Indiana Jones, um ícone da cultura pop mundial, moldou a maneira como uma geração (ou algumas) enxerga o cinema de aventura. Suas histórias, combinadas com um chapéu, um chicote e uma trilha musical impecável, entreteram famílias inteiras. Eu sou dessa geração. No entanto, a vida é implacável, o tempo é terrível e dói ver meus heróis envelhecerem. Harrison Ford, um ator de sucesso, interpretou vários papéis marcantes, incluindo Indiana Jones. Ele faz tudo o que pode nesse filme para entregar uma atuação a sua altura, e talvez a muito custo ele consegue, mostrando porque para tantos, inclusive para mim, ele é um herói.

Filme novo, premissa antiga. Mas funciona…

Em “Indiana Jones e o Chamado do Destino“, nosso querido herói retorna, agora mais velho, aposentado, calejado, com costelas quebradas e coluna em pedaços. O Dr. Jones luta para sobreviver à despedida das salas de aula e das aventuras. No entanto, um personagem do passado o obriga a voltar à ativa, de qualquer forma possível, para impedir uma catástrofe apocalíptica. Mais uma vez, os nazistas tentam roubar peças importantes da história, agora liderados por Jürgen Voller (interpretado por Mads Mikkelsen), um cientista que deseja mudar o passado através de um artefato antigo.

Além disso, Indiana recebe a visita de uma velha amiga, sua afilhada Helena Shaw (interpretada por Phoebe Waller-Bridge), que, assim como seu filho no filme anterior, não tem apreço pelo trabalho de arqueologia. Helena é filha do grande amigo de Jones, Basil Shaw. A aventura percorre vários países do mundo, como sempre foi, com os trajetos sendo exibidos na tela, evocando uma incrível nostalgia. Phoebe Waller-Bridge está incrível em um papel tão morno, isso mostra o potencial enorme que a atriz tem no cinema.

Indiana Jones e o Chamado do Destino

Uma das coisas que mais me incomodou nesse filme foi o uso de CGI para rejuvenescer o rosto de Indiana Jones. Entendo que era necessário para a história, mas questiono se a história realmente precisava disso. E não estou me referindo a algumas cenas, estou falando de um terço do filme. Devo dizer que a história é interessante, o enredo é divertido e agitado, como os filmes de Jones devem ser. No entanto, o detalhe mais importante é que o próprio herói não é mais o mesmo.

A história poderia ser muito (muito) melhor

Dito isso, é triste ver um filme como Indiana Jones e o Chamado do Destino lutando contra o inevitável avanço do tempo. Será que era realmente necessário fazer um quinto filme dessa forma? Será que o que foi feito em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal já não era suficiente, considerando que sua história ficou abaixo dos originais (e até mesmo deste filme, sendo justo)?

Certamente, é um filme nostálgico e bonito, com uma história interessante (embora pouco original), mas falha no aspecto mais importante. E enganam-se aqueles que acham que o final é glamoroso e especial, que há um desfecho digno e brilhante. Essa é, talvez, minha maior decepção, pois o final é insosso e não faz justiça à grandeza desse herói.

Outro ponto positivo é trazerem de volta uma criança no elenco, quem não se lembra de Short Round (Ke Huy Quan) em Indiana Jones e o Templo da Perdição? Agora trouxeram o jovem Ethann Isidore como Teddy Kumar, um jovem ladrão que acompanha Helena Shaw em suas aventuras e trapaças. A presença dele é um refresco na história e funciona muito bem como alivio cômico e sentimental.

Como crítico, arrisco dizer que o filme é bom, dentro de uma média suportável, mas como amante do cinema e das grandes histórias, sinto apenas tristeza por testemunhar um fim tão indigno para um personagem tão ilustre. E você pode se perguntar: “Será que esse é o fim dele?” Conhecendo bem Hollywood, arrisco dizer que não, e preocupa-me o que farão nos próximos anos para tentar (mais uma vez) ressuscitar o incomparável Indiana Jones.