Um filme potente, interessante, atual e necessário, esse filme é A Hora do Desespero. Apesar do nome parecer indicar um filme de terror, mas na verdade é um drama bem intenso e um thriller bem inteligente, apesar de perturbador.
Naomi Watts interpreta Amy, uma mãe como qualquer outra, que trabalha, cuida dos filhos, gosta de correr e é bem engajada na comunidade em que vive. Porém, é durante uma de suas corridas matinais que o mundo de Amy e de seu filho Noah viram de cabeça para baixo. Durante o percurso, um longo percurso, diga-se de passagem, Amy descobre que está acontecendo um tiroteio na escola de seu filho. A escolha do tema central do filme não poderia ser mais atual, somente em 2022 houveram mais de 144 ataques em escolas americanas.
Phillip Noyce dirige o filme de forma brilhante, mantendo ao mesmo tempo o suspense do que está ocorrendo na escola e a aflição de ver essa mãe no meio do nada tentando ter notícias de seu filho e correr ao seu encontro. Admito, essa parte é maçante e realmente pode perturbar quem tem ansiedade, já que são 80 minutos de filme, dos quais mais da metade é na expectativa do que poderia estar acontecendo com Noah.
A Hora do Desespero é bom em fazer uma coisa ser boa e ruim ao mesmo tempo. Por exemplo, o uso do celular por Amy ocorre o tempo todo, parecendo mais uma publicidade a Apple e a SIRI® do que tudo. Porém, essa intenção de mostrar como a tecnologia está a favor dos acontecimentos humanos, é até interessante.
Mas nem todos esses fatores conseguem contribuir para que o filme seja atraente a ponto de ser marcante. O drama é muito frágil, deixando o espectador com preguiça de ir até o fim. E isso se dá pelos contornos parecidos do enredo, quando tudo parece dar certo, o roteiro volta ao inicio. O problema aqui é que não há elementos que sustentem essa repetição, afinal de contas, o objetivo final da mãe é ir em busca do filho e somente isso. Até mesmo o assunto mais importante, que é o tiroteio é tratado de forma superficial. A maneira como tratam da resolução do problema é absurdamente rápida, destoando totalmente do resto do filme. Ora, se o roteiro separou mais de 20 minutos de tela para que Amy consiga achar um carro por aplicativo, o mesmo roteiro separa 3 minutos para desfecho. Inconsistente e absurdamente chato.
Por fim, é preciso dizer que o filme tem seus acertos, mas peca tanto nos erros que fica difícil defender. Não vale a ida ao cinema, espere chegar nos serviços de Streaming.