Não é de hoje que o cinema é utilizado para reproduzir comportamentos, representar culturas e trazer questionamentos. Afinal de contas, da mesma forma que a vida imita a arte, a arte também imita a vida. Assim, a sétima arte é um importante instrumento social em mãos habilidosas. Em “Vai Ter Troco”, novo filme de Mauricio Eça (A Menina que Matou os Pais), somos apresentados a uma realidade dura, mas de forma extremamente leve.
No longa, acompanhamos as empregadas domésticas Tonha (Evlyn Castro) e Zildete (Nany People), e o motorista Nivaldo (Edmilson Filho). Eles trabalham para a família Silva e estão a meses sem receber seus salários. Apesar de alegarem estarem falidos, os patrões esbanjam dinheiro em festas, o que cria um clima tenso entre todos na casa.
Para Nany People, intérprete de Zildete, o humor é importante para contar certas histórias: “Você só memoriza a matéria da escola quando o professor é divertido, então quando você usa o humor pra expor essas situações, dos exploradores, dos explorados e o acordar que dá em cada um. Quando a Tonha fala pra Zildete “querida, esse sonho não é teu’, é uma luz na vida dela.”
Miá Mello, que dá vida a Sarita, concorda: “O humor é uma das ferramentas mais democráticas que existem. Com humor, conseguimos levar mensagens das mais difíceis, chatas e tudo mais de uma forma mais eficaz, mais rápida, mais leve.”
Vai Ter Troco e a vida
Assim como na vida, alguns “vilões” do longa não tem a sua redenção no final, mas Miá não acha que seja algo ruim. “Eu amo que não tem a redenção da Salita, porque acho que fica ainda mais verdadeiro, né”, conta a atriz. “ A salita existe, por mais horrorosa que seja”, completa.
Para Nany, “Vai Ter Troco” é um dos trabalhos mais importantes da sua carreira: “Esse trabalho é o troco que tô dando a muitos produtores que não me escalaram, porque queriam me colocar em um pedacinho de papel, só como engraçada, irônica e obscena”, e ainda afirma: “As pessoas nunca tem o direito de dizer qual é o seu potencial, nem você sabe até que precisa explorar. Então esse papel foi um divisor de águas na minha vida, literalmente.” Para ela, “Vai Ter Troco” é muito mais que um filme de comédia, é um “se manca”.