Batman, estreia com um tom sombrio com a pegada investigativa. É o retorno solo do Homem Morcego as telas do cinema como um trunfo marcante para a direção Matt Reeves. A atuação incrível de Robert Pattinson é talvez o que possa mais surpreender o público que não o conhece para além de Crepúsculo.
O que Reeves consegue trazer para a tela é a mais pura sensação de investigação noir. Diferente de outras versões, esse filme foca no herói mascarado, deixando Bruce Wayne como somente um álter ego do Batman. É uma inversão de papel necessária, algo bem diferente do que se viu até agora. A escolha dos vilões mais clássicos também ajudaram a sensação de nostalgia, ou seja, com Pinguim, Falcone, Charada, mulher-gato.
Robert Pattinson como Bruce Wayne foi uma escolha um tanto quanto inusitada. Mas é preciso lembrar que Pattinson tem muita versatilidade na atuação. Sem muitas caras e bocas, ele entrega um homem sério, comprometido com seus valores, humano com suas falhas e suas dúvidas, e com muita vontade de bater nos vilões. Se por um lado o tom sério desse filme já seria suficiente para defini-lo, por outro, a violência brutal é outra característica marcante. Não com cenas exageradas de sangue, ou seja, é violência bem elaborada, bem ensaiada, bem filmada.
A fotografia do filme também impressiona, principalmente as tomadas de brigas. Muito bem ensaiadas e com cortes precisos valorizando essa intenção do diretor em mostrar um homem morcego forte o suficiente mas humano por baixo das roupas pretas. E que trilha sonora incrível. A música tema, tocada em orquestra, faz com que o o melodrama gere uma sensação de ansiedade e de melancolia. Desse modo o espectador pode se sentir como Bruce Wayne debaixo da capa envolto em sua dor.
É preciso comparar com outros filmes do Batman? A resposta é não!
Quantos outros filmes do Batman foram lançados? É fácil cair na tentação da comparação, o que pode ser um tanto quanto contraindicado agora. Veja bem, o que Joker fez no cinema foi exatamente o mesmo que Batman está tentando fazer agora. Reescrever um capítulo na história de seu personagem. Então, no que outros diretores erraram ou acertaram, esse batman de agora é diferente. É agradável aos olhos ver um Bruce menos caricato em sua riqueza, e também de ver que os seus utilitários beiram o amadorismo. É uma retomada interessante aos quadrinhos tradicionais. O batmovel, inclusive, está incrível aos olhos . Parece que saiu direito de um filme de Velozes e Furiosos, com o ronco do motor parecendo que quer matar alguém. E não tem toda a parafernália tecnológica que acostumamos a ver recentemente.
Um ponto alto também foi a escolha de Zoe Kravitz para interpretar Selina Kyle, a mulher gato. Kravitz é uma boa atriz, mas ao trabalhar em um filme assim, recheado de expectativas, a experiência de Kravitz ficou evidente. Talvez pudesse ter tido mais espaço para ela na trama, um pouco mais dos roubos e das falcatruas características da personagem. Mas se tratando de um filme de ação, focar nisso foi uma boa estratégia também. O par romântico, entretanto, pode decepcionar quem espera um super romance.
O Universo DC
Para Matt ficou o trabalho de tentar sair um pouco do universo DC, ou seja, com todos seus heróis coloridos, humor exacerbado e vilões apocalípticos. Para Batman, o que ele trouxe foi humanidade, vilões gananciosos e dramas reais. A escolha do Charada, vivido por Paul Dano, foi uma amostra de como ele queria um drama inteligente, ele preferiu dar foco ao objetivo e não ao bandido. É nesse ponto que mais podemos observar os acertos da escolha da direção. O o drama é escalável, ele começa e termina no mesmo ponto. Isso fica evidente na amizade do Batman com Gordon (Jeffrey Wright), que logo no começo já aparenta ser de longa data.
Enfim, Batman agora tem um novo capitulo, uma nova história, um novo recomeço. Podendo se diferenciar, ocupando um espaço deixado por outros diretores, outros batmans, outros vilões caricatos.