Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014) e La La Land: Cantando Estações (2016), do cineasta Damien Chazelle, ambos filmes premiados e aclamados pela crítica, não foram, entretanto, unanimidade de público. Babilônia, do mesmo diretor, muito provavelmente também não será. Seja pela longa duração (180 minutos), fator que sempre afugenta o espectador – principalmente quando não estamos falando da Marvel ou de produções como Avatar (James Cameron, 2009) -, mas também pelo conteúdo, de certa forma denso, que abarca cerca de cinquenta anos da história do próprio cinema, perpassando pelos desregramentos escandalosos e a avidez de múltiplos personagens durante o começo da ascensão de Hollywood.

Com esse plano de fundo e muita (muita) música, Chazelle nos apresenta ao ambicioso Manny Torres e à sedutora Nelly LaRoy (Margot Robbie) – encarnados, respectivamente, por Diego Calva e Margot Robbie, em atuações tão esplendorosas quanto à indústria que representam – e ao decadente Jack Conrad (Brad Pitt).

babilônia

Enredo

No enredo, uma câmera nervosa acompanha a velocidade das transformações do cinema desde o seu nascimento até meados da década de 50 do século passado. A trilha sonora, com sucesso, ilustra os excessos diários de uma vida insana na nascente indústria dos sonhos.

Babilônia é exatamente para esse público que, como Manny, acredita em “algo maior”, algo que somente a arte que encerra em si mesma todas as outras seis consegue fazer, que é maior do que ela mesma. A arte que há mais de cem anos encanta gerações. Quem conhece um mínimo de sua história vai se sentir tão nostálgico quanto alguém que não era nem nascido à época dos acontecimentos retratados poderá se sentir.

Com maestria e através de um roteiro tão bem feito e diretamente proporcional à “tresloucadisse” desse ambiente – além do elenco já citado, que também inclui a elegante Olivia Wilde, e um humor exuberante como Margot Robbie -, Chazelle nos brinda (de novo) com uma verdadeira e emocionante obra-prima (e não, ninguém canta dessa vez!).

Um projeto ambicioso, sim, mas que não soa pretensioso. Merecedor de figurar na lista de qualquer premiação, Babilônia vai encantar os corações mais sensíveis e principalmente os conhecedores dos clássicos daquele “era uma vez” de Hollywood.

Um “era uma vez” que foi afetado pelo progresso – do mudo para o falado, do preto e branco para o colorido, da película para o 3D. Desestruturando toda uma velha guarda, porque como dizia Elis, o novo sempre vem, e aguente o tranco quem puder.

Eis, portanto, que Chazelle orquestrou uma aula de cinema pela história de Hollywood – a fábrica dos sonhos que criou algo maior do que si mesma. Maestro de atuações brilhantes e de uma produção que, prevejo, não deixará de ser reconhecida.

O longa vale cada um dos seus 180 minutos – desde o momento em que Chazelle gritou “ação!”, até o momento do corte final. Pura arte, uma história que, literalmente não tem fim. Vai da Babilônia até o infinito e além.

Crítica por Lívida Guimarães para o Portal GeekPop News