Estreia essa semana o filme que conta sobre a vida de uma das maiores cantoras de todos os tempos, Whitney Houston. Nessa história os fãs da cantora poderão compreender todos os altos e baixos da vida da lenda da música mundial, conhecida como “A Voz”.
O filme que leva o nome de uma de suas músicas mais famosas, “I Wanna Dance With Somebody”, foi feito por um time de estrelas. A começar pela cineasta Kasi Lemmons, pelo roteirista indicado ao Oscar® Anthony McCarten. Além disso esse longa foi produzido pelo lendário executivo da indústria fonográfica Clive Davis, que inclusive tem sua história ao lado da diva.
Peço licença aos leitores, essa crítica não teria como ser escrita sem todas as doses de emoção que eu senti na sala de cinema. E aqui precisarei traçar um paralelo muito audacioso, entre o que eu senti como fã e o que acolhi como crítico. A primeira frase que eu proferi quando me perguntaram o que eu achei de “I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston” foi que eu sentia que tinha realizado o sonho de ir ao show dela pelo menos uma vez na vida. E isso porque esse longa faz questão de nos transportar para dentro das apresentações, visualmente deslumbrantes e musicalmente surpreendentes.
Equipe e produção de estrelas
Clive Davis ter participado da produção desse filme foi muito importante para trazer elementos únicos que somente alguém que conviveu com ela poderia. A história de Whitney começa bem antes de sua fama, e é preciso aqui frisar a palavra sua. Isso porque sua família já era famosa. Sua mãe era Cissy Houston, uma cantora importante da cena Gospel e Soul Music. Além disso Cissy era tia materna das cantoras Dee Dee Warwick e Dionne Warwick.
O roteiro de Anthony McCarten trouxe em seu roteiro muitas sutilezas, como por exemplo o fato de a cantora no começo de sua carreira não escrever músicas, ela usava músicas escritas por letristas contratados pela gravadora de Clive. Assim, ela tinha uma legião de escritores a sua disposição, podendo escolher a dedo as músicas que queria. Isso explica por que ela emplacou tantos sucessos, já que seu dom musical a fazia escolher exatamente as músicas que tinham as notas mais altas e complexas.
Além disso, o roteiro não teve medo de expor ao longo de quase 2 horas todos os altos e baixos da carreira e da vida pessoal de Whitney. Junto a isso, também trouxe detalhes que já eram notórios nos documentários, mas que o filme ilustra, como a relação da cantora com a bissexualidade. O filme mostra que ela começou a namorar “Robyn” logo na adolescência. E que a relação das duas durou até o começo da fama. Porém, o relacionamento precisou ser interrompido pelas crenças da família, e pelas críticas pesadas que seus pais faziam a tal situação. Robyn, entretanto, se manteve na vida de Whitney durante toda a carreira dela, sendo diretora de produção criativa das empresas da cantora.
O filme também aborda os relacionamentos dela, porém, muito superficialmente. Até mesmo o casamento com Bobby Brow, que apesar de tomar bastante tempo de tela, não tem sua história aprofundada da maneira que talvez fosse necessária. Mas aqui cabe uma ressalva, os problemas entre eles eram tantos que necessitária um filme só para isso.
Soma-se a tudo isso todos os problemas familiares que ela enfrentava, como o pai violento, a mãe protetiva, os irmãos usuários de droga, a cobrança da mídia, tudo culminou em um vício profundo em drogas pesadas.
Kasi Lemmons fez um trabalho bem importante ao mostrar na tela todo o brilhantismo e a magnitude da carreira e do dom musical que Whitney possuía. Seja com abuso nas roupas brilhantes, nas tomadas em plano fechado focando quase que exclusivamente na boca de Naomi Ackei quando cantava, para deixar claro que se tratava de um filme sobre música. Porém, a direção é insuficiente nos cortes e nas transições. Em vários momentos a história é cortada, passando para outros momentos ou locações. Esses cortes abruptos dão um ar de documentário que o filme não precisava. Isso porque em outras obras que reverenciavam astros da música como “Bohemian Rhapsody” ou “Elvis”, a história é contada como uma Storytelling.
Atuações que merecem destaque
Eu deixei para falar das atuações por último porque elas merecem destaque. Estrelado pela vencedora do BAFTA®, Naomi Ackie, além do indicado ao Oscar® Stanley Tucci, que interpreta Davis. A atuação de ambos foi impecável, ela pela poderosa voz e pela perfeição em repetir todos os trejeitos, poses, falas, e obviamente, as músicas. Ele, pode não deixar seu personagem ser maior do que deveria, mas dar a ele toda a importância que merecia. Aqui vale uma ressalva muito importante. As músicas que foram para o corte final são originais da Whitney, porém, nas gravações a atriz fazia questão de cantá-las para poder trazer poder e veracidade as cenas. E isso é perceptível, quase não é possível distinguir se é dublagem ou realidade.
A atriz que deu vida a Cissy Houston, Tamara Tunie, também atuou de forma convincente. Assim como Ashton Sanders, que vive Bobby Brow, marido de Whitney, que convence bastante em tela. Faltou mostrar mais sobre ele, afinal, também era um cantor famoso à época, mas o filme não faz nenhuma questão de falar nada além do necessário. Isso complica um pouco o entendimento para que não é fã ou não viveu na época.
Agora, existem erros que não podem acontecer numa obra desse tamanho. O roteiro mistura algumas datas na timeline do filme, e isso é um equivoco imperdoável.
O fim da vida de Whitney, retratado no filme também deixou um pouco a desejar. Achei um final corrido, passando por etapas importantes da vida dela superficialmente. A relação com a filha é pouco explorada, a relação com a mãe e com o pai são explorados somente nos momentos dos extremos. Inclusive, a relação dela com o pai é surpreendente, algo que talvez não seja do conhecimento de todos e o filme não tem medo de expor. O abuso das drogas também é contado de maneira picotada. Não se esconde o vício nem o poder destrutivo que isso teve na vida dela, porém, cabe somente a uma única cena mostrar os resultados chocantes desse vício. Talvez por medo de ofuscar o trabalho lindíssimo da Naomi ao interpretar o que Whitney tinha de melhor, mas um filme que arrisca contar a vida e a morte de alguém não pode poupar nisto.
Vale a pena assistir I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston?
É preciso dizer que além de todos os problemas citados, fez falta de ver mais do sucesso dela. Resultado dos filmes, dos programas de TV, das parcerias, das amizades. Ela, por exemplo, era muito amiga de Michael Jackson, tendo até namorado seu irmão.
Por fim, preciso dizer que o resultado é positivo. Se tornou um dos meus filmes preferidos quando se trata de celebridades da música. Gostei bastante de não terem cortado ao meio as músicas principais, dando chance de pessoas como eu, fãs, poderem cantar a vontade dentro do cinema. E porque não chorar um pouco, afinal de contas, já sabemos que o final dessa linda história é trágico.
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