Esse ano me questionei várias vezes a respeito do cenário de terror no cinema, onde entre vários acertos e erros, pouca coisa se sobressaiu, e aí vem “Fale Comigo”, terror do estúdio A24. Agora eu me questiono, será que eu achei o filme bom porque seus concorrentes eram ruins, ou por que realmente ele foi bom? Até o final dessa crítica você saberá minha visão.

Com direção dos irmãos Danny e Michael Philippou, “Fale Comigo” traz uma premissa muito interessante, um jogo onde se usa uma mão engessada para que o participante seja hospedeiro de um espírito. O que pode dar errado, não é mesmo? E nesse jogo tudo pode acontecer, desde que não se ultrapasse 90 segundos possuído, se não, o espírito não vai mais embora.

Roteiro foca no suspense e esquece da história

Um dos pontos altos do roteiro é a carga dramática de nossa personagem principal, Mia, que perdeu sua mãe recentemente e ainda lida com o luto da perda. A amizade dela com Tyson e Jade também é um ponto importante da história. Esse momento de superação da perda da mãe é propicio para que a menina, que é isolada socialmente, tente se enturmar, e pra isso decide participar desse ritual em formato de jogo.

Antes de falar do ritual em si, queria dizer que me incomodou bastante o filme não guardar nenhum tempo para explicar a origem da “mão” com mais profundidade. Tudo o que sabemos é que ela faz a conexão com os espíritos, mas não sabemos por que e nem como (além do que o filme entrega como suposição). Seria muito importante e poderia render uma boa história de introdução, mas o roteiro renuncia a isso para focar somente no susto. E convenhamos, nem há tanto susto assim.

O sentimento que fiquei é de um filme de adolescente com um terror bem inteligente, mas que peca no horror e no medo. E olha, pela premissa do filme eu esperava sentir muito mais medo, e no fim, acabei até dando umas boas risadas (e isso não é um elogio). O tom mais bobo e ao mesmo tempo perturbador até que deu um gostinho bom, é um filme que apesar de ser do gênero terror, consegue ser entretenimento.

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Sophie Wilde em Fale Comigo
Foto: A24 | Sophie Wilde como Mili em “Fale Comigo”

Vale a pena assistir “Fale Comigo” no cinema?

De todo modo, Fale Comigo é um filme muito bonito, muito bem trabalhado nos detalhes. Desde a forma como a câmera passeia pelo cenário, pelos Close-ups intensos e pelas maquiagens dos espíritos malignos. Os irmãos Philippou conseguiram passar uma atmosfera muito imersiva nessas cenas, e isso contribuiu para que essa experiência fosse realmente agradável (de um jeito desagradável, se é que me entendem).

Por fim, queria ressaltar que apesar de ser um filme interessante e bem feito, fica a critério do espectador assistir no cinema. Quem sabe, aproveitar a dimensão da tela e o escuro para ter uma experiência mais completa? Mas se decidir assistir em casa quando sair no streaming você também vai gostar. A verdade é que independente da sua escolha, eu realmente recomendo esse filme.