Olá, pessoal! Espero que estejam bem!

Voltei mais uma semana para falar sobre um filme que só vai estrear dia 5 de agosto. Isso mesmo, ganhei meu primeiro “passe de imprensa” pra poder assistir o filme antes, e eu fiquei muito feliz com isso kkkkkkkk. Então rufem os tambores 🥁🥁 porque hoje eu vou falar do filme “nacional” Abe. Como de costume, vou manter minha crítica sem spoilers e vou colocar o trailer aqui pra vocês. Simbora!

Sinopse:

Abe é um menino de 12 anos que mora no Brooklyn com a mãe judia e com o pai palestino. Para manter sua família unida apesar das diferenças, o jovem inicia um curso de gastronomia, onde torna-se aprendiz e amigo de Chico, um chefe brasileiro.

Antes de começar a falar sobre o filme mesmo, achei necessário dizer que esse filme é nacional, mas conta com 95% de atores gringos, e a linguagem utilizada em 95% do longa é o inglês. Pode-se dizer que esse filme é nacional por ter o brasileiro Fernando Grostein Andrade (Carcereiros, 2019) na direção, ter sido distribuído pela Paris Filmes (de São Paulo), além de ter contado com o apoio financeiro e de divulgação do BRDE, Ancine, Spcine, Programa de Fomento ao Cinema Paulista, e a própria Prefeitura de São Paulo. Ou seja, é basicamente um filme nacional, só faltou o elenco ser brasileiro e os atores falarem em português. Mas agora vamos ao filme.

Abe (Noah Schnapp) é um menino de 12 anos, nascido no Brooklyn, e com uma família normal, exceto pelo fato dele ser metade palestino-muçulmano, e metade israelense-judeu. O nome completo dele é Abraham Solomon Ode, também chamado de Avraham (ou Ave), ou Ibrahim, depende de qual parte da família está falando. O longa gira em torno da vida desse jovem, que é toda de ponta-cabeça. Seus pais não conseguem se entender, e seus avós (maternos e paternos) muito menos, afinal eles têm religiões e opiniões bastante divergentes, digamos assim. E, no meio dessa loucura toda, existe a paixão de Abe: cozinhar.

Achei muito interessante o formato que eles fizeram o filme. As cenas são divididas entre cenas “comuns”, de filmes normais, e cenas como se fosse uma gravação da tela do notebook de Abe, postando coisas nas redes sociais, pesquisando locais para descobrir novos sabores e etc. É como se o longa fosse 3/4 um filme comum e 1/4 um “diário virtual”, relatando em primeira mão as coisas que Abe vivencia. Achei bacana também a forma que eles apresentaram as culturas judia e muçulmana. Eu realmente não entendo muito sobre, então não estou no lugar pra falar se foram representadas corretamente ou não, mas eu gostei de descobrir mais coisas e detalhes sobre ambas. Falando em cultura, gostei bastante das atuações dos avós do Abe, achei os atores convincentes com os papeis que receberam. E, por fim, gostei bastante das comidas que eles mostraram hahahah. Eu fiquei realmente com fome depois de algum tempo, vendo tantas comidas gostosas.

Porém, como nem tudo são flores, eu também preciso criticar, né? E esse filme (infelizmente) tem muito no que ser criticado. Apesar de ser um filme nacional, o Chico (Seu Jorge) só está ali como um rosto brasileiro conhecido, porque ele não tem destaque ou desenvolvimento nenhum. Ele toma café, cantarola algumas músicas brasileiras, menciona o Brasil algumas vezes e fala em português com sua equipe de cozinheiros (equipe essa que é formada por atores brasileiros desconhecidos e sem nenhum destaque ou desenvolvimento, tornando todos completamente esquecíveis).

Toda a relação familiar do Abe com seus pais, Rebecca (Dagmara Dominczyk) e Amir (Arian Moayed), é incrivelmente disfuncional. Eles não conseguem se entender, tanto por causa dos seus próprios pais, quanto por problemas no relacionamento. Ambos não conseguem ser bons pais para Abe porque aparentemente são incapazes de ouvir o que ele tem a dizer (agravado por ele ser um jovem tímido) e sempre colocarem suas preocupações à frente das necessidades do filho. Além disso tudo, as atuações dos pais eu achei terríveis. Eles tentam transparecer uma química de “família”, mas, pra mim, não funcionou. Nem nos momentos felizes, nem nos momentos dramáticos.

Eles tentaram criar uma problemática do Abe ser recluso, excluído e sofrer bullying na escola, mas hora nenhuma isso impacta ou acrescenta algo na trama. Se tivessem usado esse recurso de forma que ajudasse a desenvolver a personalidade do Abe seria até okay, mas parece que colocaram isso só para que a dó que sentimos do menino continue acumulando, ou seja, foi algo meio que “o recurso pelo recurso”, e acabou sendo uma parte desnecessária do filme.

E gente, eu vou ser obrigada a falar. A culinária em si ficou meio que como “adereço” nesse filme. Porque ela não resolve nenhuma das problemáticas levantadas pela trama. Ela aparece como paixão do Abe e possível solução dos problemas, e é isso. A relação entre o Chico e o Abe tem mais valor no roteiro do que a comida em si, o que ainda não é grande coisa. Infelizmente esse tópico entra pra minha lista de “coisas que o filme não soube utilizar”.

Uma questão que eu percebi que esse filme tentou levantar, mas não conseguiu como planejava (pelo menos foi esse o meu sentimento), foi a de “impor suas crenças nos seus filhos e como isso pode ser nocivo”. Eles conseguiram passar a mensagem, eu entendi o que eles quiseram fazer e achei extremamente válido, mas infelizmente a execução não foi das melhores. Tanto pelas atuações não colaborarem muito, quanto pelo filme parecer ser meio “apressado”. É como se o diretor tentasse condensar muita coisa em pouco tempo (1h16 de filme, já tirando os créditos), não dando o devido tempo para que as coisas aconteçam de forma gradativa.

Resumindo: o roteiro em si é fofo e teve boas intenções, o drama presente no filme é válido e merece sim ser colocado em pauta, mas algo não funcionou nessa equação, fazendo com que Abe se torne, a meu ver, um filme esquecível.

Eu vou ficando por aqui, mas sexta estarei de volta. Quando tiverem a chance de assistir, deixem aqui nos comentários se vocês gostaram do filme ou se concordam com a minha nota mediana.

Ótima semana pra vocês, um beijo e até a próxima!