futebol (2001), dirigido por Paulo Machline, disputou como Melhor Curta-metragem. O aclamado Cidade de Deus (2004) foi indicado nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem e Melhor Fotografia – as duas últimas, inéditas para o Brasil até então. Embora não tenha levado nenhuma delas, o longa foi um marco importante para o cinema nacional, contribuindo para que o país seguisse relevante no cenário cinematográfico internacional.
Em 2010, o longa Lixo Extraordinário, que retrata as obras feitas pelo artista Vik Muniz utilizando materiais descartados, foi nomeado para a categoria de Melhor Documentário. Seis anos mais tarde, O Menino e o Mundo (2016) foi selecionado para concorrer na categoria de Melhor Animação. A última indicação do Brasil antes de Ainda Estou Aqui foi em 2020, com o documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa.
Assim, resta esperar que o Brasil seja finalmente contemplado em uma das categorias as quais o novo filme de Walter Salles foi indicado: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (Fernanda Torres). A premiação está marcada para acontecer no dia 2 de março de 2025, às 21h (horário de Brasília).




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Redatora em experiência sob supervisão de Lara Aguiar