Garota inflamável é um daqueles filmes que você não sabe interpretar muito bem e não sabe se entendeu muito bem, mas que você gosta muito. Dirigido por Elisa Mishto, o filme aborda questões muito profundas a respeito da visão que as pessoas têm sobre o que fazer com a própria vida. Em que momento é necessário decidir se vamos seguir o que as pessoas esperam de nós ou se vamos fazer o que queremos, mas será que alguém já se perguntou “E se eu não quiser fazer nada?”.
Garota Inflamável acompanha duas mulheres, uma que decidiu não fazer nada de sua vida, não trabalha não estuda, não ama. Ou seja, não tem nenhuma responsabilidade nem consigo própria e nem com os outros. Essa é Julie (Natália Belitski) uma jovem que alega ter transtornos psicológicos e que age da maneira que quer. Do outro lado nós temos a enfermeira que acompanha de Julie em um Hospital Psiquiátrico, Agnes (Luisa-Céline).
Roteiro acompanha dramas pessoais
O filme aborda as questões psicológicas de maneira muito inteligente, principalmente dos transtornos de personalidade. Desta forma, a diretora nos faz criar empatia pelas personagens. Ou seja, justamente nesse momento em que o roteiro começa nos entregar as pistas que irão fazer muito sentido no final. Um outro ponto interessante da direção de Elisa, é o paralelo que ela faz com a vida das duas protagonistas. Se por um lado Julie é rica e não precisa trabalhar, nem se dar ao trabalho de ser alguém, por outro lado Agnes tem que provar o seu valor para todos ao seu redor e para ela mesmo o tempo todo. Esse paralelo só é possível porque existe uma certa ousadia em pensar fora da caixa.
O roteiro, que também é assinado por Mishto, não faz muita questão de falar sobre os transtornos psicológicos, pelo contrário, ele prefere focar nas relações humanas e em como isso muda nossa perspectiva sobre determinados problemas e assuntos. Boa parte do filme se passa em um ambiente de controle hospitalar com vários pacientes. Porém, a história gira somente em torno de um grupo específico. Infelizmente alguns arcos não são aprofundados, como da relação da Agnes com sua filha, fato que é explorado durante a narrativa e que acaba sem nos apresentar uma solução. Em fato, o filme é cheio desses pequenos buracos, que não entrega soluções para situações expostas. Alguns personagens são inseridos sem contexto e outros são retirados sem explicação.
Por fim, Garota Inflamável é um daqueles filmes que nos prendem pela curiosidade. Afinal, por que uma pessoa rica e que pode ficar sem fazer nada tem atitudes tão estupidas?
Ficha Técnica de Garota Inflamável
Direção: Elisa Mishto
Roteiro: Elisa Mishto
Produção: Martina Haubrich, Andrea Stucovitz
Elenco: Natalia Belitski, Luisa-Céline Gaffron, Katharina Schüttler, Martin Wuttke,
Direção de Fotografia: Francesco Di Giacomo
Desenho de Produção: e Sylvester Koziolek
Trilha Sonora: Sascha Ring e Philipp Thimm
Montagem: Beatrice Babin, Philipp Ostermann, Cristiano Travaglioli
Gênero: drama
País: Alemanha, Itália
Ano: 2019
Duração: 91 min.