Esse ano tem sido um bom ano para os fãs do terror, já que A Freira 2 é mais um dos grandes lançamentos do gênero para 2023, e isso claramente mostra que, apesar do que dizem, o gênero terror tem sim um lugar importante no mercado cinematográfico.
A questão que paira aqui, entretanto, não é pela quantidade de filmes, e sim pela qualidade e consistências deles quando comparados a outros gêneros. A Freira tem um grande trunfo que é o fato de pertencer a uma franquia de sucesso, e um universo próprio, e claro, ter uma legião de fãs (com o perdão do trocadilho).
Agora, o filme se passa em 1956, na França, e um padre é assassinado, indicando que um mal está se espalhando pela Europa. Determinada a deter o maligno novamente, irmã Irene mais uma vez fica cara a cara com uma força demoníaca e irá precisar de toda ajuda disponível para solucionar esse caso e eliminar o mal novamente.
O filme é dirigido por Michael Chaves, que já trabalhou em outros projetos do universo Invocação do Mal, como A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio.
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A Freira 2 inova muito pouco no terror mas traz cenas de ação que não foram vistas antes, e isso não é exatamente bom
A Freira 2 é um dos filmes mais aguardados pelos fãs do gênero terror, que esperavam ver cenas assustadoras e surpreendentes já que o trailer prometia tudo. O filme também promete revelar mais detalhes sobre a origem e o poder de Valak, uma das vilãs mais icônicas do cinema, que está de volta. Ele que se manifesta na figura de uma freira, justamente para poder afirmar sua posição de poder, agora quer dominar mais uma relíquia da igreja católica. Preciso admitir que essa ideia de repetir o uso de uma relíquia sagrada não me agradou. Isso porque, o potencial de terror ficou muito escanteado pela busca do artefato.
Em alguns momentos o filme mais parecia uma aventura de ação do que um filme de terror de uma franquia de terror, quase como um Código da Vinci de Dan Brown. Ou seja, isso é bem desapontador pra quem está esperando algo muito maior. E aqui mora um outro problema, o trailer do filme passa uma sensação que não se cumpre no longa.
A irmã Irene agora está sozinha na missão de resolver o problema com Valak, e precisa encontrar uma maneira de impedir que ele conquiste essa tal relíquia, que teoricamente daria a ele um poder invencível. No primeiro filme a relíquia servia para destrui-lo, e agora, para dar poder a ele. E eu disse teoricamente, porque pouco ou quase nada disso se confirma realmente. Um roteiro preguiçoso que não consegue explicar nem se explicar, e não consegue sequer concretizar suas predições.
Filme avança em aspectos que seu antecessor peca, mas peca em coisas que o primeiro acertou
O longa se apoia em clichês do gênero terror, como sustos previsíveis, efeitos sonoros exagerados e personagens rasos. A Irmã Irene (Taissa Farmiga) é a única que tem alguma profundidade, mas ainda assim é pouco explorada. Os demais são apenas figurantes que servem para aumentar o número de vítimas de Valak, a freira demônio. Nem mesmo um tal bode que trouxeram para dar medo conseguiu fazer isso e se tornou piada.
Valak, por sua vez, perde a aura de mistério e medo que tinha no primeiro filme. Ela aparece demais e se torna repetitiva e cansativa. Além disso, sua origem e seu poder são explicados de forma confusa e contraditória, deixando mais dúvidas do que respostas.
A direção de Michael Chaves é competente, mas não inova. Ele usa os mesmos recursos visuais e narrativos dos outros filmes do universo Invocação do Mal, sem acrescentar nada de novo. A fotografia é sombria e a ambientação é bem feita, mas não são suficientes para criar uma atmosfera de tensão. Em se tratando de ação o filme melhorou bastante em relação ao primeiro, temos várias cenas de perseguição e de pancadaria. Além disso, o diretor trocou o Jumpscare pelas cenas de ação, e surpreendentemente funciona bem. Mas, fica por isso mesmo, já que abre-se mão do terror objetivo pelo terror subjetivo.
Uma Freira que ao mesmo tempo brinca de assustar, mata as pessoas aleatoriamente, e no final não dá conta do que se propõe. Uma outra questão que decepciona no longa é a ausência dos rituais católicos para lidar com as entidades, algo muito presente em Invocação do Mal. Agora, temos uma briga física e mística, que mistura força e poder, quase sem passar pela fé.
Vale a pena assistir no cinema?
A Freira 2 é um filme que pode decepcionar os fãs da franquia Invocação do Mal e os amantes do terror. O longa é mais do mesmo e não traz nada de original ou surpreendente. Mas evolui bastante em relação ao primeiro, e consegue trazer uma atmosfera mais dinâmica para a história.