Drácula talvez seja uma das figuras mais emblemáticas da literatura e do cinema, e habita o imaginário de gerações. Agora mais um capítulo dessa história ganha vida, a viagem do navio Demeter, que sai da Romênia com destino a Inglaterra, carregando não somente o Conde mas também toda uma história por trás.
O filme é baseado em um único capitulo do livro de Bram Stoker, focado na viagem do navio mercante que leva consigo uma enorme quantidade de caixas misteriosas e um segredo profano. Durante a viagem, vários acontecimentos levam desconfiança, medo e morte para a tribulação.
Roteiro morno contrasta com cenas de suspense bem feitas
A viagem de Demeter começa em um porto na região da Romênia, onde o capitão do navio está em busca de membros para sua tripulação. É onde conhecem um jovem médico, que se oferece para acompanha-los pela viagem. De maneira bem simples, o roteiro não elabora tanto, e já coloca o espectador direto na cena do crime.
A verdade é que o grande interesse no longa é justamente o suspense, porém, ao sabermos de antemão o que esperamos, afinal de contas é um filme do drácula, as surpresas não são tão especiais assim. A medida que os assassinatos acontecem, e a tripulação começa a ensaiar uma revanche, somos logo entregues a uma sucessão de acontecimentos que enfraquecem a narrativa.
Por outro lado, o filme tem uma narrativa interessante a respeito de alguns de seus personagens, apesar de não aprofunda-los. O Capitão do barco aparentemente é um velho marinheiro, e junto a seu neto, tem o desejo de se aposentar enquanto está por cima. O clichê básico, dar uma vida digna para seu neto. Os outros tripulantes são meramente figurativos, no sentido mais literal nesse caso. O personagem Clemens, que é o médico que se aventura como marinheiro, teoricamente deveria ser um dos mais importantes, mas é fragilizado por um roteiro fraco e cheio de lacunas. A atuação do jovem Corey Hawkins também não convence tanto nas cenas de ação, mas recompensa nos monólogos.
O filme tem uma fotografia interessante, a representação do navio é bela, mas deixa bastante a desejar nos closes e nas cenas de ataques. Ora, para que tanto mistério se todo mundo já sabe quem é o assassino. Além disso, nesse filme Drácula está em sua forma de criatura, e mesmo assim, a fotografia não favorece o medo que esse ser poderia levar ao espectador.
Vale a pena assistir no cinema?
O desfecho é previsível e bem morno, e fica a sensação de ser uma introdução a um outro filme, que provavelmente nem acontecerá. Por fim, é preciso dizer que o filme tem acertos sim, ele é um refresco do gênero, tem personalidade em vários momentos, e consegue ser interessante. Mas poderia ter explorado muito mais a história intrigante do maior vampiro da história, e mesmo conseguindo trazer uma visão diferente sobre o tema, acaba embarcando num mar de mesmices e clichês do gênero.