Brichos 3 – Megavírus será lançado nesta quinta-feira (20/7), pela O2 Play, mas o Geekpop News já deu uma espiadinha na animação. A sequência dos dois outros filmes mostra as aventuras e confusões da Vila dos Brichos. Desta vez, um Megavírus ataca a vila, atingindo a mente das pessoas e colocando quase toda a cidade em estado de coma. Diante da situação, a parte saudável da comunidade decide se unir para salvar os doentes. 

Tudo começa quando o tamanduá Bandeira pega um vírus que o deixa de cama, com febre e sintomas semelhantes aos de uma gripe. Em dado momento, um de seus espirros faz com que um escarro suje a tela de seu computador. Algum tempo depois, ele adormece com a cabeça deitada no teclado de seu computador e clica, acidentalmente, em um link suspeito. Com isso, o vírus do computador mistura-se com o do escarro de Bandeira gerando o Megavírus.

Essa nova espécie se espalha pelas telas da cidade inteira através do computador do tamanduá, que continua adormecido em seu quarto. Assim que batem o olho na tela de seus smartphones, televisões e laptops. Então, todos os moradores da Vila dos Brichos ficam com os olhos vidrados e o corpo completamente paralisado, em um estado praticamaente catatônico.

A problemática do uso excessivo de telas

Embora o começo do filme traga a sensação de não haver nenhuma história além da rotina de adolescentes comuns, após meia hora de exibição a animação evolui para uma excelente crítica ao uso excessivo de telas e da internet. A partir de então, o expectador entende que o comportamento dos personagens (inclusive suas falas homofóbicas), fazem parte de uma lição a respeito do ódio que permeia as redes sociais.

Afinal, é preciso nos questionarmos: até que ponto as discussões e brigas que vemos na internet interferem em nossas opiniões pessoais e visão de mundo? E principalmente: Até que ponto deveríamos permitir que isso acontecesse? Além disso, a mensagem sobre ter empatia com o próximo independente da origem de nossos preconceitos (se é virtual ou não), também é bem clara.

Curiosamente, apesar diversos aspectos do filme parecerem uma alusão à pandemia de covid-19, Paulo Munhoz escreveu o filme cinco anos antes de a crise sanitária mundial acontecer. Porém, a animação foi gravada durante a pandemia. A semelhança entre os acontecimentos dos últimos três anos e os do longa é mera coincidência. Uma das falas mais potentes do roteiro cai como uma luva tanto para a endemia do filme quanto para a pandemia da vida real: “a cultura liberta e a ciência salva“.

Em 2015, o roteiro do paranaense Paulo Munhoz foi certeiro. Não por acaso, visto que a incidência do uso excessivo de telas apenas aumentou de lá para cá. Um estudo realizado pela YouGov constatou que cerca de 52% das mulheres e 34% dos homens sofrem com nomofobia (vício em telas; ou “fobia em ficar sem o seu celular“, em tradução livre), justamente por não terem contato com imediato com outras pessoas quando seus celulares estão desligados. Com isso, entende-se que a temática é extremamente atual.

Diversão para toda a família

Com diálogos bem divertidos, o enredo ainda faz algumas referências aos anos 2000, como os vírus que aparecem na tela inteira de um site anunciando um prêmio a ser recebido se o usuário clicar em algum link. Também é interessante a forma como a animação representa diversas crenças através de seus personagens, trazendo a crença espírita para o arco principal através da temática sobre ressureição e viagem astral. Além disso, o que não falta é variedade de sotaques: com muita riqueza cultural, os personagens apresentam desde o sotaque sulista até o nordestino.

O único defeito do roteiro vem a ser a falta de naturalidade em alguns diálogos, principalmente na forma como se representa as gírias ditas por adolescentes. Mesmo assim, os diálogos apresentam um humor leve e apropriado à classificação indicativa livre da animação, e cumpre o papel principal da trilogia Brichos: incentivar a valorização do cinema nacional.