Assistimos o mais novo filme do renomado diretor de animações, Marão, o longa “Bizarros Peixes das Fossas Abissais”. O filme conta com o elenco formado por Rodrigo Santoro, Natália Lage e Guilherme Briggs como vozes originais. Confira aqui a nossa crítica do filme.

Anteriormente, falamos sobre o anúncio deste longa aqui no portal e como ele marcava a estreia de Marão em longas-metrgens animadas. O diretor conhecido mundialmente por seus curtas animados como: “Até a China” (2015), “Eu queria ser um Monstro” (2009), “O Anão Que Virou Gigante” (2008), “O Arroz Nunca Acaba” (2005), “Chifre de Camaleão” (2000) e “Cebolas são Azuis” (1996). E este último sendo a sua estreia na direção de curtas de animação.

Crítica | Bizarros Peixes das Fossas Abissais
Divulgação: Sessão Vitrine Petrobras

O filme “Bizarros Peixes das Fossas Abissais” tem feito uma linda trajetória em festivais internacionais nacionais. Onde recebeu Menção Honrosa dentro da Première Brasil – Novos Rumos no Festival do Rio deste ano. Assim como, recebeu o prêmio de Melhor Longa pelo Júri Popular do MONSTRA Festival, em Lisboa. Fazendo parte da programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e do Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano de Havana (Cuba).

Além disso, o filme conta com elenco de peso, fazendo que todos os seus personagens fiquem marcados durante sua participação. No longa temos Natália Lage como uma jovem superpoderosa, Guilherme Briggs como uma nuvem com incontinência pluviométrica e Rodrigo Santoro como uma tartaruga com TOC.

Um caos urbano e um humor nonsense

Crítica | Bizarros Peixes das Fossas Abissais
Divulgação: Sessão Vitrine Petrobras

O filme é uma celebração ao caos urbano com uma mistura de história heroica e um humor nonsense. Mas escrito de uma maneira que compreende a humanidade contida no longa. Marão e seus parceiros, que no caso são mais dois Rosaria Fernando Miller, este último tem uma piada recorrente no filme, conseguem realizar o incrível trabalho de nos guiar desde o centro do Rio de Janeiro, os campos verdejantes de Araraquara e os castelos medievais da Sérvia.

Tudo isso, em traços distintos, guiados por um espírito artístico e aventureiro, que consegue misturar e harmonizar uma série de técnicas. E assim, contendo cenas em traços simples preto e branco e logo em seguida, sequências inteiras com texturas coloridas complexas. Com personagens surgindo e desaparecendo nas sombras de maneira elegante, durante os momentos de reflexão, mas logo depois transformados em caricaturas cômicas de si mesmos. 

O resultado é um filme que, em menos de 1h20 de duração, contém diversas camadas a sendo exploradas e trabalhadas. A nuvem amigável é um sidekick da protagonista, uma jovem superpoderosa em busca de um mapa misterioso. Mas, enquanto nosso sidekick ganha uma certa canalhice inofensiva, a nossa heroína distorce a realidade com seus poderes bizarros, alterando detalhes do cotidiano sempre que faz uma de suas transformações.

Bizarros Peixes das Fossas Abissais mostra sagacidade como aventura, com um ritmo alucinante da trama. Aproveitando da liberdade imaginativa da animação, o filme convence de que está pesadamente investido em um caminho narrativo, para logo em seguida, partir para outro completamente diferente. E não é que certas tramas sejam abandonadas pela metade, ou que personagens surjam e desapareçam de forma inconsequente e sem muita explicação. Muito pelo contrário, tudo o que acontece na história tem uma razão e motivo para estar aqui.

O longa é ótimo no jogo de preparação e recompensa peculiares a qualquer roteiro, o escopo da narrativa é expandido e retorcido a todo momento. Além disso, nos apresentando a novos cantos e consequências do mundo ficcional que o filme cria. Sendo assim, um show de traços e movimentos que usa e abusa do desenho como forma de fazer uma reflexão, sobre as distorções e prazeres subjetivos da memória. E que às vezes esvazia a tela de propósito retratando o efeito desorientador que é perder a memória.

Vale a pena?

Crítica | Bizarros Peixes das Fossas Abissais
Divulgação: Sessão Vitrine Petrobras

A resposta para esta pergunta é um sonoro sim, Bizarros Peixes das Fossas Abissais vale a pena ser visto e revisto. Uma das coisas mais inesperados é a mudança na direção de um drama familiar íntimo no último ato, por um clímax de ação e à expectativa do público por uma luta entre a heroína e os vilões. Não sendo apenas o espectador se vê envolvido com as emoções dos personagens. Ao decorrer da história, pode se notar a abundância criativa do filme como ela é: uma ode a tudo o que nunca queremos esquecer.

Enfim, um filme que responde a um dilema com o qual Hollywood tem brigado muito: Como dar ao público algo que eles não esperam. E assim, portanto, evitar o desgate dos produtos padronizados, quando o mesmo público torce o nariz para tudo aquilo que não é familiar?Bizarros Peixes das Fossas Abissais responde essa pergunta, dizendo: “Siga o seu coração e, com certeza, você chegará lá.”.

O filme contará com distribuição da Sessão Vitrine Petrobras em parceria com a Boulevard FilmesBizarros Peixes das Fossas Abissais estreia no dia 25 de janeiro de 2024.