Dungeons & Dragons Honra Entre Rebeldes, a adaptação do jogo de RPG mais famoso entre os players estreia dia 13 de abril nos cinemas e conta com um elenco de estrelas. Chris Pine, Hugh Grant, Regé-Jean Page e Justice Smith. Para quem cresceu jogando RPG de mesa o filme é um deleite de referências, além de acrescentar novos personagens, novas magias, novos poderes, e um ritmo muito ponderado para o roteiro.
Dungeons & Dragons explora um universo que desbrava as décadas
Não é a primeira tentativa de fazer um filme baseado no sistema de jogo, a tentativa mais recente não foi feliz na adaptação. Um grande problema nessas histórias é não conseguirem inovar. Digo isso porque D&D é um sistema, mas o jogos mesmo são elaborados durante a partida na mesa. Sendo assim, percebo que os roteiristas acabam não tendo tanta criatividade na hora de elaborar a história. Se prendem a alguns personagens icononicos, algumas magias iconicas, alguns caminhos mais obvios, e o resultado final sempre acaba sendo clichê, quase sempre envolvendo um ladrão, um mago e um barbáro. No caso desse filme, temos um paladino e uma druida na equipe.
Mas o filme tem entre seus maiores acertos o elenco principal. O carisma desses atores e essas atrizes leva para a tela uma leveza muito poderosa. Isso porque, eles conseguem entregar personagens muito bem construídos, apesar de alguns personagens não serem tão explorados quanto outros. As histórias de cada um também não são contadas na mesma proporção, mas devemos ser justos, não daria tempo para introduzir todos com a mesma profundidade. Sendo assim, o foco principal é em Edgin Darvis (Chris Pine) e Holga Kilgore (Michelle Rodriguez).
Outro grande acerto é trazer para o papel de vilão (ou quase) Hugh Grant. O ator é incrivelmente convincente, e suas caras e bocas caem bem no seu personagem. Assim como a jovem Chloe Coleman, que apesar de ter pouco tempo de tela, e sua personagem não tenha nenhuma profundidade, ela convence e agrada.
A história
Edgin era um membro de um grupo de herois, mas sua ambição pela riqueza, e naturalmente, ao se tornar um ladrão, isso tem um custo muito alto pra ele. Ao ter sua esposa morta por um grupo de assassinos, ele acaba se tornando um ladrão de vez. Ao lado de Holga, ele enfrenta várias aventuras ao criar usa filha sozinho. Nesse ponto aqui podemos entender como que o roteiro tenta introduzir esse drama familiar parar gerar essa afinidade com o espectador. Porém, essa tática não funciona tão bem, já que temos histórias paralelas acontecendo, em que uma acaba sobressaindo sobre a outra em vários momentos.
Os trailer, por exemplo, nos vende a ideia de que um mal gigantesco está pronto para destruir o mundo, más não é bem assim. Tudo acaba correndo de forma lateral, nenhuma das histórias consegue por si só ser o centro das discussões. Ora temos uma busca pela vingança, ora temos uma busca pela riqueza, ora temos uma busca pela sobrevivência de um povo, enquanto descobrimos que existe um plano maligno em vigor para dominar certo povo.
Um dos maiores problemas na narrativa de Dungeons & Dragons é que eles se atropelam. As jornadas dispostas em tela não se completam. Mesmo quando há mudanças de cenários ou de mundos, essas mesmas são interrompidas por uma ou outra memória afetiva. Em uma ou mais tentativas de nos fazer lembrar que tudo aquilo ali é sobre família. Além disso o roteiro tem muitos buracos, quase como se faltasse tempo para a pós-produção, o que não foi o caso. Sendo assim, tudo parece mal feito por pura falta de capacidade técnica (ou financeira).
Não se engane, existe muitos acertos e o filme entrega muito
Obviamente tem grandes acertos, como por exemplo a fotografia, que é muito bonita, e com tomadas muito bem filmadas. O diretor explora bem as mudanças de ângulo ou de pontos de filmagem. Os efeitos sonoros são maravilhosos e conseguem trazer uma imersão importante para dentro do filme. Além disso, maquiagem e figurino também se destacam bastante. E fizeram um trabalho bem interessante na nostalgia, seja por inserir os personagens de “Caverna do Dragão”, mas também de elementos do jogo.
Entre erros e acertos Dungeons & Dragons entrega muita comédia, muita diversão, várias situações agradáveis aos olhos, e agrada quem gosta de um bom RPG. É uma abertura interessante do universo para que se explore mais os universos e as possibilidades, explorando o que o jogo tem de melhor. Espero que os roteiristas tenham mais criatividade e coragem de inventar novas histórias, complexas dentro do tema.
Uma das características mais impressionantes no resultado final é que tudo parece uma grande mesa de RPG, sejam pelas falas engraçadas típicas de grupos mistos de amigos jogando, sejam pelas situações absurdas pensadas por mestres non sense. As cenas de ação, até agradam, poderiam ser melhores, mas essa falha pode ser justificado pelo baixo orçamento.