Crítica – Jurassic World: Domínio

Jurassic World: Domínio estreia essa semana, o último capítulo da trilogia e que seria o sexto-filme do universo Jurassic Park. Mas será que o filme que fecha o ciclo irá conseguir fazer o mesmo sucesso de seus antecessores? Tomo a liberdade de pedir você a leitor, que dedique um pouco de seu tempo para ler todo o texto, porque o filme tem nuanças que precisam ser descritas com cuidado, talvez o texto fique um pouco maior do que eu costumo fazer.

Primeiramente, quero dizer que Collin Trevorrow, que dirigiu os outros dois filmes da trilogia, foi extremamente conservador em Domínio. É importante dizer isso antes de dar minha visão sobre o filme, já que é justamente esse conservadorismo dele que empatou o meio de campo. Afinal, o filme é bom? É ruim? Collin conseguiu deixar essa pergunta muito mais difícil de responder do que o habitual.

Elenco e atuações

Quero falar primeiro do elenco. O maior acerto de Domínio foi trazer Sam Neil de volta para o elenco. Obviamente que traze de volta Laura Dern e Jeff Goldblum também foi um grande acerto, mas se querem saber, o único que consegue manter a vibe de 1993 é Neil. Talvez por isso, a atuação do trio original, quando juntos, ficasse tão nostálgica. As caras e bocas, o jeito turrão e mal-humorado, mas ao mesmo tempo doce e delicado, foi gostoso reviver isso. O Dr. Ian Malcom de Goldblum continua o mesmo chato e inconveniente, mas dessa vez com uma pitada de no sense. Dr. Ellie continua sendo irresistível e incrivelmente inteligente, e isso foi nostalgia pura sem apelação. Ponto para Collin.

O casal Owen e Claire finalmente pararam de brigar, o que era meio irritante no segundo filme. Agora são de fato um casal e que tem a missão de cuidar de Maisie Lockwood, o clone que apareceu no segundo filme, e agora precisa ser protegida.

A inserção de novos personagens também foi muito interessante, principalmente por DeWanda Wise, que interpreta a piloto de avião Kayla, grande atuação dela também. O que não podemos dizer o mesmo de dois outros novos personagens. Ramsay Cole (Mamoudou Athie) e Dr. Lewis (Campbell Scott) destoam totalmente do restante do elenco, parecendo que estão jogados na história. Aparecem do nada, somem do nada, não tem conexão com os demais membros do elenco, e nem parecem parte da mesma história. E isso é culpa do roteiro, que eu quero gastar mais meu tempo falando dele.

Roteiro

Collin Trevorrow e Emily Carmichael assinam o roteiro, e não me surpreende que o roteiro seja tão confuso, levando em consideração a zona de conforto que Collin escolheu para dirigir um filme dessa importância. Afinal de contas, o hype criado para Domínio fez com que ele gerasse muita expectativa. E não que o filme seja de todo ruim, mas o roteiro dificulta muito para quem gosta de uma boa história.

A relação parental entre Owen, Claire e Maisie é forçada, e num conjunto geral da obra não faz tanto sentido assim, quando consideramos que tudo é parte de um plano maior dos “vilões” do filme.

Não basta ter cenas incríveis dos dinossauros, não basta ter um CGI muito bem-feito, não basta trazer a nostalgia pura e cristalina do trio original, se seu roteiro não vai dar conta disso tudo. E olha, são 2 horas e meia de filme, não foi por falta de tempo, mas sim, por falta de coragem.

O filme aborda temas importantes, como a fome mundial, a falta de alimento, o colapso da economia, mas tudo isso de forma bastante superficial. Vou deixar minha crítica com Spoiler falar mais sobre isso.

O roteiro trata de introduzir várias respostas fáceis para perguntas complexas, subestimando o espectador, como se dar respostas obvias e bobas fosse fazer com que o filme fosse melhor entendido. Não funcionou.

Efeitos e Dinossauros

Agora, se tem uma coisa que funcionou bem foram os dinossauros. Novas espécies foram introduzidas, e agora os dinos habitam o planeta terra em coexistência com a natureza e os humanos. Esse para mim foi o maior acerto de todos do roteiro, até porque, se fosse diferente disso, poderia ser um tiro no pé.

Os novos dinossauros têm correções cientificas importantes, baseadas em estudos de anos em paleontologia, além de conseguirem fazer eles ficarem tão ou mais assustadores que antes. Poderiam ter colocado muito mais dinossauros. Um ponto que senti falta foram mais mortes nos duelos entre dinossauros e humanos, essa é uma característica importante da franquia, mas, é só um detalhe.

Veredito sobre Jurassic World: Domínio

Infelizmente não posso falar abertamente sobre todos os problemas, já que a maioria deles seriam spoilers. Mas nessa crítica sem spoiler posso resumir que Jurassic World: Domínio é um bom filme, mas seus erros não são perdoáveis. Não se deve em hipótese alguma subestimar a inteligência de um público tão cativo quanto de quem gosta de dinossauros e principalmente da franquia. A balança aqui é muito difícil de equilibrar, porque existem poucos acertos, mas que tem um peso muito maior do que a maioria dos erros. Então, decidi ser conservador assim como o diretor do filme, e vou dar nota 8 em 10, considerando que os 2 pontos que faltam têm um peso muito grande nessa escolha. Minha crítica com spoiler com certeza será mais justa comigo mesmo.

Ah, e o T-Rex continua reinando em Jurassic World…