“Ferrari” é uma biografia de Enzo Ferrari, o lendário piloto e fundador da Ferrari, dirigido por Michael Mann e estrelado por Adam Driver e Penélope Cruz. 

A história

Nesse filme sobre a vida de um dos magnatas da construção de carros, podemos conhecer o poder de duas maquinas, as tão sonhadas Ferraris e o homem por trás delas. Michael Mann é um diretor que sempre explorou as personalidades falhas de homens desafiadores, o que o torna a escolha perfeita para desvendar as imperfeições de Enzo Ferrari, um homem que vivia para vencer a corrida da vida.

A história, que se passa após a Segunda Guerra Mundial, tenta desvendar os segredos do sucesso individual de Enzo Ferrari, assim como sua vida pessoal. Em determinada cena, Enzo faz um acordo com um jornalista, para que saísse uma manchete no jornal que o beneficiasse, em troca o jornalista pede uma exclusiva sobre sua vida. Isso reflete muito sobre o desenrolar da trama, em que ficamos divididos entre duas histórias.

Mann cria um drama sobre um homem que está à beira do desastre, equilibrando seus problemas pessoais e profissionais. Sem ser óbvio, este é um filme que está claramente construindo para uma tragédia, uma história de um homem que é a versão humana de um de seus veículos de alta velocidade, apenas esperando não bater.

Um ponto que preciso destacar sobre o roteiro, peca pelo excesso de duração, que poderia ser reduzida sem prejuízo da narrativa. Em certo ponto você fica questionando se algumas sub-histórias eram mesmo necessárias, já que em nada acrescentava ao centro da história.

Crítica de cinema do filme “Ferrari”, com Adam Driver e Penélope Cruz, dirigido por Michael Mann. Um drama sobre a vida de Enzo Ferrari.
Foto: Divulgação Diamond Filmes

Elenco e atuação

O grande destaque do filme são as atuações. Adam Driver interpreta Ferrari com um desempenho frio e fantástico, que captura a personalidade complexa e insatisfeita do protagonista. Driver faz escolhas sutis para humanizar um homem que poderia ser um completo enigma. Da mesma forma, Penélope Cruz encarna Laura Ferrari como uma faísca que acende um motor, que divide seu coração entre viver o luto da perda do filho ao mesmo tempo que precisa ser mão de ferro com as contas da Ferrari.

Por outro lado, Shailene Woodley completa o triângulo amoroso como Lina, a amante de Ferrari, com quem ele tem outro filho. Woodley tem menos destaque, mas consegue transmitir a angústia de sua personagem nos poucos momentos de tela dedicada a ela.

Não posso deixar de dizer que o brasileiro Gabriel Leone que interpreta o piloto Alfonso de Portago. Sinceramente, demorei um certo tempo para captar quem era o ator, mas quando a ficha caiu tudo fez muito sentido. Eu gostei muito da atuação de Leone, que apesar de aparecer pouco em tela, foi mais do que convincente. Vale lembrar que o ator será Ayrton Senna na Netflix.

Fotografia e arte

A fotografia geral do filme é impressionante, principalmente ao reproduzir uma Itália pós-guerra, devastada e tentando se reerguer. Souberam captar a atmosfera da época, o som, a maneira de se comunicar. A trilha sonora acompanha o ritmo das cenas, e um design de produção que recria os cenários e os carros com detalhes. Porém, preciso dizer que esperava mais das corridas, porque é inevitável não comparar o longa com Ford x Ferrari. As poucas sequências de corrida, são emocionantes e viscerais, mostrando a paixão e o perigo do esporte, mas não impacta.

O filme usa efeitos especiais para criar algumas cenas, mas nem sempre são convincentes, aliás, em alguns momentos beira o ridículo. Seria melhor usar efeitos práticos, ou melhor, nem usar.

Vale a pena assistir?

“Ferrari” é um filme que tenta retratar a vida e a obra de um ícone do automobilismo, mas que não consegue acelerar o suficiente para envolver o espectador. O filme tem seus méritos, principalmente nas atuações de Driver e Cruz, mas fica aquém do esperado para um projeto tão ambicioso. O filme é uma homenagem a Ferrari, mas desperdiça a chance de fazer um filme épico.