Primeiro filme do Nós do Morro, A Festa de Léo é um retrato fiel, honesto e intenso da vida no Rio de Janeiro, sob a ótica de uma mulher que representa o alicerce e o nó que une todos os aspectos mencionados ao longo do filme. Com direção de Luciana Bezerra e Gustavo Melo, moradores do Vidigal, o filme promete se tornar um clássico do que vemos como “filme nacional que realmente mostra o Brasil”.

O longa acompanha o curso de 24 horas no Vidigal centrado no dia do aniversário de Léo (Nego Ney), uma criança que ama futebol e está completando 12 anos de idade. No entanto, o holofote do personagem principal chega à Rita (Cíntia Rosa), uma vendedora ambulante e mãe do aniversariante.,

Cena de A Festa de Leo, do Nós do Morro
Cena de Cíntia Rosa e Nego Ney em “A Festa de Leo”, do Nós do Morro | Foto: Mariana Vianna

Nesse ínterim, a mulher se vê economizando dinheiro para dar ao filho uma festa de aniversário digna. Infelizmente, isso que se transforma em um objetivo muito distante quando ela percebe que todo seu dinheiro lhe foi roubado por uma das pessoas que mais tinha confiança – seu próprio marido, o Dudu (Jonathan Haagensen).

A partir desse primeiro momento de desilusão, Rita precisa correr contra o tempo e todas as adversidades, incluindo traficantes da região e quantias exorbitantes de dinheiro para salvar a pele do marido, que contraiu uma dívida com os moradores locais.

Quantas coisas podem acontecer em 24 horas?

A trama d’A Festa de Léo se inicia nos preparativos da comemoração e finaliza na noite em que a comemoração deveria estar em curso. Nesse contexto, o roteiro se mantém forte em todos os momentos do longa, intenso e interessante. Isso faz com que o filme, que tem 1 hora e 20 minutos de duração, não tenha momentos de ociosidade. Felizmente, o espectador é mantido entretido nos diálogos e ações dos personagens.

Além disso, um outro fato que possibilita essa sensação de interesse por quem assiste é a produção brasileira ser recheada de verdade. Assistir ao filme é como se estivéssemos acompanhando pessoas conhecidas em atividades já conhecidas.

Cena de "A Festa de Léo" do Nós do Morro. | Foto: Marianna Viana
Cena de “A Festa de Léo” do Nós do Morro. | Foto: Marianna Viana

Aqui, vale ressaltar a atuação de Cíntia Rosa. A atriz deu o nome representando uma mulher que, mesmo sem pedir, é colocada na posição de alicerce familiar. Dessa maneira, Rosa transpareceu, com maestria, os sentimentos de uma pessoa da periferia do Rio de Janeiro que enfrenta diversas situações que se sobressaem ao dia-a-dia árduo do capitalismo. Ao mesmo tempo, ela se esforça em ser uma boa mãe, uma boa esposa, uma boa amiga, uma boa funcionária e uma boa gerenciadora de crises. Mas, será que todas essas funções são possíveis em um momento de alta pressão?

Festa?

Também vale ressaltar as significâncias de “festa”. A comemoração dos moradores do Vidigal se faz em diferentes momentos. Dentre eles, a conquista de futebol, um presente de aniversário e uma comemoração com bolos e presentes. Porém, no filme, a festa representou uma celebração de um dia completo. Um dia, diversos desafios e corações balançados.

Vale a pena assistir “A Festa de Léo”?

Por fim, se você está se questionando se vale a pena assistir, eu te dou a resposta: com toda a certeza.

Se você curte histórias reais, passíveis de identificação em uma boa produção de audiovisual brasileiro, “A Festa de Léo” é o filme pra você. O longa, queira você ou não, vai te relembrar que, muitas vezes, os triunfos do cinema não precisam de uma superprodução.