Distribuído pela Embaúba Filmes, As Linhas da Minha Mão é o novo documentário de João Dumans. No longa, o diretor abre espaço para uma profunda discussão e reflexão referente ao mundo artístico e transtornos mentais. Ao mesmo tempo, através de relatos sensíveis, a atriz Viviane de Cassia Ferreira traz sua experiência com ambos os mundos e como esses se conversam.
Com 80min de duração, As Linhas da Minha Mão foca em dar o palco e holofotes a atriz Viviane de Cassia Ferreira poder contar a sua vivência, desabafando sobre sua experiência com arte e loucura em meio a uma série de encontros insólitos. Assim, dividido em sete atos, o filme é, ao mesmo tempo, o retrato de uma mulher e um estudo sobre as possibilidades desse retrato.
Confira abaixo o trailer do longa:
Onde o real encontra aquilo que não se vê
A premissa do documentário é simples, mas profunda. Aliás, toda a produção é repleta de significados e de reflexões que precisam ser vistos e revistos para uma melhor compreensão. Afinal, o que é visto por um pode não ter o mesmo significado ao outro. Uma rosa em meio ao jardim pode ser apenas uma rosa, enquanto para o outro pode ser um “presente de Tom Jobim“.
Em meio a reflexões e relatos, Viviane traz sua perspectiva de vida e de mundo para o telespectador. O começo pode soar diferente, mas aos poucos, a bolha se estoura e revela uma nova visão de mundo. É através de seu relato, que emoções se moldam e então caminha-se para uma revisão sobre perspectivas.
Em outras palavras, As Linhas de Minha Mão é um longa em que o real e o invisível se encontram para conversar. O diálogo aqui não é sobre loucura nem sobre ser uma artista, mas sobre o que é ser humano.
Sobre a direção de As Linhas de Minha Mão
A direção de João Dumans tem um objetivo simples: dar espaço para a atriz Viviane de Cassia Ferreira se expressar e dialogar sobre suas experiências. Ao mesmo tempo, a direção sabe criar um diálogo com a atriz, abrindo portas e levantando pontes para que o público a conheça mais e mais profundamente.
Além disso, o documentário usa muito da câmera parada. O que pode dar um ar de estático, também cria uma sensação de proximidade com a atriz. Em outras palavras, a direção traz o público para a cena e o coloca para conversar em ouvir Viviane, e, assim, alimentando mais e mais a intimidade com a atriz.
É uma jogada arriscada, visto que deixar a câmera parada por cenas longas pode causar um cansaço em algumas produções. Porém, aqui, o artifício é muito bem-vindo, sim.
Afinal, As Linhas de Minha Mão é bom?

Com relatos fortes, reflexivos e emocionantes, As Linhas da Minha Mão é um encontro, um diálogo entre Viviane de Cassia Ferreira com o público, expondo suas vivências que tangenciam a ideia da realidade física com uma não visível aos demais. Tudo isso, em um contexto artístico e reflexivo. Ou melhor dizendo, sobre as diferentes faces e percepções da vida.
A direção de João Dumans é interessante e colabora muito para que o diálogo em si não se perca em preconceitos ou com que os significados implícitos se percam em cenas mais longas e paradas.
É uma conversa entre o público e a atriz a respeito de sua história. Uma conversa que se desenvolve e traz diversas situações e ressignificações. E, por fim, uma boa conversa que vale a pena ser acompanhada com calma e com mente aberta.
