O filme argentino ‘Matar a la Bestia’ de 2021 estreia nos cinemas brasileiros no dia 28 de abril de 2022 com o título ‘Como Matar a Besta’.

Na trama, Emilia de 17 ano é uma jovem de Buenos Aires, que viaja até a sua tia que tem um hotel em uma cidade perto da divisa entre Argentina e Brasil. A menina procura por seu irmão a fim de recuperar laços perdidos da família após a morte de sua mãe. Chegando no hotel de sua tia Inês, os moradores locais contam para ela sobre uma besta a solta, procurando por vítimas. A besta — pelos rumores — é o espírito de um homem mau que toma a forma de diferentes animais. Entre realidade e mitologia, humano e animal, culpa e sexualidade, Emília terá de confrontar seu passado.

Com direção e roteiro de Agustina San Martín, a produção que mistura folclore, crenças populares e sexualidade, parece querer passar uma grande mensagem, mas no fim não diz nada.

Com planos exageradamente longos que prejudicam na boa fotografia, o filme se torna cansativo e um eterno “cri-cri-cri”, por conta do excesso de plano-sequências que não dizem nada.

Apesar dos pesares, o filme tem seus pontos positivos como os efeitos visuais; a neblina sob a cidade causa a sensação de algo mistico no ar que envolve a região. Além da presença constante de animais em tela reforça a presença do perigo — a besta.

A direção acerta em algumas cenas pontuais, que deixam o clima misterioso. E essas sendo realmente relevantes para a trama e fortalece a narrativa; elas dizem algo sem tornar nada expositivo, deixando para que o público interprete a mensagem. 

Elenco de ‘Como Matar a Besta’

A protagonista Emilia é igualmente cansativa e entediante. Sem carisma, Tamara Rocca não consegue passar nenhuma emoção, mesmo quando a personagem está sim, repleta de sentimentos.

Juliette Micolta interpreta bem o mistério por trás da personagem, e consegue dizer muito com seus olhares e expressões corporais, mesmo sem muitos diálogos.

Ana Brun que interpreta a tia Inés, consegue passar um desconforto no início e aos poucos conquista o telespectador com essa figura estranhamente confiável.

Imagem: Sessão Vitrine

Talvez o que se imagina é que o roteiro tive a intenção de usar a besta como uma metáfora, uma comparação com a própria protagonista. Mas no final ficou algo confuso e entediante. A falta de diálogos unida com planos demasiadamente longos torna o filme cansativo. As dúvidas permanecem até o fim, e deixa o telespectador se questionando qual a ideia inicial da produção. 

O longa deixa a sensação de que poderia ser melhor; se tivesse planos menores, usasse do recurso dos diálogos para que não ficasse dependente apenas da interpretação do telespectador. É importante o filme não ser expositivo, mas é igualmente importante a produção ser compreensível.

No final ela encontrou o seu irmão ou tudo isso foi uma luta interna sobre sua própria sexualidade e desejos? Não se sabe, e muito menos se sabe como matar a besta.