Jurassic World: Recomeço, sétimo capítulo da franquia iniciada por Steven Spielberg em 1993, chega aos cinemas com a promessa de reviver o impacto do clássico original. Sob a direção de Gareth Edwards, o longa acerta ao apostar na nostalgia, no resgate da atmosfera de aventura e tensão, e em sequências grandiosas com dinossauros. Por outro lado, tropeça em personagens esquecíveis e um roteiro simplista.

Um início que conquista pela memória afetiva

Logo de cara, o filme sabe como conquistar os fãs veteranos. Edwards, que já demonstrou domínio sobre criaturas colossais em Godzilla (2014) e Monstros (2010), entrega momentos que evocam diretamente os longas de Spielberg. A trilha sonora original de John Williams surge em instantes estratégicos, arrepiando o público mais nostálgico.

Além disso, o diretor presta homenagens com cenas espelhadas, resgatando enquadramentos, situações e pequenos detalhes clássicos. Para quem leu os livros de Michael Crichton, algumas sequências específicas adaptadas das páginas surgem com competência, finalmente ganhando vida na tela.

Cena-do-filme-Jurassic World Recomeço- Universal Pictures and Amblin Universal Studios
Crédito: Universal Studios

Gareth Edwards em seu território

Se há um ponto em que Jurassic World: Recomeço brilha, esse ponto está na condução visual e atmosférica. Edwards cria tensão usando fumaça, escuridão e composições que escondem e revelam os dinossauros no momento certo. Essa estratégia resgata o terror contido do Jurassic Park original, funcionando não como simples referência, mas como proposta narrativa.

A nostalgia, portanto, não surge à toa. Ela dialoga com o público e reforça o sentimento de encantamento e medo que a franquia sempre ofereceu. Nesse aspecto, a direção de Edwards se revela a melhor escolha possível para o projeto, ainda que sem a mesma força inovadora de 1993.

Roteiro básico e personagens rasos

Por outro lado, o roteiro de David Koepp — também roteirista do clássico de 1993 — joga excessivamente seguro. A história não apresenta grandes surpresas e repete dinâmicas já vistas na franquia. Os personagens carecem de química e desenvolvimento, o que compromete o envolvimento emocional.

Embora Mahershala Ali e Scarlett Johansson entreguem boas atuações, seus papéis são rasos e a interação entre os protagonistas passa despercebida. O vilão corporativo interpretado por Rupert Friend soa previsível, enquanto o núcleo familiar paralelo aparece mais para cumprir tabela do que para acrescentar relevância à trama.

Cena-Foto por Jasin Boland-Universal Pictures -Universal Studios. All Rights Reserved.
Crédito: Universal Studios

Sequências de ação e momentos memoráveis

Se o roteiro decepciona, as sequências de ação compensam. O filme apresenta algumas das melhores cenas de dinossauros desde o original. Momentos como o encontro com o Mosassauro, a caçada dos Pterodátilos e o embate final contra o temido Dementus Rex são visualmente impactantes e mantêm o interesse do público até o desfecho.

Além disso, há referências sutis à franquia clássica. Ambientações que remetem às ilhas originais e cenas que reinterpretam momentos históricos da saga ajudam a fortalecer a conexão emocional com os fãs.

Jurassic World Recomeço capa
Crédito: Universal Studios

Vale a pena assistir Jurassic World: Recomeço?

Para quem busca nostalgia, ouvir novamente a trilha de John Williams e se emocionar com dinossauros na telona, o filme entrega o que promete. Jurassic World: Recomeço não reinventa a franquia, mas oferece o suficiente para entreter, resgatar memórias e reacender o carinho pelos clássicos. É uma produção feita para quem deseja recordar o que foi bom, mesmo sem atingir o impacto monumental de 1993.

Disponível nos cinemas, o longa vale pelo espetáculo visual e pela direção inspirada de Gareth Edwards, provando que, apesar dos tropeços, dinossauros ainda merecem espaço na telona.