Baseado no conto popular que a Disney popularizou na década de 1950, esta nova adaptação de Cinderela apresenta uma versão sombria e sangrenta da história. Com produção dos mesmos criadores de “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”, o filme, “A Maldição de Cinderela”, promete uma experiência inesquecível.
O filme traz nomes como Kelly Rian Sanson (“The Bad Nun 3”, “Magic Mike: A Última Dança”, “Barbie”), Chrissie Wunna (“Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2”), Natasha Tosini (da franquia “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”) e Sam Barrett (“Missão: Impossível – Acerto de Contas”). Além disso, o filme conta com a direção de Louisa Warren (“A Maldição das Sereias” e das franquias “The Escapee” e “Toothfairy”).
“A Maldição de Cinderela” reimagina o conto de fadas clássico com uma ambientação sombria e aterrorizante, ou tenta dentro do possível. O filme se afasta da narrativa “familiar” da Disney para explorar temas de abuso, raiva e vingança de uma maneira brutal e sangrenta. Bom, com essa breve apresentação sobre o filme e ao elenco de dublagem do filme, vamos à crítica.
Pontos positivos
Esse tópico vai ter poucos pontos, igualmente ao outro filme de terror baseado em contos de fadas do A2 Filmes, “Alice no País das Trevas“. Tentando evitar comparações, mas, os dois filmes se assemelham muito em seus pontos positivos.
O filme consegue passar essa atmosfera de perigo, abuso e violência, que Cinderela sofre em seus dias naquela casa. Não só ela, mas os outros empregados, para falar a verdade o filme só mostra que tem mais uma empregada na casa, sofrem com essa violência e abuso por parte da família. Apesar disso, tudo parece tão falso e artificial, que chega a ser cômico, quando não deveria.
As escolhas de cenários também são um ponto interessante, já que o contraste do antes e depois da virada do filme ajuda a criar a temática de terror. Quando está claro e de dia, parece um lugar agradável e tranquilo de se passar o dia. Mas, a noite cria uma ambientação digna de filmes slasher. Mesmo com momentos mal aproveitados, não podemos negar que a escolha do local de gravação foi certeira.
Kelly Rian Sanson, a Cinderela, consegue entregar uma atuação consistente durante a maior parte do filme. Algumas decisões de direção e o roteiro atrapalham, porém, a atriz consegue destacar os dois lados da Cinderela, que o filme pede, muito bem. Entretanto, tenho algumas críticas aos outros personagens do filme, mas isso vem depois. A direção de Louisa Warren também é um ponto a ser destacado. Mesmo com certos momentos de poucas inspirações para guiar as cenas, a diretora tem bons os seus momentos ao decorrer do longa. Apesar do roteiro querer dificultar o trabalho dela.
E para encerrar esse tópico, os efeitos visuais, que apesar de modestos, conseguem entregar muito bem o horror que algumas cenas pedem. Mas, em outros momentos, é facilmente perceptível que se trata de bonecos, próteses e dublês nas cenas em questão. Claro que isso não estraga a cena, porém, quem for chato com esses pontos vai achar ruim a escolha da montagem.
Pontos negativos
Bom, esse vai ser um pouco mais extenso, no quesito pontos a serem abordados. Porque esse filme tem muitos problemas, sem exagero, o filme não quer ser ajudar ao longo dos 80 minutos de duração.
Mas vamos começar falando do elefante na sala, o roteiro, bom, o filme não tem. Quero dizer, ele tem, porém, ele some e volta tantas vezes que não sabemos qual era o ponto inicial de algumas cenas. E temos que tentar entender, pelas explicações expositivas que o longa faz.
As atuações também são um problema, mas aqui acredito que a diretora deveria ter guiado melhor em algumas cenas. Todo mundo é mal com a Cinderela nesse filme, sem nenhum motivo aparente. Basicamente, todo mundo só vê ela como alguém abaixo, para ser usado e depois jogado fora. O filme não tende a tecer alguma crítica ou motivações para isso, apenas serve para que o clímax aconteça e isso deixa o filme vazio.
Em especial, tenho críticas à Madrasta, interpretada por Danielle Scott. É tão superficial, tão vazio a maldade dela, que chega a ser caricato em diversos momentos. Algo que poderia ser melhor guiado pela diretora ou, se era para ser assim, talvez, trabalhar melhor nos gestos e feições da atriz. O restante do elenco, meio que segue a linha da Madrasta, porém, as irmãs Ingrid e Hannah, interpretadas por Lauren Budd e Natasha Tosini, respectivamente, têm um destaque a mais. Fazendo com que as suas motivações sejam melhor expressas.
Os efeitos visuais e a maquiagem também são um ponto negativo do longa, o filme tenta passar uma vibe de horror e grotesco. Mas, tirando algumas maquiagens pontuais e certos efeitos, tudo parece falso, sem graça, sem muita inspiração na criação. A Fada Madrinha e seus zumbis perebas, não entendi se eram referências aos animais que ajudam a Cinderela nos contos de fadas, é um grande ponto negativo. Eles não assustam, nem com os jump scare, mal colocados, conseguem fazer isso. Na maior parte do tempo, são bem cômicos e engraçados, mesmo quando estão causando um massacre.
Definitivamente, o maior ponto negativo de “A Maldição de Cinderela” é a sua montagem. Diversas subtramas sem conclusão, flashs que entregam o clímax do filme, cortes estranhos em momentos que careciam de planos longos e diversos diálogos expositivos. O filme tenta, mas, no final, não consegue entregar a proposta inicial.
Vale a pena?
Nessa nova leva de filmes baseados em contos de fadas e/ou clássicos das Disney, voltados ao terror, “A Maldição de Cinderela” é mais que chega para compor a fila. Diferente de “Alice no País das Trevas“, o longa é mais tragável na questão de história e temática, porém, falha em pontos que ajudariam ele a ser melhor como filme.
Apesar disso, o filme consegue entregar uma atmosfera claustrofóbica, na qual sentimos na pele tudo o que Cinderela sofre. Todos os abusos, humilhações e violências fazem com que torçamos para que ele tenha sua vingança. E quando ela chega, não tem como não vibrar com o massacre que ela causa. Mesmo com todos os problemas que esse momento tem, é gratificante ver Cinderela conseguindo realizar o que desejava.
Por fim, “A Maldição de Cinderela” chega querendo conquistar seu espaço nesse novo gênero que os filmes de terror encontraram. O longa tentar de tudo para não ser genérico, porém, no final, acaba sendo isso mesmo. Apesar dos esforços da diretora, não tem como fazer milagres, quando o roteiro não coopera. Acredito que o filme vá se tornar um clássico trash no futuro, mas, no atual momento, ele é bobo, sem graça e sem muita inspiração, algo que de início não parece ser, mas ao decorrer do filme acaba sendo revelando esses pontos.
“A Maldição de Cinderela” estreia nesta quinta-feira, dia 20 de junho, nos cinemas brasileiros, com sessões legendadas e dubladas, com distribuição da A2 Filmes.
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