Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, já dizia a canção Eduardo e Mônica. Certamente essa canção fez parte de algum momento que você se recorda, talvez um colega na classe com seu violão e alguém pedia pra tocar Legião (ou Raul). O que talvez não fosse tão obvio que é essa letra daria um roteiro tão interessante pro cinema.
René Sampaio conseguiu fazer de uma música uma obra cinematográfica memorável e inesquecível, assim como a música qual se baseou. Após falhar em Faroeste Caboclo, Eduardo e Mônica é a redenção de um diretor tão versátil.
Em um dia atípico, uma série de coincidências levam Eduardo a conhecer Mônica em uma festa. Uma curiosidade é despertada entre os dois e, apesar de não serem parecidos, eles se apaixonam perdidamente. Em Brasília, na década de 1980, esse amor precisa amadurecer e aprender a superar as diferenças.
Atuações
Primeiramente é preciso destacar como que experiência faz diferença em um filme. Alice Braga, que carrega no seu sobrenome um legado importante do cinema nacional fez muito sucesso lá fora, mas quando coloca os pés no Brasil é para fazer bem feito. Não tenho dúvidas de que essa experiência contribuiu para que Eduardo e Mônica não fosse só mais um filme baseado em música. Ao lado de Gabriel Leone, que apesar de ser um jovem ator, consegue dar conta de viver um Eduardo tímido, ingênuo e sem vivência. A escolha de Alice para Mônica não parece ser acaso, já que na música ela é mais velha que Edu, cursa medicina, fala alemão e assiste filme de Godat. Faz sentido pegar uma pessoa com muita experiência e colocar para contracenar com alguém que ainda não tem. Esse, inclusive, é um acerto que faz diferença para o resultado final.
É incrível como que conseguiram transformar Leone em um adolescente de 16 anos. Muito mérito da equipe de figurino e maquiagem. Outros atores também atuaram de maneira bem consistente, Victor Lamoglia por exemplo, que vive o melhor amigo de Eduardo, serve ao mesmo tempo como alivio cômico e no final surpreende ao trazer um tema interessante a tela. Me atrevo a dizer que essa cena é uma bela homenagem ao amigo de Renato, Cazuza.
Ainda em tempo, impossível não notar a fotografia incrível que esse filme tem. Já fazia alguns anos que o cinema nacional não entregava a perfeição na tela. Cortes precisos, tomadas bem filmadas, e claro, olhar minucioso nos detalhes. Em vários momentos é impossível distinguir o que é cena real e o que é obra de arte.
Conclusão
O filme faz uma ode a memória de Renato Russo, respeitando inclusive sua visão de Brasil, sua revolta, seu patriotismo. Por isso que o diretor abusar da liberdade poética nas criticas politicas que você verá no filme, nada muito exagerado, mas muito bem pensado. Outra sutileza é falar dos dilemas pessoais das pessoas, Eduardo e Mônica são opostos, e muitas pessoas acreditam que os opostos se atraem, mas essa história mostra que é preciso viver em convergência para que isso dê certo minimamente.
Por fim, esse filme mostra que para fazer algo dar certo é preciso fazer dar certo.