A autora Camila Veloso apresenta sua nova obra, “O Diário de Amélia“, um livro que busca ser um guia na vida dos adolescentes que cresceram em ambientes tóxicos. A história acompanha Amélia, uma jovem recém-adulta que vive entre amigos no cursinho pré-vestibular e acaba se apaixonando por um deles.
Apesar de estar certa de seus sentimentos, Amélia enfrenta diversos desafios. Ela sabe que uma de suas amigas também gosta do mesmo rapaz e, enquanto ele vem de uma família rica, Amélia está longe dessa realidade. Além disso, os pais de Amélia, seguidores de uma religião conservadora, proíbem-na de se relacionar com quem não faça parte da sua comunidade religiosa.
Determinada a sair da bolha em que foi criada, Amélia decide encarar o mundo real. Com a ajuda dos amigos, ela aprende a enfrentar os problemas da vida adulta. Sabendo que não terá o apoio dos pais para essas decisões, ela se apoia em seus amigos. “É por isso que a personagem principal ouve falar sobre como tomar a vacina de HPV no SUS, como abrir um MEI e até como sair de casa por meio das universidades públicas”, comenta a autora.
Camila Veloso revela que baseou grande parte do livro em suas próprias experiências. “Nasci em um lar ultraconservador e, sendo artista e mulher, sempre recebi uma dose extra de repressão. Rebelar-me foi um instinto natural, e isso transparece na minha arte”, explica. Camila começou a escrever aos 11 anos, usando a escrita como uma forma de transformar as dores do mundo exterior em prosa e poesia. “Escrever me dava privacidade, porque as pessoas tinham preguiça de ler (descobri isso cedo), e eu podia colocar no papel tudo o que quisesse”, conclui.
“O Diário de Amélia” e a Aldeia Literária
O livro “O Diário de Amélia” nasceu na Aldeia Literária, um projeto criado por Camila Veloso que busca formar uma nova geração de escritores. A Aldeia Literária utiliza uma metodologia baseada em jornadas coletivas de aprendizado e mentoria, oferecendo conversas com especialistas da área e acompanhamento durante todo o processo criativo. Desde novembro de 2023, mais de 400 pessoas já passaram pela Aldeia Literária.
Camila conta que o livro levou dois anos para ser finalizado, pois ela precisava encontrar o tom certo enquanto lidava com os traumas de sua educação rígida. “Não queria que o livro fosse sobre ódio, mas sim sobre acolhimento”, afirma a autora.
Leia um trecho do livro:
Olho a rua, e todas aquelas pessoas andando, e vivendo seu próprio
caos, e talvez a vida de todo mundo seja assim. Ou a de mais alguém,
pois, se tenho o apoio de tantas mulheres, se todas elas estavam com as
armaduras prontas quando precisei de ajuda, é porque não sou a
única.
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