Hoje, 20 de agosto, é celebrado o 135º aniversário da poetisa Cora Coralina. Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu em 20 de agosto de 1889 em Vila Boa (atual Goiás), antiga capital do estado de Goiás. Considerada uma das maiores poetisas e contistas do século XX, Cora se consolidou como a maior referência em literatura goiana. 

Para celebrar essa data, conheça um pouco da biografia de Cora Coralina. Uma dica para quem é apreciador de seu trabalho, no entanto, não sabe de detalhes interessantes de sua vida.

Origem e família

Crédito: Museu Casa de Cora Coralina

Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, era filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e Jacyntha Luiza do Couto Brandão. O pai era desembargador, e foi nomeado por D. Pedro II. Ela nasceu e foi criada na casa às margens do Rio Vermelho. A casa que atualmente é um dos principais pontos turísticos da cidade, foi construída no Século VIII e comprada por um ancestral de Cora em 1825. Desse modo, a família era uma das mais tradicionais da antiga capital.

Anna começou a escrever seus primeiros versos aos 14 anos e passou a publicá-los nos jornais locais. Sempre assinando seus textos com o pseudônimo Cora Coralina. Também foi uma das colaboradoras do jornal “A Rosa”, que era escrito e impresso por jovens da elite da cidade.

Casamento controverso e mudança para São Paulo

Cora Coralina | Crédito: Acervo Museu Casa de Cora Coralina

Em 1911, Cora se casou com o advogado Cantídio Tolentino Bretas. Ele havia se separado da primeira esposa, e por isso, a sociedade criticou sua relação com Cora e algumas pessoas não a reconheceram como legítima.

A mãe de Cora proibiu o relacionamento, o que levou a jovem a decidir ir embora da cidade ao lado do marido. Não se pode afirmar que Cora e sua família romperam relações, no entanto, eles não aprovavam seu casamento o que gerou grandes conflitos. Além disso, o fato de Cora ter seguido ao lado de Cantídio causou muita polêmica na cidade, algo comum naquela época.

Cora e Cantídio passaram a viver na cidade de Jaboticabal, onde nasceram seus seis filhos: Paraguassu, Amaryllis, Enéias, Cantídio, Jacyntha, Ísis e Vicência. No entanto, Enéias e Ísis falecem antes dos seis meses de vida. Em 1924, se mudou para a capital São Paulo em meio a Revolução Tenentista.

O filho Cantídio participou da Revolução Constitucionalista de 1932. Em 1934, o marido morre, deixando a família sob a responsabilidade da mãe. Cora passou então a vender livros na editora José Olímpio e trabalhar como doceira para sustentar os quatro filhos.

Segundo os registros existentes, Cora nunca parou de escrever. Ao longo dos anos, surgiram especulações de que o marido não apoiava a carreira de Cora. Ela e os filhos sempre negaram esses boatos. No entanto, Cora passou a maioria da vida se dedicando ao ofício de doceira, o qual foi muito bem-sucedido.

Retorno à Goiás e publicação de seus trabalhos

Crédito: Global Editora

Em 1956, ela retornou definitivamente a Goiás. Nessa época, Cora já havia abandonado seu nome de batismo e era apenas Cora Coralina. Aos 70 anos, ela decidiu aprender datilografia para publicar seus poemas e versos. Até que finalmente em 1965, Cora Coralina publica seu primeiro livro “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais”.

Nos anos seguintes ela se tornou conhecida do público, não apenas do estado, mas também em outros lugares do Brasil. Recebeu o “Prêmio Juca Pato” da União Brasileira dos Escritores (UBE), como intelectual do ano de 1983. Em 1984, foi nomeada para a Academia Goiânia de Letras, ocupando a cadeira n.º 38.

 Cora Coralina faleceu em Goiânia, aos 95 anos no dia 10 de abril de 1985. 

Legado

Cora Coralina só teve seu talento reconhecido tardiamente. Mas o que importa, é que ela é uma das principais incentivadoras da cultura de Goiás, ao retratar os costumes e a simplicidade da vida no interior. Seus versos valorizam a tradição e os aspectos da cultura regional, enriquecendo a identidade cultural de Goiás.

Além disso, ela é uma inspiração para as mulheres. Cora enfrentou muitos desafios na sua vida pessoal e profissional e ainda assim conseguiu ser perseverante. Dessa forma, mostra que as mulheres podem não apenas realizar seus sonhos, mas também se tornarem referências na sua área.

Hoje é dia de celebrar Cora Coralina!