Empate é um documentário, dirigido por Sérgio de Carvalho, que apresenta as vozes do movimento seringueiro. Com relatos de pessoas que lutaram ao lado de Chico Mendes, que morreu há mais de 30 anos, o filme mostra a importância de não deixar uma história – que ainda não teve fim – esquecida.

Misturando registros antigos e imagens do cotidiano dessas pessoas, o telespectador se insere na história desse povo. Sendo assim, o documentário tem o objetivo de mostrar para a população brasileira a luta dos seringueiros e os desafios que eles ainda terão que enfrentar.

Documentário "Empate"
Foto: Divulgação

Uma luta de anos

O longa começa apresentando os rostos das pessoas que darão voz ao movimento. Desde a década de 70 e 80, os seringueiros enfrentam ataques latifundiários e precisam buscar alternativas diárias para enfrentar novos desafios. Interessante perceber como o diretor mescla imagens do passado – arquivos documentais da época em que o ativista Chico Mendes ainda estava vivo – e relatos do presente.

“Empate” apresenta para o telespectador a importância e os efeitos do momento histórico vivido há mais de 30 anos, que refletem ainda hoje na Amazônia. Mesmo após o assassinato de Chico Mendes, conhecido por liderar os seringueiros naquela época e que acabou sendo baleado a mando de grandes organizações, o Brasil continua sendo palco de grandes ataques dos latifundiários. Com isso, os seringueiros continuam enfrentando dificuldades diárias.

O diretor acerta ao mostrar imagens da floresta, mesclando com depoimentos de pessoas que estavam ao lado de Mendes e continuam batalhando pelos seus direitos. Além disso, a escolha de mostrar o cotidiano dessas pessoas acaba sendo uma forma de fazem com que o público compreenda melhor a vida dessas pessoas. Os planos fechados nos rostos dessas personagens reais (cada detalhe e cada traço), mostram as marcas de uma história batalhadora.

Documentário "Empate" (2024)
Foto: Divulgação

Os grandes “vilões” e o tempo

Durante o longa, os “vilões” desta história acabam sendo citados. No entanto, eles não possuem um espaço para dar a versão deles dos fatos. Isso é visivelmente uma escolha da produção de deixar de fora os fazendeiros, já que o foco central é mostrar uma luta de anos e dar voz a uma história que não deve ser esquecida pelo povo brasileiro.

Importante ressaltar que o documentário teve sua filmagem concluída há alguns anos e isso fica claro nas declarações finais do filme. Sendo assim, nesses últimos anos podem ter acontecido muitas coisas que acabaram não sendo apresentadas durante a 1 hora e meia de duração do longa. Essa história, infelizmente, continua longe de ter um fim fora das telas e o dessas pessoas futuro deve ser cheio de desafios.

Vale a pena assistir “Empate”?

O documentário pode ser considerado um registro histórico que mostra uma luta que não deve ser esquecida pelo povo brasileiro. Anos se passaram desde o assassinato de Chico Mendes e até hoje os seringueiros precisam superar os desafios diários para manter suas terras. O diretor consegue transmitir a emoção dos personagens escolhidos para contar suas histórias de uma forma sensível e emocionante.

O filme não é uma grande inovação do gênero, mas a história que ele conta que é importante. Em alguns mudanças de cena há um visível choque sonoro e há momentos que há uma lentidão no enredo. Entretanto, o telespectador consegue ter uma ligação com as pessoas que dão voz ao movimento seringueiro e dá para se emocionar. A cena final vai de encontro com um dos depoimentos feito por uma senhora e dá para perceber que o desfecho dessa história está longe de acontecer.

Por fim, Empate estreia nesta quinta-feira, 05 de dezembro.