Estranho Caminho, o novo longa-metragem de Guto Parente, revela-se uma obra envolvente e emocionalmente carregada, que, de forma inesperada, abraça o espectador com uma combinação de drama, mistério e uma dose de misticismo. Com produção da Embaúba Filmes, conhecida pelo sucesso de Marte Um, o filme se destaca não apenas pela sua narrativa poderosa, mas também pela forma como explora temas sensíveis como luto, trauma, pandemia e isolamento.

Sobre “Estranho Caminho”

A trama gira em torno de David (Lucas Limeira), um jovem cineasta brasileiro que deixa Portugal e chega a Fortaleza para apresentar seu novo filme em uma mostra. No entanto, ele se vê confrontado com um desafio inesperado: a pandemia de covid-19. O filme, ambientado no início do confinamento, coloca David em uma posição vulnerável, forçado a encarar o pai, Geraldo (Carlos Francisco), com quem mantém uma relação distante.

O que poderia ser uma simples narrativa sobre a adaptação à pandemia se transforma em uma profunda exploração das complexidades das relações familiares e do próprio estado emocional do protagonista. Com um contexto externo amplamente reconhecível – a quarentena e o isolamento social – o filme utiliza essa realidade para aprofundar-se em temas mais universais e íntimos.

Carlos Francisco como Geraldo em "Estranho Caminho" | Divulgação: Embaúba Filmes
Carlos Francisco como Geraldo em “Estranho Caminho” | Divulgação: Embaúba Filmes

Casamento na produção

Guto Parente dirige Estranho Caminho com uma habilidade admirável. A escolha do diretor de manter o espectador em um constante estado de espera, angústia e expectativa contribui para a intensidade emocional do filme. Parente não se limita a explorar a pandemia como um mero pano de fundo. Isso porque ele a utiliza para catalisar o confronto interno de David e a reavaliação das suas relações pessoais.

A sensação de angustia e ansiedade é aumenta com a maneira como a trama é se estende. O espectador é levado a viver o mesmo tipo de isolamento que David experimenta, ao mesmo tempo em que sua memória pessoal é trazida à experiência do filme. Assim, é forçado a confrontar os próprios sentimentos e reflexões, assim como o protagonista é levado a fazer. Essa abordagem cria uma forte identificação com o personagem principal, intensificando a experiência emocional do filme.

Fotografia e cinematografia identitátia

A fotografia de Estranho Caminho é um elemento crucial na criação da atmosfera do filme. A alternância entre a fotografia analógica e a experimental serve não apenas para refletir a identidade cinematográfica do jovem cineasta David, mas também para mergulhar o espectador nas camadas mais profundas do enredo. A forma como a luz e a sombra se apresentam nas cenas complementa o tom emocional do filme. Assim, se cria uma imersão que vai além do visual.

Lucas Limeira como David em "Estranho Caminho" | Divulgação Embaúba Filmes
Lucas Limeira como David em “Estranho Caminho” | Divulgação Embaúba Filmes

O jogo de luz e sombra não é meramente decorativo, mas sim uma extensão do próprio estado emocional dos personagens. Essa técnica é especialmente eficaz em destacar a diferença entre a vida exterior e interior. Enquanto a exterior é marcada pela pandemia e o confinamento, a interior do protagonista é cheia de sentimentos não resolvidos e traumas passados.

“Foi um estranho caminho percorrido para chegar até ti”

Estranho Caminho é, de fato, surpreendente. Ao mesmo tempo que oferece uma experiência visceral, o filme provoca uma sensação introspectiva ao espectador. Com uma combinação de uma narrativa poderosa, uma direção habilidosa, uma fotografia evocativa e uma exploração sensível de temas profundos, o filme se destaca como uma obra que merece a atenção de quem gosta e valoriza o cinema.

Para aqueles que buscam um filme que vai além das narrativas convencionais e oferece uma perspectiva única sobre o impacto da pandemia e das relações pessoais, Estranho Caminho é uma escolha essencial. Se você é fã de cinema nacional com um toque de misticismo e surpresas, este filme é pra você.