Tivemos a oportunidade de assistir A Bruxa das Neves, novo terror dramático da A2 Filmes. Com 82min de duração, a direção e roteiro ficam por conta do britânico Richard John Taylor. Além disso, A Bruxa das Neves ainda conta com suspenses e mistérios, em meio a terror e um pouco de drama. Contudo, será que o filme britânico é bom?
A trama de A Bruxa das Neves (The Winter Witch, no original) gira em torno de Ingrid (Rose Hakki), uma jornalista que retorna à sua aldeia ancestral, juntamente com sua filha, Eleanor (Evie Hughes). Assim, a jornalista busca investigar uma série de assassinatos nas florestas vizinhas. Contudo, lá, ela descobre uma força sobrenatural sinistra que põe em perigo todos os que vivem na vila. Agora, Ingrid e sua família podem estar correndo perigo.
Além de Rose Hakki e da jovem Evie Hughes, o longa ainda conta com Rula Lenska no papel da bisavó Omi, bem como a participação de Jimmy ‘The Bee’ Bennett e Paul Hughes.
Ambientado em um pequeno vilarejo do Reino Unido, ao lado de muitos mistérios, resta perguntar: será que A Bruxa das Neves é bom?
Terror em meio a floresta
Em A Bruxa das Neves, nota-se algumas referencias a grandes clássicos atuais do terror. Aliás, muitas vezes dá-se a impressão que o filme tenta caminhar em direção ao clima de tensão e medo, como ocorre em A Bruxa (2015) ou em O Babadook (2014). Ou então resgatar aquela sensação de incertezas e mistérios aterrorizantes clássicos do terror.
Contudo, a narrativa logo se perde em seu andar, caindo em uma floresta sem saber muito bem para onde está indo. A trama do filme apresenta constantes momentos de suspenses e perguntas que não chegam a lugar algum. Ou pior, até chegam, porém, entrega uma resposta frustrante e sem desenvolvimento algum com o restante do filme.
Em outras palavras, o filme caminha e caminha, sem sair do lugar para então chegar a um clímax sem emoção e sem desenvolvimento.
Um terror de produção
Se o longa sofre com as escolhas da direção e roteiro, apresentando uma construção de narrativa com furos e com eventos incongruentes ao desenvolvimento da trama, os atores também se perdem.
Aliás, não tem como atuar quando não história a se encenar. Para ser justo, nem todos do elenco cooperam para entregar a melhor de suas atuações. A própria protagonista Rose Hakki acaba sendo pega sorrindo em momentos mais tensos e de modo que não condiz com a (tentativa) de construção da protagonista. O roteiro erra em vários pontos, mas nem todos do elenco tentam ajudar a elevar o nível da produção.
Dessa forma, dois nomes se destacam pelo seu esforço diante a uma produção perdida: a jovem Evie Hughes e a atriz e cantora Rula Lenska, que interpretam Eleanor e Omi. Logo, Hughes auxilia e cria expectativas e um ar de curiosidade jovial necessário para o andar da trama – o qual, por sinal, não é bem aproveitado pela direção. Por outro lado, Lenska entrega o tom de mistérios e superstição. O terror em si, bem como o movimento da trama, não se dá pela protagonista, mas sim por essa dupla.
Na escuridão da noite
Além de Hughes e Lenska, A Bruxa das Neves entrega com sucesso uma ótima fotografia da paisagem durante o dia. São cenas longas e inspiradoras, que refletem o isolamento daquela vila ao mesmo tempo em que se trabalha as belezas naturais do local.
Entretanto, é importante ressaltar que a fotografia acerta somente até ai. De modo geral, há um péssimo aproveitamento da luz, e isso quando ela é usada. Literalmente, a luz ofusca o rosto dos atores, impedindo de assistir suas atuações, ficando na tela apenas a luz de um poste que cobriu personagem.
Entende-se que em muitas produções, usar cenas mais escuras é uma forma de cobrir alguns problemas técnicos ou questões referntes a efeitos especiais ou até mesmo o baixo orçamento. Isso nunca foi um problema para o cinema. No entanto, o problema habita quando as cenas são tão escuras a ponto de não se enxergar o que está acontecendo. O que era para alimentar o mistério e causar uma tensão e um suspense, cria apenas um mistério: “o que está acontecendo nessa cena? Não enxergo nada.“
A trilha sonora é um pouco melhor trabalhada, porém, ainda é genérica e super esquecível. Ela está lá, mas não irá marcar o telespectador.
Afinal, A Bruxa das Neves: vale a pena?
Com 82mini de duração, infelizmente, o novo filme da A2 Filmes não vale a pena.
No começo desta crítica, comparamos o atual terror natalino, com os grandes filmes de terror atual A Bruxa e O Babadook, e isso não foi a toa. Em diversas vezes, ao longo da trama, o filme abre caminhos para explorar uma história diferente do convencional, trazendo possibilidades para ir além do mesmo e, enfim, criar uma boa história.
Entretanto, o filme peca em todas as possibilidades. De fato, a premissa do filme pode soar interessante. Talvez, lá na pré-produção, a história fosse mais ousada, com diálogos mais convincentes e uma trama mais bem elaborada – o que justificaria algumas escolhas, como o fato da protagonista chamar a tal bruxa de forma tão intima em um momento tão inesperado. Talvez, naquele momento, a história fosse melhor e por algum motivo, precisaram alterá-la.
Contudo, essa boa história ficou apenas no “talvez” mesmo. Na prática, A Bruxa das Neves tem uma direção e um roteiro perdidos, com um elenco questionável (salvo por Evie Hughes e Rula Lenska que de fato atuam), e uma fotografia que só funciona de longe e durante o dia.
Contudo, você ainda pode conferir o trailer de A Bruxa das Neves logo abaixo: