Quando Charles, Mabel e Oliver juntam-se, pelo terceiro ano consecutivo, em Only Murders In The Building, a sensação é de estranheza, mas também de alívio. Afinal, após a resolução de dois assassinatos, espera-se que venham pacatos meses pela frente. Mal sabiam, e muito menos esperavam eles que, na noite de estreia da peça que Oliver vinha produzindo para a Broadway, o intérprete do personagem principal da mesma morreria não uma, mas sim, duas vezes.
Isso porque o ator Ben Glenroy é, primeiramente, envenenado. Ele, contudo, resiste à intoxicação causada pelo veneno de rato que ingeriu junto de um cookie – o ingrediente colocado de maneira proposital no doce, é claro – e tem alta do hospital para onde havia sido levado às peças. Mas Ben não iria se safar tão facilmente, afinal, a morte estava em seu caminho, ou ao menos era o que parecia.
É assim que, numa sequência de reviravoltas, ele é atirado no poço de um dos elevadores do prédio onde moram Mabel, Charles e Oliver, o famoso Edifício Arconia.
Os três, inclusive, são os responsáveis por encontrar seu corpo já sem vida. Com isso, uma nova temporada de mistério e muita investigação tem início no Star+.
Novos propósitos
A narrativa da 3° temporada de Only Murders In The Building, apesar de sua construção parecer semelhante às demais, diferencia-se das temporadas passadas ao dar novos propósitos para alguns de seus protagonistas.
Isso porque o foco de Oliver, num primeiro momento, está sendo dedicado a sua peça, ou melhor, à reformulação dela, para que possa estrear novamente.
Junto dele, Charles também tem seus pensamentos direcionados para outras finalidades, e não para responder “quem matou Ben Glenroy?”.
O personagem precisa, neste novo ano, encontrar uma forma de lidar com sua ansiedade de palco, visto que faz parte do elenco da peça de Charles. Além disso, seu namoro parece estar precisando de uma atenção especial.
Já Mabel, diferente de seus comparsas, durante boa parte dos 10 episódios que compõem esta temporada, utiliza o assassinato do ator como uma forma de escapar de seus problemas pessoais. Ela passa a investigar a morte de Ben praticamente sozinha. Mas, para sua sorte – embora ela ainda não perceba – Tobert, o documentarista responsável por gravar a estreia de Ben no teatro, a ajuda nesta empreitada.
É a partir desta junção não convencional, mas propícia, que um novo arco amoroso envolvendo a personagem de Selena Gomez tem início na série. Afinal, para quem não se lembra, ela deixa algumas pontas soltas com Alice no fim da 2° temporada – que provavelmente não serão remendadas. Após vários desastres românticos e familiares, a personagem se vê, enfim, curtindo uma pessoa com quem possa enxergar um futuro.
É notável, inclusive, o amadurecimento da personagem nesta temporada. Mabel não é mais apenas uma jovem sem rumo, mas sim uma mulher adulta que busca por propósito – e tudo indica que ela pode encontrá-lo na 4° temporada.
Elenco estrelar
Muito se fala sobre o protagonismo e a relação magnífica que Selena, Martin Short e Steve Martin possuem na tela e pouco crédito é dado aos coadjuvantes da série. Neste ano, contudo, eles roubaram a cena, principalmente quando o assunto é a atuação de Meryl Streep, que vive Loretta Durkin, uma atriz já madura, mas com uma rasa carreira artística. Afirmando o que todos já sabem, e deixando isso ainda mais claro, Meryl é um dos ápices da temporada.
Com todos os dramas que envolvem sua personagem, ela dá vida, cor e carisma à série, mesmo nos momentos em que parece culpada pelo assassinato de Ben. Paul Rudd também não decepciona, e mostra ser mais do que apenas um super-herói nas adaptações da Marvel. Mesmo com poucas aparições, quando comparado aos demais personagens, o ator é capaz de se reinventar e dar personalidade para Glenroy, por mais detestável que ele seja.
O “igual” torna-se diferente
Com tudo isso em mente – e precisando de desenvolvimento – os roteiristas da série a guiam por um caminho alternativo neste terceiro ano. Charles, Mabel e Oliver já não andam mais juntos a todo momento, e suas melhores cenas também não são protagonizadas lado a lado. Eles ainda brilham, mas de uma maneira mais pessoal e introspectiva cada. O assassinato é importante, mas também são suas vidas pessoais.
E falando em assassinato, a resolução dele, apesar de rápida, já estava sendo muito bem construída durante os episódios. Desta forma, não foi surpresa quando anunciaram a dupla de assassinos. Ainda assim, sua solução enterte. E apesar deste terceiro ano ser, de fato, um pouco mais lento, a nova temporada de Only Murders In The Building não decepciona. Ela nem mesmo baixa sua qualidade – que é, inclusive, elevada para um novo nível de apreciação.