“De Pai para Filho” é um filme que nos convida a explorar a complexidade das relações familiares e o impacto do passado no presente. Dirigido com uma sensibilidade notável por Paulo Halm, o filme constrói um retrato íntimo e comovente de reconciliação e perda, utilizando poucas locações para criar uma atmosfera claustrofóbica, mas intensamente pessoal.
A narrativa gira em torno de José, interpretado por Juan Paiva, que viaja ao Rio de Janeiro após a morte de seu pai, Machado, vivido por Marco Ricca. O filme aborda temas universais como abandono, reconciliação e o luto, com uma premissa ousada que coloca o fantasma de Machado tentando se reconectar com o filho. A história, embora simples, é potente, explorando como a ausência paterna moldou a vida de José e seu caminho para encontrar paz e compreensão.
Paralelo a tudo isso, é importante destacar que o filme tem uma característica de dramédia, e que flerta com o romance, já que José inevitavelmente se apaixona por Dina. Um amor que nasce do encontro entre a dor de um e o sentimento de solidão do outro, e que no fim, parecem ser exatamente o que o outro precisa.
Atuação e personagens que ganham o espectador
Valentina Vieira, como Kat, é o grande destaque do filme. Sua atuação é surpreendente, trazendo uma profundidade emocional que prende o espectador. Kat, uma jovem pianista que estudava com Machado, torna-se uma figura central na jornada de José, ajudando-o a navegar pelo turbilhão de emoções e memórias.
Miá Mello entrega uma atuação extraordinária como Dina, a mãe de Kat. Sua interpretação é carregada de sentimento e autenticidade, oferecendo uma camada adicional de emoção à narrativa. Marco Ricca, com sua presença teatral e monólogos intensos, traz uma dimensão de complexidade ao personagem de Machado, tornando-o ao mesmo tempo, irritante e cativante.
Por outro lado, Juan Paiva, apesar de ter um papel crucial, às vezes parece limitado pelo roteiro, que não explora totalmente seu potencial. Sua interpretação de José, um jovem perdido e amargurado, é sólida, mas poderia ter sido mais profunda com um desenvolvimento de personagem mais robusto.
Direção e Estética dão destaque ao que importa em um filme intimista
A direção opta por uma estética intimista, utilizando poucas locações para criar um ambiente que reflete a introspecção dos personagens. A cinematografia é simples, mas eficaz, com um uso inteligente de cores para valorizar os espaços reduzidos. Cada enquadramento é cuidadosamente pensado para transmitir a sensação de confinamento e a busca por liberação emocional.
A trilha sonora, com toques de nostalgia dos anos 80, complementa perfeitamente a jornada emocional dos personagens. Os efeitos visuais são sutis, mas eficazes, especialmente nas aparições do fantasma de Machado, que adicionam um toque de surrealismo à narrativa sem desviar a atenção do drama central.
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“De Pai para Filho” é um filme singelo, mas impactante. Ele toca fundo ao explorar a dor do abandono e a possibilidade de reconciliação, mesmo além da morte. A simplicidade da história é sua maior força, permitindo que as atuações dos atores brilhem, mostrando a beleza do cinema nacional. Valentina Vieira e Miá Mello são as estrelas que carregam o filme, oferecendo interpretações que permanecem com o espectador muito depois dos créditos finais.
Este filme nos lembra que, às vezes, é nas histórias mais simples que encontramos as emoções mais verdadeiras. “De Pai para Filho” é uma obra que ressoa profundamente, destacando-se pela sua honestidade e pelas atuações memoráveis de seu elenco.
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