Fernanda Young – Foge-me ao Controle é o filme documentário dirigido por Susanna Lira, sobre a escritora, atriz e roteirista. Ela que imprimia em suas obras, sua personalidade e seus pensamentos. Fernanda Young conhecida por seus posicionamentos, faleceu em 2019 aos 49 anos em decorrência de uma crise de asma seguida de parada cardíaca.

O documentário pode ser divido em três partes, a primeira onde conhecemos Fernanda Young, a mulher, um pouco de sua vida misturada com seus trabalhos. Abordando temas como família, seus ideais, o punk, a expressão corporal. Já em segundo, conhecemos a Fernanda, mãe, sua relação com o marido, e como a distância com o pai influenciou seus projetos. Em terceiro, vemos uma Fernanda que aborda temas como depressão e como isso refletiu na pessoa que ela se tornou.

Susanna Lira, em um pouco mais de 1 hora e 20 minutos de filme, adicionou ao documentário, a identidade de Young, conectando entrevistas, imagens pessoais, textos escritos pela roteirista que permite quem assisti entrar um pouco na mente de Fernanda Young.

Assim como Fernanda, o documentário foge da linearidade, e não se constrói como um documentário jornalístico. Incluindo algumas obras do cinema mudo, como plano de fundo. Esses recortes com os poemas da escritora narrado casando perfeitamente, com sua personalidade.

Escritora, roteirista e apresentadora, Fernanda Young.
Reprodução/Instagram

Escrita, sociedade e expressão

Em Fernanda Young – Foge-me ao Controle, Susanna Lira, não conta a história de Young, mas dá espaço para que a própria se apresente. Seja, por seus poemas, seja por suas próprias palavras, com recortes de entrevistas onde quem assisti conhece o furacão Fernanda Young.

Young nunca poupou palavras, ao se expressar desde muito cedo, quando escreveu seus primeiros poemas, e carregou isso por toda sua vida. Suas falas, assim como sua estética, estavam a frente da sociedade em que viveu. Dessa forma, o longa mantém a essência, com poemas e entrevistas que se completavam.

Ela dizia, que sabia as razões que ela não era reconhecida por não “reverenciar os coronéis da literatura”, pois suas obras abordavam temas, que não tocava aquele núcleo. Young não tinha medo de se expressar, tanto em palavras quanto em seu corpo, sua versatilidade com o cabelo e seu total conforto com a nudez.

Essa versatilidade também era vista por seus livros, programas de TV, série e seus desenhos. A mente inquieta de Fernanda era também criativa. O documentário exibi imagens de desenhos criados pela artista, fotografias e vídeos em que se expressava, como o vídeo de abertura do documentário, que registrou uma viagem realizada em 2007 ao Salar do Atacama, no Chile.

Assim, como trechos de entrevistas, séries produzidas pela escritora, e trechos do programa Saia Justa, da GNT apresentado, por Fernanda Young, Rita Lee, Marisa Orth e Mônica Waldvogel.

Personalidade intrínseca em seu trabalho

Durante as entrevistas exibidas no documentário, Young conta que em “Shippados” colocou um pouco de melancolia na personagem de Tatá Werneck, mesclando a comédia e o drama. Além de ter aspectos da vida pessoal de Fernanda, sobre a sua relação com o pai.

Da mesma maneira, que Fernanda era intensa sobre suas opiniões, ela adicionava sua personalidade em seus trabalhos. Outro personagem comentado no documentário, Vani de “Os Normais” tinham muitas nuances de Young.

Seus diversos projetos deixavam a marca de quem era, seja em seus 15 livros, nos roteiros para cinema, ou nas dezenas de séries e programas de TV. No entanto, não era só em seu trabalho, que Fernanda Young marcava com sua intensidade, é possível ver isso, nos vídeos caseiros.

Assim como, nas palavras da filha, e nas palavras da própria Fernanda, ao falar como a maternidade e sua família eram parte de tudo.

Vale a pena assistir Fernanda Young – Foge-me ao Controle

O documentário é uma homenagem, a Fernanda, não só por seu legado, com escritora, produtora e artista, mas também como mulher, mãe e principalmente a intensidade com a qual viveu. Para alguém que conhecia muito mais, o trabalho como roteirista, foi uma surpresa conhecer mais de seus poemas, sua arte e seus pensamentos.

Fernanda Young, se descrevia, por seus pensamentos não lineares, e por isso, a forma como o documentário foi desenvolvido através de seus pensamentos e trabalho. Se permitiu não criar uma regra ou linearidade, para os fãs do trabalho de Young, será como uma nova chance de vê-la e ouvi-lá. E para quem, não conhecia, ainda assim, terá uma boa dimensão de quem foi Fernanda Young, e como seu trabalho ainda carrega sua essência.

Fernanda Young – Foge-me ao Controle, da diretora Susanna Lira, estreia em 29 de agosto, nos cinemas.