“Não importa o que aconteça, você vai ficar bem!” Esse é o lema de “Como Seria Se…”, nova comédia romântica da Netflix. Com uma trama simples e uma história sobre amadurecimento, a produção é uma surpresa positiva para quem não busca o lado romântico da história. Entretanto, para quem busca uma comédia bobinha de domingo, talvez esse filme não seja o esperado.

No filme acompanhamos Natalie (Lili Reinhart), uma jovem de 22 anos que está prestes a se formar na faculdade e tem a sua vida planejada. Formatura, mudar para Los Angeles com sua melhor amiga, trabalhar como ilustradora e só depois pensar na vida adulta. Contudo, após um noite com seu amigo Gabe (Danny Ramirez), ela decide fazer um teste de gravidez na sua festa de formatura. E é nesse ponto que a narrativa se divide em duas: uma em que o teste é positivo, e outra em que Natalie não está grávida.

Com direção de Wanuri Kahiu, as histórias simultâneas podem ser um pouco confusas no inicio, porém a visão delicada de sua diretora logo consegue encontrar seu ritmo. “Como Seria Se…”, mesmo com uma sinopse bobinha, excede na qualidade esperada para uma obra desse porte. Além disso, o uso de elementos narrativos visuais, como a cor azul para um futuro e a rosa para outro, facilita a percepção do público de quem é quem na narrativa. Outro ponto importante é a leveza com que o roteiro permite apreciar as duas realidades, sem a necessidade de escolher uma favorita. Todas as escolhas e experiências têm seus pontos altos e baixos, é preciso aproveitar o percurso.

Lili Reinhart e Danny Ramirez em Como Seria Se…| Imagem: Netflix/divulgação

Dois lados da mesma realidade

A principio, o tema de maternidade não atrai tanto quanto o futuro planejado. Todavia, o roteiro de April Prosser surpreende ao apresentar uma visão sem glamourização e real do que é vivido pelas mulheres nessa fase tão diferente. Em um dos diálogos iniciais desse universo, Tina (Andrea Savage), mãe de Natalie, comenta sobre o sentimento de luto na maternidade, como uma forma de sentir falta da pessoa que costumava ser. Com esse tipo de escolha, o longa se eleva de uma comédia básica, para uma história capaz de ser sentida.

Do mesmo modo, o arco da Natalie profissional apresenta os seus próprios desafios, em específico para os telespectadores que estão na mesma situação: recém-graduados, na faixa dos 20 anos e em busca de um destaque profissional. Essa vertente também apresenta o segundo par romântico da história, Jake (David Corensweet). Mesmo sem grandes acontecimentos, sua presença força a reflexão de que não existe apenas uma pessoa certa, pois ela depende de quem você é.

Ao se tratar de elenco, o filme apresenta uma qualificação adequada para a história, com destaque para a protagonista. Após Riverdale, Lili Reinhart não apresenta as melhores referências de atuação, entretanto no longa apresenta um desempenho suficiente para carregar a história e tornar credível as angústias e felicidades da personagem. Ainda, o uso da sua profissão pela direção de arte como elemento da narrativa, torna até os momentos mais parados em agradáveis de assistir.

Por fim, o longa é agradável e cumpre sua função. Com um roteiro não óbvio, pouco usos de clichês ou diálogos sem sentido, “Como Seria Se…” é uma boa surpresa para quem não se interessou pelo trailer. A comédia romântica aqui é secundária a uma trama real, que demostra os medos e as alegrias da vida adulta. Nesse sentido, é sempre importante relembrar que, independente do caminho escolhido, a felicidade está lá.