O que aconteceria se de repente você descobrisse que sua esposa sabe que você a traiu? Ou, você está apaixonada por seu vizinho, e coincidentemente ele está em seu apartamento quando seu namorado chega, e precisa escondê-lo sem ao menos ter se declarado? Essas e outras histórias fazem parte do filme Histórias que é Melhor Não Contar, de Cesc Gay.
O filme
Esse é um daqueles filmes que você se surpreende do começo ao fim. Essa história é uma antologia com 5 histórias desconexas, mas que acontecem na mesma cidade. Nenhum dos personagens se conhece, mas de alguma forma, todas elas tratam de sentimentos, intensos.
Resumidamente, a primeira história acompanha dois jovens amigos, que eventualmente se encontram no parque ao passear com seus cachorros. Ao pedir que ele a ajude com a patinha machucada de seu pet, eles se veem em uma encrenca quando namorado dela volta de viagem mais cedo, e em um impulso ela o esconde. O desenrolar dessa história é surpreendente. Logo ao lado, uma nova história começa com a chegada de Luís, um homem que precisa de uma solução para sua tristeza emocional. Sua esposa o trocou por outro homem. É nesse cenário que ele conhece Sandra, uma jovem atriz que instiga sua curiosidade e suas emoções. Mas essa história de romance breve tem um plot interessantíssimo.
A terceira história acompanha três amigas atrizes que estão fazendo audição para uma série, e entre mentiras e revelações, elas descobrem que pouco ou quase nada sabem uma da outra. Assim como a quarta história, em que um homem maduro, apaixonado por uma jovem muito mais nova, deseja que ela vá morar com ele. Tudo muda quando ele a ouve no telefone com uma amiga, falando sobre a relação dos dois. O final é surpreendente. E a última história é instigante e superdivertida, quando um homem descobre que sua mulher sabe de uma traição antiga. Essa história termina de uma maneira digna de cinema mesmo.
Crítica | “A Chave do Problema” que possui um molho de chaves
Um filme que mistura comédia, drama e situações inusitadas
O longa de Cesc Gay é uma obra urbana que aborda seus temas dentro do cotidiano de cada um de suas personagens. Misturando abordagens diferentes em cada uma das tramas, brincando com gêneros, misturando escolas diferentes de cinema. Por um segundo parceria estar assistindo um filme de Woody Allen nas ruas de Paris. Com um elenco diverso e incrivelmente talentoso, Cesc consegue dar foco as suas histórias sem forçar nenhuma barreira desnecessária.
Chino Darín, Anna Castillo, Quim Gutiérrez, Verónica Echegui, Brays Efe, Maribel Verdú e Alexandra Jiménez são alguns dos nomes de peso que compõem o elenco.
Cada uma das histórias escolhidas aborda um subtema do drama humano, a paixão repentina, a superação de amores dolorosos, a superação dos preconceitos, mentiras, verdades, etarismo, e por fim a cumplicidade entre casais.
Ao escolher tratar de temas filosóficos que transcendem idade e geração, o roteiro é simples, mas objetivo no que se propõe, e o espectador não é subestimado. Na verdade, o roteiro é bem didático na contação de história.
Vale a pena assistir?
Esse é um filme divertido e interessante, que trata de assuntos regulares, mas que de certa forma toca em feridas que não costumamos gostar de mexer. E é para isso que serve a arte, nos incomodas e nos tirar do lugar de conforto. Vale muito a pena assistir.
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