Existem várias formas de vivenciar o luto. O sentimento é o ponto central do filme Até que a Música Pare, produção nacional distribuída pela Pandora Filmes.
A trama gira em torno de um casal que está junto há mais de 50 anos e como eles lidam com a vida após o último filho sair de casa. Ambientado na Serra Gaúcha, o longa retrata a cultura local e apresenta, de forma leve, um tema que para muitos pode ser delicado.
Enredo que envolve luto
Depois que o último filho sai de casa, Chiara (Cibele Tedesco) se sente sozinha e a lembrança de um filho falecido volta a assombrá-la. Esse é o início da trama, onde vemos a rotina da senhora, sem uma companhia diária e vários momentos de pura solidão. Então, procurando preencher o espaço vazio deixado no seu dia a dia, ela decide acompanhar o marido Alfredo (Hugo Lorensatti) em suas viagens como vendedor pelas bodegas da serra.
A história vai se desenrolando dessa forma, buscando mostrar de forma sutil o que passa na cabeça de uma senhora que perdeu um filho e tenta lidar com a dor do luto. A virada de chave acontece quando Chiara começa a implicar com a maneira com que o marido lida com as vendas e acaba descobrindo um segredo. Sendo assim, a relação do casal acaba estremecendo e um momento de ruptura acontece. Porém, tudo piora quando, durante uma briga, um segredo dela também é revelado.
O sentimento forte, que muitas vezes pode ser até encarado como um tema tabu, é retratado na história de uma forma mais leve. Isso é resultado de um ótimo trabalho da direção de Cristiane Oliveira e da atuação do casal protagonista, que demonstram as emoções de seus personagens de forma sutil, mas com alta carga emocional.
Nas cenas em que as lembranças do filho falecido invadem as mentes dos personagens, o jogo de luz e sombra dá um ar nostálgico. A representação do apego emocional na hora de superar a dor da perda também acontece. Isso fica claro quando Chiara se apega a uma ideia de que a tartaruga pode representar algo além do animal em si.
A representação cultural na história
Um ponto alto do filme é a representação cultural da região da Serra Gaúcha. Em grande parte do longa, o Talian é utilizado em diálogos dos personagens. O dialeto italiano acaba sendo uma ótima forma de apresentar ao telespectador como a população da região se comunica. Além disso, o longa mostra quais são os costumes e hábitos das pessoas que moram em algumas regiões do Sul do Brasil.
Outra parte importante que chama atenção acaba sendo a representação religiosa. Na história, temos uma mãe católica que não entendia porque o filho não acreditava em Deus. No entanto, em uma reunião familiar, ela conhece o namorado da sobrinha que é budista. A partir de uma conversa que ela tem com o italiano, Chiara busca entender mais sobre o budismo e a relação da religião com a reencarnação.
Entre a cultura que ela conhece e a desconhecida, a senhora acaba buscando o conforto necessário para lidar com o luto. Uma perda grande pode mexer muito com a mente do ser humano.
Vale a pena assistir “Até que a Música Pare”?
Com uma bela fotografia das paisagens do Sul e uma boa direção de Cristiane Oliveira, o filme entrega uma história emocionante e leve. Um tema que, normalmente, é visto com muita dor e sofrimento, nesta obra é apresentado de uma maneira totalmente diferente. Sendo assim, o telespectador acaba envolvido com a história.
A carga dramática aparece de maneira certa nas cenas que precisam desse peso emocional, enquanto outras cenas conseguem tirar um sorriso de quem está assistindo ao filme. No geral, a obra entrega uma história que vai além de um sentimento dolorido.
Por fim, Até que a Música Pare estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 03 de outubro. Confira a programação da rede da sua cidade.
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