Primeiramente, parabéns Sony, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é o melhor filme de super heróis dessa década. Dito isso, queremos dizer que essa crítica será totalmente técnica a fim de não dar nenhum spoiller, então pode ler sem peso na consciência.

Após vários meses de muitas especulações, muitas dúvidas, e várias teorias, chega ao cinema o tão aguardado filme do Homem-Aranha. A Sony fez um dos trabalhos de marketing mais impressionantes dos últimos tempos no quesito criação de expectativas. E não sem razão, após Ultimato era necessário reacender a chama da empolgação nos fãs.

O Filme

O filme começa no exato minuto onde terminou o anterior, com Peter Parker sendo exposto pelo Mistério. A vida agora não é nada amigável com o amigo da vizinhança, e todos estão agora num misto entre saudar o herói ou condena-lo. E claro, isso atingiu Peter bem em cheio já que não somente ele mas como todos a sua volta também estão sofrendo.

O trailer já entrega o enredo, Peter vai tentar fazer com que todos esqueçam quem é ele, e pra isso ele pede ajuda para Dr. Strange. É importante notar que essa tentativa não é exatamente ortodoxa, e até mesmo Strange sabe disso. Mas algo aparentemente dá errado na magia e coisas estranhas começam a acontecer. Uma coisa muito legal é que o roteiro e a direção conseguem trazer para esse universo os vilões dos outros universos com muita sutileza, sem nenhuma firula. A bem da verdade o filme inteiro é feito de sutilezas.

O grande acerto de Jon Watts é construir um filme sólido, cheio de referências mas nenhuma delas é gratuita ou bizarra. Nem mesmo as maiores referências são jogadas na tela sem proposito, todas tem um motivo, uma conexão, um elo com o que está havendo.

A história de Erik Sommers e Chris McKenna também tem vários bons acertos, e o maior dele é conseguir fazer algo que o universo Marvel já tem feito, que é dar humanidade aos vilões. Não que os filmes anteriores não tenham conseguido, mas nesse filme não se vê uma luta do bem contra o mal, mas sim uma luta pela resignação. Até mesmo em grandes tragédias pode-se encontrar motivos para ajudar quem mais precisa.

Humanidade, pode descrever em poucas palavras a construção desse novo Peter Parker, que agora precisa crescer e sair da sombra de Tony Stark definitivamente. O nome Sem Volta para Cara é uma metáfora para tudo que Peter irá passar e para seu futuro como herói. Vale aqui uma ressalva, não se surpreendam ao ver um Homem-Aranha mais maduro como herói e como isso irá transformar o Peter também um homem mais maduro.

Atuações

Ainda em tempo, é necessário falar desse elenco maravilhoso. Tom Holland amadureceu muito como ator, para quem assistiu sua evolução na tela, vai entender como isso foi construído. A sintonia dele com Zendaya e Jacob Batalon em tela mostra também como a direção fez um trabalho incrível com esses jovens. Muita firmeza nas atuações, até mesmo nos momentos mais empolgantes, eles seguram bem a onda. Ned continua sendo o alivio cômico da turma mas ele vai ganhando espaço para tomar um pouco mais de tempo de tela. Esse par romântico, inclusive, Peter e M.J., é bem diferente dos outros casais, Peter e Mary Jane e Peter e Gwen, há uma mistura desses dois casais que formam esse novo. Acho que a M.J consegue ser uma mistura da M.J. apaixonada com a Gwen, que também além de apaixonada é uma parceira de ação com o Peter de Andrew.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
Tom Holland como Peter Parker/Homem-Aranha e Benedict Cumberbatch como Dr. Estranho | Foto: Cortesia Sony Pictures

Por fim, esse filme dispensa comentários sobre fotografia, porque a nota é 10. Trilha sonora, elenco, efeitos especiais, tudo impecável. O diferencial mesmo aqui é falar de roteiro e direção, porque sem uma grande história não se faz um filme, mas sem um diretor que saiba captar o que há de melhor no elenco, não existe triunfo.

Essa é a melhor crítica que é possível escrever sem dar uma linha de spoiller, mas termino dizendo que Homem-Aranha Sem Volta para Casa é tudo o que sempre sonhamos em ver na tela do cinema.