As Três Vidas de Frieda Wolff conta a história da pesquisadora judia alemã que escapou do holocausto e imigrou para o Brasil em 1934. Ela e seu marido, Egon, realizaram uma pesquisa sobre a presença judaica no país, que resultou na publicação de mais de 40 livros. O documentário, que será lançado em agosto de 2023, expõe toda a trajetória do casal desde o início da ameaça nazista e da imigração até o início da pesquisa. De forma rica e dividida em três atos, a obra explica como foi o processo de imigração e adaptação do casal no Brasil. Além disso, também conta como eles definiram sua fonte de sustento até a produção da pesquisa.

O amigo de Frieda, Milton Weintraub, idealizou o documentário e ajudou a produzí-lo a partir de uma entrevista que ele gravou com a estudiosa em 2003. O longa é dirigido por Pedro Gorski, que também o escreveu ao lado de Dellani Lima. O conteúdo traz luz à história de uma figura que, apesar de pouco conhecida, é fundamental para a história dos judeus no Brasil. Ao descrever a história de Frieda, a obra aborda também diversos tópicos importantes a respeito do período da Segunda Guerra Mundial.

O documentário estreia no próximo dia 17 de agosto com pré-estreia no Rio de Janeiro (Itaú Botafogo no dia 14/08 e em São Paulo no (Itaú Frei Caneca), dia 15/08. O filme teve sua estreia oficial no 25º Festival de Cinema Judaico de São Paulo, em agosto de 2022. Teve sua estreia internacional no Miami Jewish Film Festival (janeiro de 2023). Esse último é, atualmente, o maior festival de cinema judaico. Em seguida foi exibido no Festival de Cinema Judaico de Punta del Este, onde foi premiado como melhor longa-metragem Latino-Americano.

capa do filme As Três Vidas de Frieda Wolff

Lacunas do nazismo

Entre as diversas informações trazidas estão os principais motivos pelos quais muitos judeus permaneceram na Alemanha mesmo após a chegada de Adolf Hitler. Segundo o material, Frieda e Wolff estavam entre os pouquíssimos judeus que conseguiram identificar a verdadeira ameaça que o líder extremista representava. Com pouco ou nenhum acesso à informação e conhecimento, a grande maioria dos judeus considerava Hitler uma “figura ridícula que não duraria muito tempo”. Além disso, muitos não possuíam condições financeiras de abandonar o país ou não queriam abandonar suas responsabilidades e empreendimentos. Ou seja, sabiam que tempos sombrios estavam por vir, mas, para eles, era impossível prever que ocorreria um massacre genocida.

Através dos relatos de Frieda, o espectador consegue entender as vivências da pesquisadora, que teve que largar tudo para viver em segurança. Além de lidar com todos os desafios de precisar escapar de seu país na eminência de uma guerra, Frieda também vivia seus dramas pessoais. Em paralelo a tudo isso, há também a história de Egon e do casal em si.

Devido ao crescimento do antissemitismo no Brasil, logo o país fechou as portas para novos judeus. À medida que a intolerância religiosa crescia, a história de judeus passou a ser gradativamente apagada. Quanto mais o tempo passava, mais difícil se tornava encontrar registros de pessoas judias no território brasileiro. Por isso, depois de se dedicarem ao comércio óptico por mais de 30 anos, ela e seu marido decidiram pesquisar sobre a presença judaica no Brasil.

“Um povo que não conhece a sua história está fadado a repetí-la”

A frase do filósofo irlandês Edmund Burke é a melhor forma de expressar a importância do papel conscientizador de As Três Vidas de Frieda Wolff. Com uma linguagem simples, bons recursos visuais e uma trilha sonora que casa com o tema, o conteúdo é de fácil compreensão até mesmo para os mais leigos. No entanto, alguns diálogos, feitos em alemão ou inglês, deveriam ter sido legendados para que o espectador não fluente pudesse aproveitar ainda mais a obra.

Mesmo assim, de forma didática, os personagens explicam que forças totalitátirias e manipuladoras estão presentes até hoje em quase todos os países do mundo. A intolerância, o radicalismo e preconceitos como racismo, machismo, LGBTQIA+fobia, psicofobia, etc, enaltecem ainda mais essas forças. Além disso, o documentário alerta que, ao permitir que esse tipo de liderança ganhe poder, é possível que aconteça mais uma tragédia como o holocausto. Com isso, o longa deixa claro que é primordial aprender sobre história para que a sociedade não repita os mesmos erros do passado.

Confira o trailer:

As três vidas de Frieda Wolff | Trailer from Bretz Filmes on Vimeo.