Nesta quinta-feira (16), chega aos cinemas Cafi, documentário produzido por Lírio Ferreira e Natara Ney. O longa retrata a vida e obra de Carlos Filho, fotógrafo brasileiro conhecido por colaborar em capas dos discos mais conhecidos da música brasileira. 

Carlos Filho, o Cafi

Nascido no Recife, em 1950, o fotógrafo Carlos Filho, carinhosamente chamado por Cafi, mudou-se para o Rio de Janeiro ainda na adolescência. Foi no Rio onde teve seu primeiro contato com a fotografia. E, assim, dedicou-se integralmente às lentes fotográficas até o fim de sua vida. Cafi faleceu em 2019, em decorrência de um infarto.

Cafi protagonizou o trabalho por trás de mais de 300 capas de discos da música brasileira. Entre os destaques, colaborou com nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque, Edu Lobo, Beto Guedes, Geraldo Azevedo, Nana Caymmi, Toninho Horta; Fagner; Jards Macalé, Lô Borges, Blitz e Alceu Valença.

Todos esses nomes (e mais) são honrosamente mencionados durante o documentário, com depoimentos surpreendentes de alguns dos cantores impactados pela obra de Cafi. Os depoimentos, intercalados com as histórias do fotógrafo, deixam o documentário mais dinâmico e curioso de se assistir. De forma em que nos instiga a querer saber um pouquinho mais dos bastidores das capas.

Cafi e Alceu Valença conversam em frente as lentes do documentário. Créditos da Foto: Karina Hoover.

As lentes que conquistaram a Música Popular Brasileira

Durante o documentário, fica evidente o quanto a música popular brasileira transcende do lugar de arte, onde artistas conquistam corações e mentes do povo, deixando marcas inestimáveis em nossa cultura. 

Na década de 60, para além de conquistar o público, Cafi conquistou artistas. É um destaque reconhecido durante todo o longa: as lentes de Carlos Filho, o Cafi, seriam eternizadas no imaginário do povo brasileiro. Sua arte estamparia as capas dos discos mais ouvidos do país, com fotografias emblemáticas e provocativas. Acompanhando toda a trajetória de Cafi, o documentário faz bem em colocar como cenário lugares que fazem parte não só da obra do fotógrafo, como também de sua vida pessoal. Imagens capturadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco preenchem o enredo com a voz de Cafi ao fundo, que emociona ao contar sua história e falar sobre a carreira.

Entre as fotografias, a icônica capa do álbum Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges. Clube da Esquina embala a narrativa do documentário, misturando-se de forma harmoniosa a vida e obra de Cafi, de forma inteligente, evidenciando como o trabalho do fotógrafo é um marco na nossa cultura – hoje, ao falar sobre o álbum, é impossível não se comentar a capa eternizada na MPB.

A icônica capa de Clube da Esquina (1972).

Considerações finais

O documentário apresenta a obra de Cafi a altura de sua grandiosidade. Acompanhar a trajetória do fotógrafo sob seu ponto de vista é leve e interessante, sem perder, ao mesmo tempo, as capturas cuidadosas da narrativa construída por Lírio Ferreira e Natara Ney.

A sonoplastia é inserida não só como um aspecto técnico da obra, mas também com um elemento de importância na narrativa. A trilha sonora acompanha o passar dos anos, junto as capas que Cafi colaborou com diferentes artistas. É definitivamente um ponto fundamental da obra e cumpre muito bem o trabalho de envolver o público a história por trás do documentário.

Em suma, Cafi é uma obra muito bem elaborada e trabalhada por Lírio Ferreira e Natara Ney. Dessa forma, aos amantes da cultura brasileira, é um prato cheio para mergulhar na história de nosso país pelas lentes de um dos maiores fotógrafos do Brasil e sua relação com a Música Popular Brasileira. Portanto, vale a pena ser visto nos cinemas.