Estrelado por Nicole Kidman, o suspense erótico Babygirl finalmente chegou aos cinemas brasileiros. Na trama, a CEO de uma empresa coloca sua carreira e vida pessoal em risco quando começa a se envolver com um estagiário (Harris Dickinson) e dá início a um jogo de poder e submissão.
Após assistir o filme, fica claro o motivo pelo qual o nome de Kidman está sendo tão falado durante essa temporada de premiações. A atriz, inegavelmente, entrega uma das melhores performances de sua carreira em um papel extremamente delicado e ousado de se interpretar.
O público-alvo de Babygirl é claramente feminino e o filme não faz questão nenhuma de esconder isso. Escrito e dirigido por uma mulher (Halina Reijn), a parte erótica do filme definitivamente se manifesta fisicamente, porém, o grande foco é o mental.
Para além dos jogos mentais de poder, submissão e de tudo o que está em jogo para a protagonista, as próprias cenas de sexo focam muito mais nos momentos de tensão que a antecedem, nos diálogos, nos sons e em toda a atmosfera e sensorial do que no sexo em si. Isso não significa que o filme não é explícito – sugiro fortemente não assistir com sua família – mas sim que ele aborda a sexualidade de uma forma diferente do que costumamos ver em longas dirigidos por homens, por exemplo.
LEIA TAMBÉM: Globo de Ouro 2025 | Confira todos os vencedores
Outro tema bastante delicado abordado no filme são os fetiches. Reijin tenta mostrar, através da personagem de Romy, como as mulheres são condicionadas a se reprimir sexualmente e a não explorar seus desejos e vontades devido aos tabus da sociedade. Casada, mãe de dois filhos e CEO de uma empresa de sucesso, a protagonista representa um desejo de muitas mulheres: não precisar estar no controle a todo momento. O desenvolvimento de Romy conforme a evolução de sua relação com Samuel mostra essa transição gradual da repressão, ao desconforto, até a aceitação e liberação.
A fotografia do filme também traz uma proposta diferente do que costumamos encontrar em filmes do gênero. Os takes mais longos, com iluminações que oscilam entre tons amarelados e azulados, quentes e frios, refletem a oscilação dos sentimentos dos personagens e da atmosfera de cada cena. Outro ponto interessante é o contraste com a estética polida e luxuosa da protagonista, que traduz visualmente essa dualidade entre a Romy que todos conhecem e quem ela realmente é em seu interior.
Acredito que a história poderia se beneficiar de mais desenvolvimento em alguns aspectos e personagens – como o relacionamento de Romy com suas filhas, a figura de seu marido, interpretado por Antonio Banderas, e até mesmo Samuel. Sempre com um meio sorriso, respostas engraçadinhas e a capacidade de saber o que Romy quer antes dela mesma, o personagem intrigante e impecavelmente interpretado por Harris Dickinson não recebe muito contexto para além de suas cenas com a protagonista.
Em linhas gerais, Babygirl é um filme feito por e para mulheres, que se propõe a ser mais do que somente um filme sobre sexo, e sim uma produção ousada que questiona tabus, sexualidade e libertação feminina. Se não fosse Nicole Kidman, essa proposta talvez não desse tão certo, porém, a atriz entrega as nuances necessárias para que o longa seja bem-sucedido em sua proposta.
Para mais textos e notícias do universo geek sigam o GeekPop News no Instagram e Facebook.