Em “A Última Invocação” você conhece uma linda família, mas não se engane, estamos falando de um filme de terror. O filme do diretor japonês, Nakata Hideo conhecido por “Ring: O Chamado” (1998) mistura diversos aspectos das relações humanas. Assim conhecemos a família Ihara. Noato, sua esposa Miyuki e o filho do casal Haruto, vivendo feliz em uma nova casa, mas tudo acaba desmoronando quando a esposa e o filho sofrem um trágico acidente.
O longa de terror é uma adaptação do romance de estreia de Shimizu Karma, Kinjirareta Asobi, de 2019, vencedor do principal prêmio do 4th Hon no Sanagi Awards, com mais de 100 mil cópias vendidas.
Quando pensamos no trabalho de Hideo, sabemos que vamos encontrar conflitos familiares, traumas que não terminam mesmo após a morte, e podem atingir qualquer um. Mesmo mantendo um mistério do início ao fim, a trama se desenvolve, de uma maneira confusa e enrolada.
“A Última Invocação” não foge dessa linha, além da direção de Nakata Hideo, com roteiro de Noriaki Sugihara, no elenco Kanna Hashimoto, Daiki Shigeoka, Megumi e Noriaki Sugihara. Até o momento o filme não tem avaliação da crítica especializada, no entanto, a avaliação do público no Rotten Tomatoes é de 60%.
A História de A Última Invocação
O longa acompanha Naoto Ihara (Daiki Shigeoka) que vive feliz com a esposa Miyuki e o filho Haruto (Minato Shogaki). Porém, quando Miyuki morre em um acidente, Naoto fica inconsolável. Portanto, Haruto, em negação, decide enterrar um dedo da mãe no jardim na esperança de que, rezando todos os dias, ela volte à vida.
Um dia, pai e filho são visitados por Hiroko Kurasawa, ex-colega de trabalho de Naoto, mas o que era para ser uma simples visita a um amigo assolado pelo luto, toma um rumo macabro. Dessa forma, quando ela testemunha Haruto gritando palavras estranhas no quintal, uma série de acontecimentos sombrios começam a perturbá-la.
Terror com premissa interessante, mas roteiro fraco
A história da família Ihara consegue prender o telespectador, principalmente, com o trágico rompimento dessa união, com um grave acidente, no entanto, ao decorrer da trama, o roteiro se torna lento, e o que poderia ser um terror marcante, em alguns momentos acaba ficando caricato e até engraçado.
Ainda assim, alguns momentos de suspense e terror acabam por compensar a lentidão do roteiro. Um ponto positivo do filme é a relação da família, e como pai e filho lidam com o luto, o que acaba sendo a trama principal da produção. Por outro lado, algumas subtramas abordadas, acabam por desviar do principal, apenas para apresentar personagens secundários.
Como quando surge um Médium que ajuda encontrar pessoas, através de itens pessoais inusitados, que vira o elo entre a família Ihara e Hiroko. E apesar do papel importante, o personagem e seu fiel escudeiro entregam uma interpretação caricata e cômica, quebrando a sensação de terror do filme.
Apesar de ser um filme de terror, as mortes não são o principal efeito, já que apesar do acidente inicial, e a perseguição de Miyuki com Kurasawa, apenas algumas mortes acontecem no plot. No entanto, sustos estão presentes em todo o filme, mas o diretor fez um bom trabalho na entrega dos jumpscares, sem deixar algo cansativo.
Aproveitando o uso da tecnologia, portas batendo, luzes apagando sem contar a sensação de que algo pode ocorrer a qualquer momento.
Elenco, subtramas e fotografia
O elenco pequeno ajuda o telespectador afeiçoar com ele, as atuações são decentes, não são tão impactantes, apesar de não atrapalhar na entrega do filme. Vale um destaque para os personagens de Haruto e Kurasawa que garante que o telespectador fique até o fim, para descobrir mais sobre a ligação entre eles.
Ainda sobre a ligação dos personagens, acabamos por chegar nas subtramas do enredo, além da família, conhecemos os colegas de trabalho de Naoto. Ali Kurasawa sofre assédio do chefe, e também na empresa descobrimos que Miyuki não gosta da colega de trabalho do marido, o que gera uma obsessão por parte de esposa.
Assim, como já para o final do filme, conhecemos também a origem de Miyuki, e ajuda a entender o porquê ela, mesmo após a morte, volta para aterrorizar a jovem. E ainda, como Haruto se encaixa em tudo isso.
Um aspecto que causa confusão é um erro de continuidade, que acontece entre a apresentação da história de Kurasawa, que acontece em flashbacks. E acaba confundindo ações do passado e presente. No entanto, algumas coisas positivas, como a fotografia, e a trilha sonora.
O trabalho com cores neutras, mantendo o clima sombrio, mesmo durante o dia, mantendo de suspense, deixando quem assiste em alerta, para um possível susto. A produção também utiliza CGI e efeitos práticos para assustar o espectador, o que funcionam muito bem, exceto na transformação de Miyuki para o monstro em si. Isso que só acontece nos momentos finais do filme.
Vale apena, assistir “A Última Invocação”?
Em minha humilde opinião, a “A Última Invocação”, não é um dos melhores trabalhos de direção de Nakata Hideo, no entanto, o filme oferece uma boa experiência principalmente para quem curte o terror japonês. O ponto positivo é que foge completamente das produções Hollywoodianas, então com certeza já é um incentivo para uma nova experiência. Vale reforçar que o filme aborda as relações pessoais, posse, amor e luto.
Por fim, “A Última Invocação” chegou aos cinemas em 31 de outubro com distribuição da Sato Company.