Olá, pessoal! Espero que estejam bem!

Hoje eu vim fazer a crítica de um filme que me surpreendeu muito positivamente, porque eu realmente não esperava que fosse me prender tanto. O filme Jogo do Poder (Adults in the Room), dirigido e roteirizado por Costa-Gravas (O Capital, 2012), é uma trama política, dramática e biográfica sobre a crise na Grécia em 2015. Como de costume, vou deixar aqui o trailer e a sinopse e em seguida passamos à crítica. Vamos lá!

Sinopse:

Em Jogo do Poder, um relato transparente sobre a agenda oculta da Europa expõe o que realmente acontece em seus corredores de poder. Revelando as razões para a crise na Grécia ter acontecido, foi travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas na história política. Mas a verdadeira história do que aconteceu é quase inteiramente desconhecida, principalmente porque grande parte dos verdadeiros negócios da União Europeia ocorre a portas fechadas. 

Já vou começar dividindo águas e falando que esse filme não é sua produção americana de todos os dias, e sim uma produção francesa e grega. Esse longa-metragem se baseia no livro de memórias do próprio Yanis Varoufakis, ministro das finanças da Grécia em 2015, tornando essa história quase que um documentário reencenado. A trama desse filme é (obviamente) bastante política, levantando algumas críticas sociais bastante pertinentes e válidas, como o fato de diversas decisões sobre o Eurogrupo e na União Europeia serem arbitrárias e não levarem em consideração a vida das pessoas, ignorando diversas crises humanitárias em prol do dinheiro.

A ambientação do filme é bastante verossímil, transmitindo aquele sentimento de você estar de fato em um gabinete político, acompanhando os debates e discussões. Em sua maioria, as cores utilizadas são mais frias e o filme é quase todo mais escuro (com menos cores saturadas), dando ênfase ao aspecto sério e dramático da trama, que, de alguma forma, está sempre mantendo aquele fio de tensão no ar. Tais fatores são reforçados pelo enquadramento dos personagens nas câmeras, uma vez que, na maior parte do tempo, eles aparecem sozinhos – ou com poucas pessoas – no quadro, revelando uma trama mais intimista, apesar da temática abrangente. A meu ver (posso estar errada, claro), o diretor escolheu assim para que o espectador preste bastante atenção em cada detalhe e consiga de fato participar da história, além de mostrar mais facilmente o egoísmo de cada líder político europeu. E, além de tudo isso, para que o filme não fosse 100% tenso e corresse o risco de se tornar maçante, ocorrem aqui e ali alguns pequenos alívios cômicos que não interferem na nossa imersão, sendo bastante pontuais e efetivos.

Quanto às atuações, só tenho uma reclamação: o ator Alexandros Bourdoumis, responsável por interpretar Alexis Tsipras, eleito o primeiro-ministro da Grécia. Não que a atuação dele seja realmente fraca, mas a atuação dos outros personagens é muito boa, principalmente do ator Christos Loulis, que interpreta o próprio Yanis Varoufakis. Você se pega torcendo para o protagonista (Yanis) o tempo todo, tanto por ele ser carismático, quanto pelas falas do personagem serem muito cativantes e convincentes. Você acredita nos ideais dele e quer que ele consiga realizar aquilo. Em contrapartida, Alexis parece aquele político marionete, que se mexe conforme os outros puxam as cordas pra ele.

Diferente da maioria dos filmes americanos, em que todo mundo magicamente fala inglês, nesse filme temos diversos idiomas sendo falados: grego, alemão, francês, inglês e assim por diante. Em várias partes do filme as pessoas usam escutas com tradução simultânea para entender o que o outro está dizendo, e eu achei esse um belo detalhe.

Vou ser sincera com vocês: eu realmente não gosto de política, não tenho paciência. Pensei que assistir esse filme seria péssimo, ainda mais por ele ter 2h04 de duração. Mas, para a minha agradável surpresa, eu nem vi esse tempo passar. A trama te envolve, o protagonista é cativante, o roteiro é bom, e ainda tem uma pegada histórica com a inserção de gravações dos protestos reais na Grécia em 2015.

Quanto à cena final, num primeiro momento eu tive uma certa estranheza, achei que não estava condizente com o ritmo do filme que tinha sido ditado até aquele momento. Mas, depois de refletir um pouco e entender o que de fato aconteceu, eu achei genial. A metáfora utilizada representou perfeitamente a forma como as coisas funcionam na política sem ter que se alongar em cenas maiores ou mais explicativas.

Título original: Adults in the Room
Duração: 2h04
Lançamento: 12 de agosto de 2021
Gênero: drama, biografia
Distribuído por: California Filmes

É isso, gente. Eu vou ficando por aqui, um bom fim de semana pra vocês e um abraço!