Apaches: Gangues de Paris (2023) conta a história da jovem Billie (Alice Isaaz) que decide se infiltrar na gangue parisiense Apaches para vingar a morte de seu irmão, nos anos 1900. Para atingir seu objetivo, ela decide eliminar membro a membro do grupo, a fim de cada vez mais chegar perto do líder Jésus (Niels Schneider).
O elenco também conta com Rod Paradot (Paulie adulto), Émilie Gavois-Kahn (Bertha), Bruno Lochet (Padre Marius), Artus (Urso) e Hugo Becker (Bel Oeil). A direção é de Romain Quirot, que também tem em seu histórico A Última Jornada de Paul W. R. (2020). Este conta a história do desaparecimento do astronauta Paul W. R., que estava prestes a liderar uma missão que ajudaria com o salvamento da terra contra a Lua Vermelha.
Sobre “Apaches: Gangues de Paris”
O primeiro bloco da trama acompanha a pequena Billie (Chloé Peillex) em Paris, 1884, que afirma que nunca aceitaria a miséria como os pobres aceitam”. E assim fez. De origem humilde, ela sempre via a burguesia como alvo – seguindo os passos do corajoso irmão, Tricky (Malik Frikah), que vivia junto a ela e a um garoto órfão (Paulie) na igreja do Padre Marius. E ser uma menina de rua invisível definitivamente não era o que continuaria sendo. “Melhor morrer em pé do que viver de joelhos”, ela diz.
O pilar de Billie é a parceria com o irmão mais velho, que fez papel de pai e mãe quando ambos não puderam participar da criação dos filhos. No entanto, essa parceria não pôde se estender até a vida adulta quando o líder dos Apaches Jésus mudou o curso dessas vidas para sempre. Quinze anos após ter sido condenada pela morte do irmão, Billie volta à cidade para se vingar da morte de quem mais amava no mundo. E é aqui que a trama se desenrola.
O longa segue o modelo de apresentação de cenas com a narração de Billie, que apresenta desde seus sentimentos e visões de quando era pequena até os personagens. Ele segue a divisão em capítulos, sendo estes: As crianças perdidas, Quando ela chega na cidade, Os lobos de Montmartre, O último show, A boa vinda, Um dia para recordar e A grande partida.
A gangue
A história se materializa na Cidade da Luz em transformação, regada de desigualdades, em que as ruas estão sob controle dos Apaches. Mais especificamente, a força e controle da gangue se concentram no chefe dos Lobos do Montmartre, Jésus, de quem são tomadas todas as grandes decisões do grupo.
“Vocês não se ajoelham, vocês se recusam a deixar que os outros decidam por vocês. Porque vocês sabem que a vida é muito curta”.
Jésus, o líder dos Apaches
Os Apaches são apresentados como uma gangue onipresente em Paris, sob a qual eles mandam e desmandam de locais escondidos da polícia. Seus princípios eram: “sempre juntos, nunca ficar velhos, nunca trabalhar, e o mais importante: fazer a burguesia pagar”. Ao mesmo tempo, o grupo conta com a participação de crianças no crime e de apostas de roleta russa.
Nesse meio tempo, a prostituição é uma das formas de dominação gângster – que conta com a atuação impecável de Émilie Gavois-Kahn, a líder Big Bertha. Assim, os Apaches controlam a burguesia de duas maneiras: roubo e serviços sexuais.
Neste thriller eletrizante, Billie persuasiva e forte se aproxima de todos para conseguir todos os caminhos que precisa percorrer. A atuação de Alice Isaaz se apresenta de maneira apática – porém compreensível pela personalidade traumatizada e de poucas palavras de Billie. No entanto, a construção da personagem e a narração fazem com que a simpatia não seja o primordial para a identificação com a personagem.
Aspectos Técnicos
Nesse ínterim, o roteiro se atenta a aspectos históricos determinantes, como a subcultura parisiense Apache conhecida pela movimentação arruaceira, assim como a gangue dos Apaches. Infelizmente, apresenta algumas incongruências que deixam a conclusão da história a desejar.
A fotografia de Apaches: Gangues de Paris, de Jean Paul Agostini, acompanha movimentos dos personagens, de maneira que a câmera quase nunca fica estática. Isso é um ponto extremamente positivo para a manutenção do foco do espectador, que não perde nenhum movimento importante. Todos os movimentos são importantes na trama. Logo, perder um centímetro de movimentação pode significar não entender a morte de algum personagem – o que não é raridade.
Do mesmo modo, os figurinos de Nadia Chmilewsky e maquiagem de Sylvie Ferry trazem aos personagens a realidade parisiense da Belle Époque, com foco principal nas desigualdades e pobreza da cidade. Aqui, vale ressaltar um aspecto magnífico das maquiagens que é a manutenção das cicatrizes, machucados, sangue e sujeira bastante necessários para a trama.
Além disso, o filme conta com trilha sonora que inclui I Wanna Be Your Dog, dos The Stooges e Paris, de Else, o filme prioriza as músicas originais de Yves Gourmeur, de maneira a guiar a atenção da audiência em cenas específicas.
Vale a pena assistir Apaches: Gangues de Paris?
Apaches: Gangues de Paris se ambienta em uma Paris suja regada a álcool, sangue e nicotina, sendo um filme forte de embrulhar o estômago. Definitivamente, é perfeito para quem gosta de ação e de ficar vidrado em uma história de ressurgência, vingança e corações partidos.
Vale a pena assistir sim, mas é bom deixar claro que o filme constrói muita expectativa, mas deixa uma sensação meio sem sal. No final você fica sem entender, já que o roteiro é mastigado e aparenta uma certa preguiça do roteirista que esqueceu completamente sobre o que era o filme.
Com produção da A2 Filmes, direção e roteiro de Romain Quirot, produção de Fannie Pailloux e direção de fotografia de Jean Paul Agostini, Apaches: Gangues de Paris acaba de chegar ao Prime Video. Assista ao trailer oficial: