Com Jackie Chan, o filme Bons Companheiros é uma comédia cheia de drama e ação. Produzido pela A2 Filmes, o longa escrito e dirigido por Larry Yang não só trouxe um dos melhores filmes do ator, mas homenageou toda a carreira de Chan, principalmente no cinema chinês.
Na história, um famoso dublê de filmes de ação se vê diante de uma indesejada aposentadoria, junto com seu cavalo Ventania. No entanto, devido a uma briga de rua, Mestre Luo Zilong (Chan) consegue um papel em um grandioso filme. Só que, inesperadamente, essa oportunidade pode lhe custar seu amado companheiro Ventania. Então Luo decide pedir ajuda a sua filha quase advogada, Bao Zilong (Liu Haocun), para resgatar o cavalo de um leilão. Nesse meio tempo, pai e filha encaram os fantasmas do passado e as dores, tanto físicas quanto emocionais, causadas pela carreira de dublê que o distanciaram da filha.
Um legado memorável
Não há uma criança ou adolescente dos anos 2000 que não se lembre de Jackie Chan. Filmes de comédia cheios de ação, drama e muitas coreografias de kung fu. Em “Bons Companheiros”, pode considerar que Jackie Chan protagonizou uma cinebiografia indireta de sua própria vida. Assim como para Mestre Luo, para o ator a idade também chegou e suas aparições nas telonas não são mais frequentes. Ainda mais que quando se espera um filme de Jackie Chan as expectativas de grandes cenas de kung fu são geradas instantaneamente.
Porém, Larry Yang mostra ao público como Jackie Chan ainda sabe lutar muito e ainda entregar uma atuação comovente. Em todo o filme é notável como o diretor enfatiza a importância da carreira do mestre kung fu, principalmente como dublê, quando mostra os antigos trabalhos do ator. Tanto que Mestre Luo Zilong tem como objetivo, inclusive com Ventania, de formar discípulos para o kung fu e com dublês capacitados pra a indústria cinematográfica, uma simbologia ao legado de Jackie Chan
O cinema chinês é o segundo homenageado de Yang, o filme todo é ambientado em Hong Kong, o elenco é todo nativo e as atuações são cômicas, um atributo cultural do cinema chinês. Não há sequer uma característica do cinema hollywoodiano. Na verdade, o diretor critica o cinema americano pelo uso, e abuso, de CGI em algumas produções. Um detalhe, simples e inteligente, que esconde essa critica do diretor está na família de Mickey, namorado de Bao.
Vale a pena assistir?
A história de “Bons Companheiros” é comovente. Com uma narrativa divertida e ao mesmo tempo profunda, o filme se comunica com todas as gerações. Larry Yang entrega um roteiro denso, um pouco arrastado no começo, mas coeso e preenchendo todas as lacunas. Cada personagem é desenvolvido de maneira que suas dores e motivações sejam compreendidas pelo público. Com as particularidades do cinema chinês, Yang entrega uma direção impecável.
É um excelente filme para um momento cinema com a família ou se você busca um filme divertido e emocionante. Garanto que ao terminar de assistir “Bons Companheiros” você vai ter refletido, positivamente, sobre sua relação familiar e querer um cavalo chamado Ventania.
Redatora em experiência sob supervisão de Giovanna Affonso.
