Dentre os diversos filmes que tentam falar sobre as hipóteses da possível identidade do famoso serial killer, este filme tentou abordar um caminho diferente dos vistos até então.

Como a maioria de vocês deve saber, Jack O Estripador ganhou toda essa fama por ter sido um dos primeiros assassinos seriais da história, assim como pela brutalidade envolvida em todas as mortes colocadas sob sua responsabilidade. E, além disso, até hoje a identidade desse assassino permanece um mistério.

Então, como era de se imaginar, diversos estúdios já fizeram filmes sobre o “Jack”, ou então utilizaram sua temática para a criação histórias similares, sem que essas o mencionassem diretamente. Como podemos ver em Figuras de Cera (1924), O Inquilino (1927), O Rei dos Vampiros (1932), O Estranho Inquilino (1953), Jack O Estripador (1959), Monstro da Cidade de Londres (1964), As Mãos do Estripador (1971), Jack, O Estripador (1976), Jack, O Estripador (1988), A Volta de Jack O Estripador (1988), Do Inferno (2001), Jack O Estripador (2016), dentre infinitos outros. Pelo mundo todo a história se tornou sinônimo de lucros e novas produções, que continuam rendendo até hoje, como podemos ver com o filme em questão.

Sinopse:

Em 1888, a cidade de Londres está com medo. Uma série de assassinatos aterroriza os residentes de Whitechapel e o inspetor Rees, da Scotland Yard, não tem pistas na caça ao assassino. À medida que a contagem de cadáveres aumenta e com a cidade em pânico, o inspetor deve mergulhar na escuridão de Londres para encontrar um assassino que pode estar muito mais perto de casa do que qualquer um imagina.

jack o estripador historia

Dirigido e roteirizado por Steve Lawson e produzido no Reino Unido, a história desse longa aborda uma das hipóteses menos debatidas sobre a identidade do assassino, e isso eu achei interessante, uma vez que possuía a chance de alterar toda a mesmice de a história ser sempre retratada basicamente da mesma maneira. Entretanto, o filme está longe de se consolidar como uma das melhores representações do caso.

Apesar dos seus pontos fortes, como o suspense ser muito bem construído e você ficar em dúvida até o final sobre a identidade do assassino, a produção e o roteiro deixam a desejar. O longa não me parece uma produção de cinema, e sim de um filme que iria direto para home video, DVD e afins. Os motivos? Cortes de cena abruptos, diálogos estranhos (não naturais) e uma produção questionável. Por mais que tenham algumas atuações boas, como Phil Molloy (inspetor Edmund Rees), Thomas Locque (Dr. Jonathan Hansler) e Sylvia Robson (Elizabeth), a maioria das outras atuações acaba sendo fraca e até muito caricata, fazendo com que o drama/suspense ganhe uns momentos que mais parece uma “paródia pastelão”.

Por mais que eu tenha dito antes que o suspense é muito bem construído, a história não se amarra em alguns pontos (que até podem passar batido caso você não seja tão detalhista).

O longa trabalha alguns personagens até mais ou menos a metade da trama, para depois esquecê-los completamente e fazer com que eles não acrescentem em nada na história. Eu entendo que eles tentaram aumentar o número de suspeitos para que nós, telespectadores, ficássemos em dúvida sobre o assassino. Mas se fosse assim, então para que abandonar os personagens depois de certo tempo? Você gasta tempo de tela apresentando e construindo personagens – tempo esse que poderia ser gasto elaborando a trama em si – , para depois esquecê-los e nos fazer sentir como se somente tivéssemos perdido tempo.

Vale a pena?

O filme é curto, contando apenas com uma 1h20m, então ele não é cansativo, mas talvez pelo fato de ele ser curto eles não conseguiram preencher todas as lacunas devidamente.

Eu até entendo, nesses casos é melhor pecar pela falta do que pelo excesso, porque considerando o desenvolvimento do roteiro, se o filme tentasse se explicar demais talvez ele acabasse se tornando exaustivo. No mais, o que eu tenho a dizer é que acredito que poderiam ter investido mais nos efeitos práticos. Infelizmente a grande maioria deles ficou muito mal feita, com muitos sendo até inconsistentes com os relatos médicos que o próprio filme apresenta.

Para os fãs da história do serial killer, bem como aqueles que gostam de representações mais fiéis aos relatos da Scotland Yard, esse filme talvez não seja para vocês. No longa o número oficial de vítimas é bem menor, e, em prol da reviravolta final, eles alteraram alguns elementos por conta própria. É aquela velha história de que a ideia foi boa, mas pecou na execução. Talvez essa mesma história, mas com um roteiro mais bem trabalhado, atores melhores, uma produção mais exigente e efeitos práticos mais realistas poderia resultar em um filme excelente. Mas, não foi dessa vez.

Enfim, minha avaliação pessoal é que este é aquele famoso filme que dá pra passar o tempo. Então se você está buscando algo do tipo suspense histórico, esse longa não é pra você, mas se você quiser algo para distrair a cabeça, vale a pena conferir.